Bolsa reduz tarifas para atrair mais investidores

São Paulo – A B3 anunciou ontem a redução da tarifas cobradas para investimentos no mercado de ações e de balcão, em uma iniciativa que tem por objetivo atrair mais investidores para o mercado financeiro.
Dentre as principais mudanças estão a isenção do custo fixo de manutenção da conta (que atualmente está em R$ 110 ao ano para investidores locais) e a isenção da tarifa de custódia para os investidores com menos de R$ 20 mil, situação que beneficiaria 65% dos investidores com conta.
Segundo a B3, se as novas tarifas estivessem valendo, ela teria tido receita R$ 250 milhões menor no ano passado.
Essas taxas, na prática, já não são cobradas de investidores, mas pagas pelas corretoras à B3. Segundo o presidente da Bolsa, Gilson Finkelsztain, a medida deve ajudar corretoras a atrair mais investidores.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
“Isso elimina as restrições orçamentárias de corretoras e pode ser um estímulo significativo para a atração de clientes. Além disso, as mudanças também impactam investidores institucionais e pessoas jurídicas”, disse em teleconferência para detalhar a redução de taxas.
No último ano, o número de investidores na B3 mais que dobrou. Em dezembro de 2018, a Bolsa tinha 813 mil investidores e fechou 2019 com 1,7 milhão.
Além disso, outras medidas como a diminuição automática de tarifas conforme o aumento do volume investido, a equalização de taxas entre os diferentes investidores, o estímulo a operações de empréstimos de ativos e uma tabela específica para grandes day traders (que fazem a negociação ativos ao longo do dia), também estão entre as alterações.
Em dezembro, Finkelsztain já havia sinalizado que a companhia estudava formas de desonerar as taxas impostas às corretoras para atrair pessoas físicas ao mercado de capitais. Além do cenário macroeconômico mais positivo e propício para a Bolsa de Valores, o movimento também vem em um momento de esforços conjuntos entre a própria B3 e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para fomentar uma maior competição no segmento.
Segundo o presidente da B3, ainda que essas mudanças impliquem em uma redução de receita no curto prazo para a companhia, o aumento da base de investidores mitigaria esses efeitos no médio e longo prazo.
“Esse aumento virá de diversas frentes, mas, principalmente, de três: do maior volume de pessoas físicas que começarão a operar no mercado acionário, do maior volume que fundos locais continuarão a ter na captação para multimercados e de ações e também do maior volume que esperamos capturar de investidores estrangeiros”, disse.
Para ele, o momento mais favorável ao mercado de capitais diante da agenda de reformas do governo e do cenário de inflação sob controle e juros na mínima histórica tem sido os catalisadores do setor. O Ibovespa, o principal índice de ações do Brasil, se valorizou 32% em 2019.
“O nosso objetivo não é maximizar a receita de curto prazo da companhia, mas fortalecer o mercado de capitais no médio e longo prazo, dando abertura para a possibilidade de mais investidores entrarem. Estamos fazendo isso agora porque a B3 é uma empresa cuja receita aumenta em função do maior volume de negócios e não proporcionalmente os custos”, afirma.
Ainda de acordo com o executivo, as alterações serão implementadas ao longo de 2020, mas a expectativa é de que até o final do primeiro semestre, ao menos todas as mudanças voltadas para pessoas físicas já estejam em vigor.
“Ainda precisamos finalizar as adaptações no sistema da B3, mas a ideia é que esse cronograma seja antecipado assim que tivermos o ‘ok’ dos participantes do mercado”, completa Finkelsztain.
Concorrência – Sobre a maior competição no mercado, Finkelsztain afirmou que já considera a B3 uma empresa “muito competitiva” e que tem trabalhado, junto ao regulador, para equalizar a regulação e permitir uma “real competição” entre a companhia e as Bolsas estrangeiras.
“Temos tentado atacar o tema de exportação de mercado. Esse é o nosso maior empecilho e entendemos que, para isso, não pode ter uma arbitragem regulatória. É isso que precisamos preservar para sermos tão competitivos quanto lá fora”, disse.
As discussões em torno da concorrência com o exterior ganharam força quando a XP optou por abrir capital na Nasdaq, Bolsa de tecnologia dos Estados Unidos.
