Oficialmente a estação começa apenas em 21 de junho, mas o friozinho dos últimos dias já deixa turistas e empresários da cadeia produtiva do turismo animados com a nova temporada.
Em Minas Gerais, as montanhas já oferecem o cenário ideal para dias de caminhadas e esportes sem suor, comidinhas quentinhas, bebidas artesanais com o legítimo “terruai” mineiro – da cachaça ao vinho – e um certo romantismo para os mais apaixonados, em diferentes regiões do Estado.
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Em Santana dos Montes, na região Central, a Fazenda Paciência recuperou os ares coloniais para receber turistas do Brasil inteiro. Construída pelo Barão de Queluz, ela tem 200 hectares e 3.000 metros de área construída. São seis apartamentos e o hotel oferece pensão completa (café da manhã, almoço e jantar).
De acordo com o atual proprietário da Fazenda Paciência, Vinícios Leôncio, apesar da região ter uma boa ocupação turística durante o ano todo, o inverno é a época de maior movimentação.
Como atração especial, o hotel promove o Festival de Fondue e Queijos a partir do dia 12 de junho e, em julho, as festas “julinas” vão animar as noites na fazenda. A Paciência guarda ainda algumas peculiaridades como uma cachaçaria decorada com 4 mil discos de vinil e a Pedra do Amor. Diz a lenda que a pessoa que se sentasse na pedra arrumaria um amor. E, ainda, um túnel, que possivelmente escondeu os inconfidentes, foi descoberto há pouco tempo e já está em pesquisa por arqueólogos.
“O frio, que este ano promete ser forte, é uma excelente época para aproveitar o que a região pode oferecer no contato com a natureza e com a cultura mineira. Investimos muito em gastronomia e criamos um cardápio africano. Queríamos abrir a possibilidade das pessoas conhecerem um pouco mais profundamente a comida de Moçambique e Angola. Nós somos herdeiros dessa cultura, mas conhecemos pouco as nossas origens. Essa é, também, uma região pródiga em águas. Cuidamos e monitoramos muito o uso desse recurso. Fomos uma das primeiras fazendas a ter uma estação de tratamento de esgoto há mais de 20 anos”, explica Leôncio.
Monte Verde
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Um dos destinos de inverno mais famosos do Brasil, Monte Verde, distrito de Camanducaia, no Sul de Minas, comemora o fim das restrições de locomoção e uso de máscaras e já está pronta para receber os turistas.
Segundo a presidente da Agência de Desenvolvimento de Monte Verde e Região (Move), Rebecca Wagner, a cidade estava lotada no último fim de semana e as vagas para o feriado de Corpus Christi, entre 16 e 19 de junho, já estão no fim.
“Comemoramos finalmente poder andar sem máscaras. Fizemos uma retomada muito consciente e ficamos pouco tempo fechados. Temos como vantagem ser um lugar de turismo de natureza, feito com grupos pequenos. A temporada de inverno já começou. Vamos ter eventos a partir do dia 11 de junho. O Amor nas Montanhas acontece em junho e o Festival Inverno nas Montanhas, em julho. O inverno é uma temporada que se estende. Aqui, a noite é sempre fria, ninguém dorme sem cobertor. Então as pessoas podem vir em qualquer época do ano. Temos quase 10 mil leitos, sem falar nas casas de aluguel, e nosso problema agora é falta de mão de obra, temos pelo menos 150 vagas abertas em Monte Verde”, destaca Rebecca Wagner.
Outras opções de inverno
E mesmo destinos que não são tão caracterizados pelo frio, como Capitólio, às margens do Lago de Furnas, também se alegram com a chegada da estação. Para o secretário de Turismo e Cultura de Capitólio, Lucas Arantes Barros, a cidade é perfeita para quem quer curtir as delícias do frio, sem chuva e com boas condições de mobilidade.
“As pessoas não se lembram que parte do nosso território está sobre a Serra da Canastra e que isso já garante o frio. Temos, nessa época, uma procura principalmente pelo pessoal dos esportes de aventura, porque não chove. A cidade oferece uma diversidade muito grande de hospedagem, são vários hotéis com piscinas aquecidas e lareiras. Temos uma culinária típica mineira e produtos artesanais como o queijo e o café, com visitação nas fazendas produtoras. O inverno é a época das fotos mais bonitas, sem chuvas e céu azul. Sem falar que os passeios no lago continuam. As cachoeiras ficam mais acessíveis com menor fluxo de água. E tem o balonismo que as pessoas adoram. No verão, muitas vezes o balão não sai por causa da condição climática. Estamos perto de retomar os patamares de visitação de 2019, mas o que percebemos agora é que as reservas têm sido mais próximas da data. A maior dificuldade dos turistas é mesmo a crise econômica”, completa Barros.
Turismo de experiência
A queda das temperaturas faz bem aos negócios até de quem não trabalha diretamente com o turismo. A Cana Brasil, em Itaverava, também na região Central, escola que oferece cursos de formação para curiosos e quem quer trabalhar no setor de destilarias, é um exemplo. É na época mais fria do ano – entre abril e novembro – que acontece a safra da cana. Esse é o período mais disputado pelos alunos, que podem acompanhar todo o processo, do plantio à entrega da bebida. Os cursos de três ou cinco dias dão a opção de hospedagem na própria fazenda.
O diretor da Cana Brasil, Arnaldo Ribeiro, destaca que a profissionalização do setor e os prêmios conquistados têm feito muita gente ficar curiosa. A ideia é formatar um serviço de visitas à fazenda.
“As pessoas querem conhecer o processo de produção e viver a experiência da fabricação e o inverno propicia a experiência completa. Os cursos são presenciais, então durante a pandemia tudo ficou muito restrito. Agora estamos retomando o ritmo. Por enquanto só hospedamos os alunos, mas o turismo de experiência também está nos nossos planos”, anuncia Ribeiro.