Agricultores que adotam ILPF terão linhas diferenciadas

30 de setembro de 2020 às 0h09

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Crédito: Divulgação

Os agricultores brasileiros, que adotam estratégias de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), terão acesso a linhas de crédito facilitadas de acordo com o nível de sustentabilidade das propriedades rurais. O lançamento do Saff Sustainable Agriculture Finance Facility (Financiamento Facilitado para Agricultura Sustentável) ocorreu ontem.

O Saff é o primeiro mecanismo financeiro constituído pela Rede ILPF que visa promover a maior adoção de sistemas ILPF no Brasil. A iniciativa é uma parceria público-privada entre Embrapa, Bradesco, Ceptis, Cocamar, John Deere, Soesp e Syngenta, que formam a Associação Rede ILPF, além do Instituto Brasileiro para o Desenvolvimento e Sustenabilidade (IABS) e JPG Asset Management.

O primeiro critério para acessar o fundo será o monitoramento e a aprovação da propriedade pela sistemática TrustScore. Isto é, apenas as fazendas que alcançam uma pontuação mínima é que poderão obter o financiamento. Depois, quanto maior índice de sustentabilidade no TrustScore, menores serão os juros para fazendas que produzem com estratégias de ILPF.

A tecnologia TrustScore é brasileira, inovadora e foi desenvolvida pela Ceptis Agro para medir a sustentabilidade das fazendas produtoras. O Saff disponibilizará cerca de US$ 68 milhões no primeiro ano, sendo US$ 62 milhões em crédito para o produtor e US$ 6 milhões para financiamento de programas de certificação, pesquisa, transferência de tecnologia assistência técnica e certificação. O incremento ao fundo acontecerá progressivamente, ano a ano, podendo chegar a US$ 1,4 bilhão em 2026.

O SAFF foi um dos projetos selecionados em 2020 pela Global Innovation Lab for Climate Finance (Lab), um programa de aceleração de opções de investimento que mobilizem recursos para o desenvolvimento sustentável em mercados emergentes. O objetivo é ampliar a adoção da ILPF no Brasil por meio de uma combinação de linhas de crédito acessíveis, certificação e assistência técnica especializada.

O projeto-piloto será implantado até julho de 2021 e vai abranger propriedades de sete estados brasileiros: Paraná, São Paulo, Bahia, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, totalizando 90 mil hectares.

“Hoje, o Brasil possui 16 milhões de hectares com sistemas ILPF e a nossa meta é chegar a 30 milhões até 2030. O Saff, sem dúvidas, será uma ferramenta importante para conseguimos sucesso nesse objetivo”, explica o pesquisador da Embrapa e presidente do Conselho Gestor da Rede ILPF, Renato Rodrigues.

A ILPF é uma estratégia que combina diferentes culturas em uma mesma área de produção, o que resulta em benefícios diretos para o produtor e para o meio ambiente, como a redução da emissão de gases de efeito estufa, o uso eficiente do solo e insumos, a restauração de pastagens degradadas e preservação da biodiversidade. José Pugas, sócio da Ceptis Agro, avalia que a criação do Saff vai estimular os produtores que querem fazer a integração em suas fazendas.

“O Saff busca facilitar o acesso a crédito e disponibiliza outros benefícios para o produtor, fazendo com que ele consiga melhorar cada vez mais a sustentabilidade da sua produção, em menos tempo”, disse.

Para verificar o cumprimento dos critérios de sustentabilidade das propriedades, Rede ILPF, por meio da Ceptis Agro, que é uma de suas associadas, usará o TrustScore como a tecnologia que será utilizada para medir e monitorar a conformidade das fazendas. O TrustScore é uma ferramenta de MRV (Monitoring, Reporting and Verification) para finanças verdes no agronegócio. O sistema é inovador e o único capaz de verificar e acompanhar, em tempo real, mais de 120 critérios ambientais, econômicos e sociais das propriedades.

Futuramente, os agricultores que utilizam a ILPF poderão pagar parte de seus empréstimos por meio da emissão de créditos de carbono, que serão avaliados e comercializados pelo Saff ou absorvidos pelos investidores finais.

De acordo com estudos realizados para a criação do fundo, a implementação pode mitigar a emissão de 2,5 milhões de toneladas de gás carbônico em 10 anos.

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