No mesmo dia em que a XP começou a ser negociada na Nasdaq, a CVM colocou em consulta pública um edital que estuda ampliar o acesso de investidores estrangeiros a Bolsas estrangeiras. A ideia é possibilitar que qualquer investidor, e não apenas o qualificado (que detém mais de R$ 1 milhão em aplicações financeiras) possa comprar BDRs (recibos de ações estrangeiras negociadas no Brasil).
A expectativa é de que a medida abra espaço também para a regulamentação de uma dupla listagem – a qual permitiria que companhias que optaram por abrir capital em outro país pudessem também fazer IPO no Brasil.
“Já temos concorrência em mercados do mundo inteiro e fizemos um trabalho minucioso para que o modelo de tarifação esteja mais adequado ao que acreditamos ser a perspectiva de crescimento. O foco não é na concorrência, mas no cliente”, completou Finkelzstain. (Folhapress)
Ibovespa renova máxima na primeira sessão do ano
São Paulo – O Ibovespa iniciou 2020 renovando máximas, com investidores otimistas diante da definição de uma data para assinatura da primeira fase do acordo comercial entre EUA e China, em sessão também marcada por salto dos papéis da B3.
Após ter acumulado ganho de 31,5% em 2019, o Ibovespa encerrou ontem em alta de 2,53%, a 118.573,10 pontos, na máxima da sessão. O giro financeiro do dia somou R$ 21 bilhões.
O movimento veio após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmar que a assinatura de um acordo comercial de primeira fase com a China ocorrerá dia 15 de janeiro na Casa Branca, animando investidores preocupados com uma desaceleração econômica global.
“O fato de (a assinatura do acordo) deixar de ser uma expectativa para uma realização concreta é motivo suficiente para animar os investidores”, afirmou Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe da Levante Investimentos em comunicado.
Também repercutiu a medida do banco central da China de cortar depósito compulsório em 50 pontos-base a partir de 6 de janeiro, o que liberará 800 bilhões de iuanes (US$ 114,9 bilhões) para dar suporte à economia.
No plano doméstico, o destaque foi o número de emplacamentos de carros em 2019, 8,65% mais do que no ano anterior, no melhor desempenho desde 2014. A previsão para 2020 é de alta de 9,6% nas vendas de veículos novos, segundo a Fenabrave.
Também ontem foi divulgada a terceira prévia do Ibovespa, com as entradas de Carrefour Brasil, Hapvida, Cia Hering e SulAmerica, além de Totvs. A nova composição do índice começará a valer a partir da próxima segunda-feira.
Destaques – B3 saltou 5,79%, após anunciar redução e simplificação de tarifas em meio a planos da Comissão de Valores Mobiliários para fomentar competição no setor.
Bradesco PN avançou 3,7%, acompanhando o movimento positivo do setor bancário. Itaú Unibanco PN subiu 2,56% e Santander UNT ganhou 2,85%.
Vale ON valorizou-se 1,93%, reaproximando-se do patamar anterior ao rompimento da barragem de Brumadinho, há pouco menos de um ano.
Petrobras ON e Petrobras PN subiram 2,5% e 1,7%, respectivamente.
Das empresas que irão fazer parte do Ibovespa, Totvs ON subiu 7,13%. Carrefour Brasil ganhou 2,48%, Hapvida teve alta de 3,97%, enquanto Cia Hering e SulAmérica valorizaram-se 1,53% e 4,02%, respectivamente.
Dólar – O dólar subiu na primeira sessão de 2020, fechando acima de R$ 4,02 e quebrando uma série de quedas que derrubou a cotação no fim do ano passado ao menor patamar desde o começo de novembro.
O dólar interbancário fechou em alta de 0,32%, a R$ 4,0258 na venda. Na B3, o dólar futuro tinha variação positiva de 0,04%, a R$ 4,0255. No exterior, o índice do dólar frente a seis rivais tinha alta de 0,43%
O ajuste para cima ocorreu em sintonia com o movimento externo, onde a moeda também passava por correção após seguidas baixas. Um índice do dólar contra uma cesta de divisas havia caído recentemente ao menor patamar desde julho.
O início desta sessão foi de dólar entre estabilidade e leve baixa, com a moeda recuando a R$ 4,0047 na venda na mínima do dia. Mas por volta de 10h as compras ganharam tração até que, em torno de 14h, o dólar alcançou a máxima do dia (R$ 4,0418 na venda). (Reuters)
Ouça a rádio de Minas