Original, criativa e identitária, a culinária de Minas Gerais é uma das estrelas da política pública de atração de turistas para o Estado. Homenageada pelo Festival Madrid Fusion, em 2013, a cozinha mineira agora batalha para ser reconhecida como patrimônio cultural do Brasil e do mundo.
Um grande passo nessa direção foi dado sexta-feira (19), com o lançamento do Plano Estadual de Desenvolvimento da Cozinha Mineira. A iniciativa integra o Programa Estadual de Desenvolvimento da Gastronomia Mineira (PEGM) e propõe a implantação de políticas públicas e privadas voltadas para a gastronomia mineira.
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São 72 iniciativas, com o valor total estimado em R$ 163 milhões, para serem executadas de 2021 a 2024.
Um dos objetivos principais é criar instrumentos técnicos que auxiliem no reconhecimento da cozinha mineira como patrimônio cultural do Estado de forma ampla e participativa.
A elaboração do atlas da cozinha mineira permitirá o mapeamento, a identificação e valorização de produtos, alimentos, pessoas e modos de fazer de uma infinidade de bens culturais que compõem os sabores e as práticas da cultura alimentar estadual.
Dossiê
De acordo com a presidente do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG), Michele Arroyo, o reconhecimento é uma oportunidade de, através da história e das tradições, construir um futuro mais justo para a população de Minas Gerais.
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Ressaltando a importância do reconhecimento da cultura alimentar como patrimônio do Estado, ela explicou que a ideia é reconhecer todo o processo econômico e social que envolve o alimento.
Ainda segundo a presidente do Iepha-MG, até o fim do ano será feito o reconhecimento no âmbito estadual e, em seguida, a busca pelo reconhecimento no Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e na Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).
“A ideia é elaborar o dossiê identificando os principais produtos e desenvolver. O Atlas da cozinha mineira é um instrumento dinâmico para mostrar a cadeia produtiva dos alimentos estruturantes da nossa cadeia alimentar, fomentando o turismo de experiência. Por meio da nossa tradição, da nossa cultura, vamos trazer o desenvolvimento econômico e social em uma vertente limpa e sustentável”, explicou Michele Arroyo.
A avaliação do coordenador da Frente da Gastronomia Mineira, Ricardo Rodrigues, caminha no mesmo sentido.
“Somos o estado da gastronomia, Belo Horizonte é a capital da gastronomia criativa reconhecida pela Unesco. O reconhecimento da cozinha mineira como patrimônio é fundamental. A gastronomia é um indutor da nossa economia. Isso vem de uma forma natural. Temos muito o que oferecer, ajudar ao Estado na retomada pós-pandemia”, destacou Soares.
Iniciativas
De acordo com informações da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult), 30% do turismo no Estado vem da gastronomia. Os dados mostram ainda que, em 2019, foram gerados R$ 20 bilhões a partir da cozinha mineira, com mais de 4 mil restaurantes fora de Minas dedicados à culinária mineira.
Entre as iniciativas estão a criação de uma linha de financiamento, via Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), para micro e pequenas empresas com condições e recortes específicos para o setor de gastronomia.
“É possível entrelaçar Minas Gerais por todos os circuitos, a partir da cozinha mineira, mostrando o modo de fazer, o modo de comer, o modo de estar, as festas, enfim, todo o aparato que é a cozinha mineira”, afirmou o secretário de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, Leônidas Oliveira.
Grupos de trabalho
Foram criados cinco grupos de trabalho para a condução do PEGM, divididos pelos temas: Plano Estadual de Desenvolvimento da Gastronomia; Fortalecimento Institucional da Cadeia Produtiva; Inovação e Pesquisa; Gastronomia Social e Cultura Alimentar; Promoção, Divulgação e Internacionalização da Gastronomia Mineira.
Presente no lançamento, o governador Romeu Zema (Novo) destacou a importância do Programa para consolidar Minas como um destino turístico interessante, além da geração de empregos e renda no Estado.
“Tenho certeza de que empregos serão gerados. Ficamos entre os 10 destinos mais hospitaleiros e muito disso se deve à gastronomia. Que este projeto frutifique, em todos os cantos de Minas, trazendo mais turistas, divulgando a nossa cultura. Para mim é um orgulho termos algo que é da nossa terra e que nos distingue de outros estados”, completou Zema.
Projeto conta com o apoio do Sistema Fecomércio
Resultado de um intenso debate e troca de informações ao longo do ano de 2020, o ‘Plano Cozinha Mineira’ envolveu 20 entidades públicas e privadas do Estado.
Essas instituições, que formaram o grupo gestor do projeto, reuniram-se para revisar a primeira versão do Programa Estadual de Desenvolvimento da Gastronomia Mineira (PEGM), que compreende o período de 2018 a 2021, e elaborar o documento final do programa.
Nesta fase de revisão, o governo estadual criou cinco grupos de trabalho, divididos entre os seguintes temas: Plano Estadual de Desenvolvimento da Gastronomia; Fortalecimento Institucional da Cadeia Produtiva; Inovação e Pesquisa; Gastronomia Social e Cultura Alimentar; Promoção, Divulgação e Internacionalização da Gastronomia Mineira.
Entre os envolvidos nestes grupos estão: as secretarias estaduais de Cultura e Turismo; de Agricultura, Pecuária e Abastecimento; e de Desenvolvimento Econômico; além do Sistema Fecomércio MG, Sesc e Senac; Iepha-MG; Fundação João Pinheiro; BDMG; Codemge; IMA; Epamig; Fapemig; Servas; Emater-MG; Frente Mineira da Gastronomia; Fiemg; Sebrae-MG; Abrasel-MG e Faemg.
A analista de turismo da Fecomércio MG, Milena Soares, enaltece a construção do plano. “Em janeiro, Minas Gerais foi escolhido um dos 10 destinos mais hospitaleiros do mundo, segundo ranking da Booking.com. Por sua diversidade e experiência inigualável, a cozinha mineira certamente colaborou para essa e tantas outras conquistas. Por isso, ver nossa gastronomia reconhecida como patrimônio cultural só fortalece ainda mais as atividades turísticas em Minas.”
Além da expertise do Núcleo de Negócios Turísticos da Federação, o Sistema possui um projeto de valorização da gastronomia mineira: o ‘Primórdios da Cozinha Mineira’.
O programa educacional, elaborado pelo Senac em Minas, foi criado para resgatar e dar novos usos a hábitos, técnicas e produtos alimentares dos primeiros habitantes de Minas Gerais. A iniciativa também desvenda a cultura culinária do Estado, gera renda e valor para o produto local e seus produtores.