Fundecitrus prevê queda de 25% na safra do cinturão citrícola de SP e MG

12 de maio de 2020 às 0h09

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Crédito: Pedro Crusiol

São Paulo – A safra de laranja do cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste de Minas Gerais, principal região produtora para a indústria exportadora de suco, deverá cair cerca de 25% na temporada 2020/21, estimou ontem a instituição Fundecitrus, apontando o Covid-19 como um desafio adicional neste ano para a colheita.

A produção deverá atingir 287,76 milhões de caixas de 40,8 quilos de laranja, disse Lourival Monaco, presidente do Fundecitrus, cuja pesquisa apontou problemas climáticos na época das floradas, no segundo semestre do ano passado, como a causa da esperada redução da safra, que começa a ser colhida em junho.

Apesar das preocupações econômicas com o coronavírus, é de se esperar que os preços da laranja aumentem, com uma safra no Brasil que também deverá ser 12,5% menor na comparação com a média dos últimos dez ciclos, comentou o professor da USP e da FGV Marcos Fava Neves, coordenador metodológico da pesquisa e que também participou da divulgação do levantamento.

O Brasil é o maior exportador global de suco de laranja, tendo na Europa seu principal cliente, seguida dos Estados Unidos.

“É difícil prever. Do lado positivo (para preços) tem menos frutas, temos consumo de suco aumentando e tem o câmbio que está favorável (à exportação)”, disse Fava Neves, comentando ainda que, se a demanda de suco por um lado caiu com o fechamento de restaurantes, de outro o consumidor de maneira geral redescobriu a laranja como um produto que pode oferecer resistência imunológica.

No campo, o gerente-geral do Fundecitrus, Juliano Ayres, disse que a pandemia do coronavírus é encarada como um desafio, mas que a indústria está preparada para vencê-lo.

“Desafio não só para o Brasil, São Paulo, estamos preparados, existe preocupação grande, mas todos estão usando EPIs, máscaras, higienização, temos menos pessoas no transporte e o cuidado é extremo”, comentou ele, acreditando que o setor conseguirá “passar esse momento, fazendo a colheita” com todas as normas de segurança e prevenção.

“É um momento único, enfrentar esse Covid e se manter em pé não é tarefa fácil. Acreditamos que a citricultura vai continuar vencendo seus desafios fitossanitários, como também o coronavírus”.

“Estamos preocupados com as dificuldades, mas todas estão sendo vencidas pela organização dos produtores, que se ajustam às mudanças necessárias”, completou Monaco, presidente do Fundecitrus.

Clima desfavorável – Ayres explicou que o clima desfavorável é um dos principais motivos por trás da menor safra de laranja esperada. Ayres comentou que, devido ao tempo quente em meses como outubro, muitos frutos da primeira florada se perderam.

“Com temperaturas elevadas, a primeira florada foi comprometida fortemente”, disse ele, ao apresentar os dados em uma conferência.

O especialista comentou ainda que é uma “safra pequena considerando o potencial produtivo dos pomares, mas isso ocorre devido ao ciclo bienal da laranja”.

“Como a safra passada foi alta, a reserva nutricional das plantas neste ano é menor. Somado a isso, tivemos as condições climáticas desfavoráveis verificadas durante a fixação e a primeira fase de crescimento dos frutos”, acrescentou Ayres.

O especialista também pontuou condições climáticas desfavoráveis em março e abril de 2020, que atingiram os frutos já em estágio mais avançado de desenvolvimento.

De acordo com dados da Somar Meteorologia citados pelo Fundecitrus, o volume acumulado de chuva nesse período não chegou sequer à metade da média histórica (1981-2010) e restringiu o crescimento dos frutos.

Do total estimado, 245,15 milhões de caixas são de frutos de primeira e segunda floradas (85,2% do total), 34,64 milhões de caixas de terceira florada (12%) e 7,97 milhões de caixas de quarta florada (2,8%).

O tempo seco em março e abril de 2020 restringiu o crescimento dos frutos, que devem permanecer menores até a colheita, segundo o Fundecitrus. (Reuters)

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