Finanças

Estrangeiros voltam ao mercado de dívida

Estrangeiros voltam ao mercado de dívida
Crédito: REUTERS/Adriano Machado

Brasília – Os investidores estrangeiros estão voltando com força ao mercado de dívida pública do Brasil, disse o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, à Reuters, na esteira da recuperação dos ativos financeiros locais desde que o governo propôs novas regras fiscais há duas semanas.

Ceron disse que o governo espera dobrar a participação estrangeira na dívida pública interna para cerca de 20% até 2026. Ele citou a demanda que chegou a superar em quatro vezes a oferta da semana passada de US$ 2,25 bilhões em títulos soberanos, a primeira do Brasil desde 2021, como evidência do renovado apetite estrangeiro.

“A emissão externa prova isso de forma clara. A gente sente nos nossos leilões a presença de não residentes de forma mais forte”, afirmou.

O governo Luiz Inácio Lula da Silva anunciou no final de março o esperado arcabouço fiscal, para substituir o teto de gastos, regra que ficou desacreditada após sucessivos descumprimentos. Desde então, a curva de juros do país melhorou acentuadamente, com a taxa do contrato futuro de juros mais líquido, com vencimento em janeiro de 2025, caindo para 11,790%, ante mais de 13% há dois meses.

A confiança nas novas regras fiscais, junto com a redução da inflação e uma melhora nas perspectivas globais, também impulsionou a moeda brasileira para seu nível mais forte em dez meses, enquanto o Ibovespa subiu quase 5% até agora este mês.

Ceron disse que o novo quadro fiscal sinaliza uma trajetória de estabilização da dívida pública, proporcionando “muito alívio” aos mercados, embora os críticos ainda questionem a intensidade e o prazo de entrega do ajuste fiscal projetado. A nova estrutura fiscal será apresentada na próxima semana ao Congresso, disse Ceron.

Fluxo

Dados do Banco Central apontam que o Brasil registrou fluxo cambial total positivo de US$ 2,553 bilhões em abril até o dia 6, favorecido pela entrada de moeda tanto pela via comercial quanto pela financeira, após encerrar março com entradas líquidas de US$ 3,580 bilhões.

Os dados mais recentes são preliminares e fazem parte das estatísticas referentes ao câmbio contratado.

Pelo canal financeiro, houve entradas líquidas de US$ 1,061 bilhão em abril até o dia 6 –o período corresponde à primeira semana do mês, que foi mais curta em função do feriado de Páscoa, na sexta-feira. Por este canal são realizados os investimentos estrangeiros diretos e em carteira, as remessas de lucro e o pagamento de juros, entre outras operações.

O destaque na via financeira ficou por conta do dia 4 de abril, terça-feira, quando o País recebeu US$ 724 milhões líquidos.

Embora a primeira semana do mês tenha tido um dia útil a menos, o fluxo pela via financeira foi positivo, após duas semanas consecutivas de saída líquida de dólares.

Este resultado financeiro semanal ocorre em um momento em que o dólar vem perdendo valor ante o real, na esteira de uma percepção positiva em relação ao novo arcabouço fiscal, apresentado pelo governo, e com muitos investidores estrangeiros aproveitando o diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos para internalizar a moeda norte-americana.

Pelo canal comercial, o saldo de abril até o dia 6 foi positivo em US$ 1,492 bilhão.

No acumulado do ano até 6 de abril, o Brasil registra fluxo cambial total positivo de US$ 15,077 bilhões. No mesmo período do ano passado, o fluxo estava positivo em US$ 9,419 bilhões.

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