Sem espaços para histeria

29 de março de 2019 às 0h01

img
Créditos: REUTERS/Adriano Machado

A mineração representa, para o município de Mariana, 85% de suas receitas e, desde a paralisação da Samarco, há pouco mais de três anos, uma sucessão de problemas, agora agravados pelo anúncio de que as atividades da Mina da Alegria, também da Vale, estão suspensas.

Em reação ao anúncio, o município, que foi a primeira cidade e primeira capital mineira, decretou estado de calamidade e imediata suspensão de alguns serviços básicos, inclusive na área da saúde. Foi o “golpe de misericórdia”, resumiu o prefeito local, que, como a população, não consegue mais enxergar um futuro para a cidade.

Como já foi dito neste espaço, é preciso atentar para a gravidade da situação e para os riscos representados também pela excessiva dependência da economia regional com relação às atividades minerárias.

Olhar a questão por este lado, como também já foi dito, não significa desdenhar a segurança, não significa em nenhum momento relaxar em relação aos problemas que, ainda há pouco, em Brumadinho, ganharam proporções de tragédia.

Cautela e responsabilidade são imperativos, é evidente, mas são atitudes que igualmente impõem um olhar sobre os danos colaterais que, como já foi apontado em estudos da Federação das Indústrias, de imediato afetam municípios mineradores e, numa espécie de efeito dominó, em pouco tempo poderão afetar toda a economia regional, ameaçando empregos às centenas de milhares, atividades econômicas e, finalmente, a arrecadação, tudo isso num contexto em que as finanças estaduais já se encontram em situação de grave desequilíbrio.

Diante de ameaças – e danos – de tão grandes proporções espera-se agilidade e objetividade, fundadas em análises consistentes e não somente em impulsos que na prática sugerem, além de um certo grau de histeria, algo como uma simplificação que ao fim e ao cabo pode representar prejuízos muito maiores.

Não correr riscos necessariamente não é melhor que enfrentar riscos, que são próprios da atividade, mas podem perfeitamente ser contidos dentro de limites de segurança. A alternativa, está demonstrado, e bem ilustrado no que se passa em Mariana presentemente, não pode estar em cogitação. Em termos bem práticos, trata-se de construir soluções e não de tornar o problema ainda maior.

Foi com este objetivo, exatamente, que o governador Romeu Zema, acompanhado do presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, esteve em Brasília no início de semana para reuniões com o presidente da Agência Nacional de Mineração (ANM) e outras autoridades.

Espera-se que de alguma forma tragam de volta algum alívio para Mariana, para Brumadinho e para os demais municípios mineradores, em que as incertezas se aproximam do limite do insuportável.

Tags:
Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

Siga-nos nas redes sociais

Comentários

    Receba novidades no seu e-mail

    Ao preencher e enviar o formulário, você concorda com a nossa Política de Privacidade e Termos de Uso.

    Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

    Siga-nos nas redes sociais

    Fique por dentro!
    Cadastre-se e receba os nossos principais conteúdos por e-mail