Floricultura: Vendas on-line e delivery para salvar Dia das Mães

7 de maio de 2020 às 0h10

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A crise desencadeada pela pandemia causou o fechamento de 30% das floras da RMBH | Crédito: Charles Silva Duarte/Arquivo DC

O setor de plantas e flores em Minas Gerais está recorrendo às vendas on-line e ao delivery para reduzir os prejuízos e atender a demanda do Dia das Mães, considerada a melhor data de vendas para o segmento, após o fechamento das lojas físicas para o controle do novo coronavírus.

Mesmo com a alternativa, a estimativa é de que as vendas fiquem 70% menores em relação à mesma data do ano passado.

A crise gerada pela pandemia prejudicou significativamente o setor e já provocou o fechamento de cerca de 30% das floras localizadas na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). A situação pode se agravar, caso a crise se prolongue.

A expectativa do setor é de que o Estado e os municípios permitam o mais rápido possível – mantendo as recomendações dos órgãos de saúde – a reabertura do comércio de flores, que, em Minas Gerais, foi classificado na onda um – baixo risco – no Programa Minas Consciente, lançado pelo governo estadual para promover a reabertura gradual e segura dos estabelecimentos, conforme avaliação dos prefeitos. Apesar de inclusa na onda um, ainda não foi definida uma data pelo governo para a retomada da atividade.

Na última semana, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) atendeu um pedido da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e recomendou a reabertura, nos estados e municípios de todo o País, das floriculturas e garden centers até meados de maio diante da demanda por estes produtos em comemoração ao Dia das Mães.

Apesar da recomendação do Mapa, em vários municípios, como Belo Horizonte, por exemplo, a reabertura não foi permitida.

Segundo o presidente da Associação de Distribuidores e Produtores de Flores e Plantas de Minas Gerais, Flávio De Assis Vieira, para reduzir os prejuízos e tentar garantir um faturamento mínimo, muitas empresas do setor estão investindo nas vendas pela internet, mídias sociais e no delivery.

“Alguns produtores e lojistas que conseguiram fazer esta adaptação estão com boas expectativas em relação à data comemorativa, porém, a estimativa é de que o faturamento do setor fique cerca de 70% abaixo do registrado no ano passado. Além dos estabelecimentos estarem fechados, a renda da população está menor, o que deve interferir nas vendas”, explica Vieira.

Situação crítica – Vieira destaca que a situação do setor produtivo de flores e plantas é crítica. Com estabelecimentos fechados e eventos cancelados, muitos produtores têm optado por passar o trator nas plantações, o que fica mais barato do que manter os tratos culturais. Além disso, das mais de 400 floras instaladas na RMBH, cerca de 120 ou 30% encerraram as atividades de forma definitiva.

De acordo com o subsecretário de Política e Economia Agropecuária da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), João Ricardo Albanez, a grande preocupação é que o setor se preparou para o Dia das Mães, que é uma importante data.

“Com a pandemia e a suspensão das atividades, o setor foi impactado de forma muito expressiva. Em Minas, 80% da produção têm as vendas voltadas para eventos, que foram suspensos desde março. É uma situação grave, uma vez que o setor gera muitos empregos, principalmente, entre as mulheres. A Seapa lançou uma campanha para que as pessoas presenteiem as mães com flores, o que será importante para ajudar o setor. Além da disponibilidade dos produtos em supermercados, as compras também podem ser feitas pela internet”, diz Albanez.

Ainda segundo o representante da Seapa, as floras e floriculturas foram classificadas na onda um para a reabertura gradual dos estabelecimentos no Programa Minas Consciente.

“Estamos aguardando a decisão da Secretaria de Saúde para a retomada, que ocorrerá quando os resultados do controle da pandemia forem mais positivos. No momento, em que estamos em isolamento social e as pessoas não poderão estar com as mães, presentear com flores será uma forma de abraçar as mães e também de contribuir para o setor produtivo”, afirma.

Reabertura – O diretor do Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), Renato Opitz, explica que a permissão para as floras abrirem para atender a demanda do Dia das Mães seria importante para reduzir o prejuízo dos produtores. Segundo ele, os estabelecimentos, que adotariam os cuidados recomendados pelos órgãos de saúde, apresentam baixo risco de contaminação e estão dentro do setor agropecuário, cujas operações foram permitidas.

Além disso, com a abertura dessas lojas, reduziria a aglomeração de pessoas nos supermercados, que também comercializam as flores. As opções de vendas pela internet também são válidas, porém, os consumidores não estão acostumados, o que prejudica o desempenho.

“Seria importante que os estados e municípios permitissem a reabertura do setor, como foi feito em São Paulo. O setor está incluído nas atividades agropecuárias e, conforme permissão da Secretaria de Estado de Agricultura de São Paulo, pôde continuar operando, desde que respeitados e implementados os cuidados devidos para prevenção da transmissão do novo coronavírus. As floricultoras receberam cartilhas e orientações para uso de máscaras, álcool em gel e distanciamento entre as pessoas”, explica Opitz.

Governo lança campanha para incentivar setor

O governo de Minas lançou esta semana a campanha “Envie um abraço em forma de flor”, que estimula a população do Estado a presentear as mães com flores no próximo domingo (10).

A ação está sendo promovida pela Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), em parceria com suas vinculadas Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA).

Com cerca de 90% da produção de flores voltada especialmente para o corte e destinada aos eventos e comemorações como casamentos, aniversários, congressos e formaturas, o segmento foi um dos primeiros a sentir o impacto da pandemia de Covid-19 e pode ser um dos últimos a voltar à normalidade, já que não há qualquer previsão de retorno das atividades que geram aglomeração de pessoas.

Diante deste cenário, a secretária de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ana Valentini, determinou o lançamento de uma campanha para incentivar o envio de flores, especialmente no Dia das Mães.

“Por conta das medidas de isolamento, eu não vou pessoalmente levar meu amor para minha mãe neste ano. Mas vou manifestar todo o meu carinho enviando uma flor que ela tanto ama. Você também pode fazer o mesmo. Mande uma flor para sua mãe, avó, tia, uma madrinha querida e até para aquela professora que você tanto gosta. Manifeste seu carinho em forma de flores”, pede a secretária.

A campanha contará com a publicação de peças gráficas e vídeos nas redes sociais de todo o Sistema Agricultura que, juntas, contam com mais de 120 mil seguidores de todos os lugares de Minas e do Brasil.

O presidente da Associação dos Distribuidores e Produtores de Flores e Plantas de Minas Gerais (ADPF-MG), Flávio de Assis Vieira, explica que o faturamento de todo o setor caiu cerca de 75%. “Os 25% que restam têm sido principalmente graças aos supermercados e às vendas nas redes sociais e e-commerce”, pontua.

Por isso, ele também aproveita para pedir aos mineiros que enviem flores, presente tão tradicional nesta data. “A flor simboliza paz, tranquilidade, amor, atenção. Neste momento, acho que todo ser humano está precisando disso. Já que não podemos abraçar, uma ótima opção é transmitir todo este carinho por meio da beleza de uma flor”, sugere.

Mário Raimundo de Melo, produtor em Barbacena e Alfredo Vasconcelos, no Campo das Vertentes, observa que, com o isolamento social, as flores podem alegrar o ambiente doméstico das pessoas amadas.

“Vamos presentear nossas mães e esposas com o envio de flores, como sempre fazemos nesta data. Assim, os consumidores nos ajudam e ainda proporcionam momentos de alegria e carinho com o encanto e a magia das flores”. (Com informações da Seapa)

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