Celebração e Conscientização

Dia da Consciência Negra: diversidade e inclusão devem ser pautas recorrentes

Confira sete dicas práticas para promover a diversidade e inclusão nas organizações

20 de novembro de 2023

img
Crédito: Freepik

A diversidade e a inclusão nas empresas têm sido amplamente debatidas e são foco das gestões das organizações, especialmente em datas como o 20 de novembro, quando é celebrado o Dia da Consciência Negra. No entanto, é fundamental ir além de ações pontuais e tornar o tema recorrente, para além das celebrações, e também um compromisso de lideranças e de todos os colaboradores envolvidos. 

Pesquisa de 2023 realizada pela consultoria Willis Towers Watson mostra crescimento da conscientização sobre diversidade e inclusão nas empresas, uma vez que 90% dos gestores buscam tornar o tema uma realidade na rotina de trabalho. Porém, os dados apontam que muitas organizações ainda concentram esforços principalmente nos indicadores de diversidade, deixando de lado as questões relacionadas à inclusão.

Nadja Brandão é diretora executiva da {reprograma}, iniciativa de impacto social que ensina programação para mulheres em situação de vulnerabilidade social e econômica, e destaca não apenas a importância de buscar representatividade, mas também maximizar o potencial dos talentos. “É crucial que todas as pessoas participem da conversa de negócios ao longo do ano, sentindo-se pertencentes e bem-vindas a contribuir e compartilhar sua perspectiva. Acreditamos que, ao adotar práticas que valorizam e promovem pessoas negras, não apenas enriquecemos nossos ambientes profissionais, mas também contribuímos para uma sociedade mais justa e igualitária”, afirma.

Estudo aponta que 90% dos gestores buscam transformar diversidade e inclusão em ações concretas | Crédito: Divulgação/{reprograma}

Nesse contexto, a iniciativa separou sete dicas práticas para promover, de maneira efetiva, a diversidade e inclusão indo além das vagas afirmativas e incorporando uma cultura diversificada em todos os aspectos. 

  1. Criar um ambiente seguro e acolhedor para todas as pessoas, com especial atenção às pessoas negras 
    Promova uma cultura organizacional que valorize a diversidade em todas as suas formas, com medidas específicas para garantir que colaboradores se sintam respeitados e acolhidos. Estabeleça diretrizes e políticas que eliminem práticas discriminatórias e promovam a inclusão de todas as identidades raciais.
  2. Ampliar as oportunidades de desenvolvimento, focando em profissionais negros
    Desenvolva programas e iniciativas que alcancem colaboradores, oferecendo-lhes igualdade de acesso a capacitação, mentoria e oportunidades de crescimento profissional. Busque garantir que todas as pessoas, independentemente de sua origem racial, tenham as mesmas chances de avançar em suas carreiras. 
  3. Promover a equidade salarial, com atenção especial à remuneração de profissionais negros 
    Assegure que todos os profissionais, especialmente pessoas negras, recebam uma remuneração justa. Realize análises salariais que incluam dados sobre equidade racial, identificando e corrigindo disparidades para garantir que a empresa esteja comprometida com a igualdade salarial para todos. 
  4. Compromisso com a representatividade e inclusão de pessoas negras
    Fortaleça o compromisso organizacional com a promoção de uma cultura que valorize a diversidade racial. Estabeleça metas claras para aumentar a representatividade de profissionais diversos em todos os níveis da empresa. Promova a transparência e responsabilize líderes e equipes pela implementação efetiva de práticas inclusivas, contribuindo para um ambiente de trabalho que reconheça e valorize a diversidade racial. 
  5. Realizar promoções de oportunidades equitativas
    Garanta que os processos seletivos sejam justos e baseados em mérito, evitando vieses inconscientes. Incentive a diversidade desde a fase de recrutamento, oferecendo oportunidades iguais para candidatos de diferentes origens. 
  6. Fomentar uma cultura inclusiva
    Promova um ambiente de trabalho que celebre a diversidade e respeite as diferenças culturais. Estimule o diálogo aberto sobre questões relacionadas à diversidade e ofereça treinamentos que aumentem a conscientização sobre a importância da inclusão. 
  7. Ter processos de avaliação e adaptação de maneira contínua 
    Realize avaliações periódicas da diversidade no ambiente de trabalho e adapte as políticas conforme necessário. Encoraje feedbacks dos colaboradores para identificar áreas de melhoria e garantir que as práticas da empresa evoluam de acordo com as necessidades do grupo.

Empresas se destacam na promoção da diversidade racial

Para avaliar ações afirmativas de empresas no combate às desigualdades raciais no mercado de trabalho e oferecer um referencial que oriente as empresas sobre seus estágios no combate ao racismo, a Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial divulgou o Índice de Equidade Racial nas Empresas (Iere) 2023. Com informações inéditas sobre práticas corporativas de 48 das maiores empresas do País, o levantamento propõe um espaço de compartilhamento de experiências

Entre os critérios avaliados pelo índice estão o recenseamento empresarial, que mostra o número de profissionais negros contratados ou em cargos de gerência, supervisão e outros. Há também a conscientização, que inclui as ações efetivamente realizadas sobre inclusão e diversidade racial. O recrutamento aponta o nível de flexibilização do processo seletivo em nome da diversidade racial; a capacitação reflete o investimento no desenvolvimento e nas habilidades dos profissionais negros; a ascensão mostra quais são os planos de carreira e critérios de promoção para profissionais negros e a publicidade e engajamento avalia a implementação de ações afirmativas e criação de canais para recebimento de denúncias de racismo.

Confira quais são as cinco primeiras empresas 

  1. Mercado Livre (primeira participação no IERE)
  2. Corteva (5ª em 2021 e 1ª em 2022; três vezes no Top 5 com 2023)
  3. EY (2ª em 2021 e 4ª em 2022; três vezes no Top 5 com 2023)
  4. Vivo (2ª em 2020, 1ª em 2021 e 3ª em 2022; quatro vezes no Top 5 com 2023)
  5. PepsiCo (primeira participação no Iere)
Pesquisa mostra que mulheres pretas e pardas da classe DE usam termos que remetem ao desespero quando questionadas sobre dinheiro | Crédito: Adobe Stock

“Dismorfia Financeira” ainda é obstáculo

A relação dos brasileiros com o dinheiro sob uma perspectiva emocional aponta para a predominância de uma “dismorfia financeira” no grupo das mulheres pretas e pardas da classe DE. Essa realidade faz parte de um estudo lançado neste ano pelo will Bank, que contou com a participação de mais de 2 mil pessoas de todas as classes sociais e faixa etárias. A ideia do nome “dismorfia financeira” vem do transtorno de dismorfia de imagem, no qual o indivíduo não consegue enxergar, de fato, como ele é. Com o dinheiro acontece o mesmo, uma vez que existe a dificuldade de enxergar e se relacionar de forma confortável financeiramente.

O levantamento mostra que sete em cada dez brasileiros não descrevem sua relação com o dinheiro de forma positiva. Enquanto na amostra geral 71,3% não usam palavras positivas para descrever a situação financeira atual, o cenário muda quando avaliados os homens brancos da classe AB1. O contexto é considerado positivo por 58,1% deles, enquanto as análises negativas somam 19,4% e as neutras, 22,5%. No outro extremo, para as mulheres pretas e pardas da classe DE, as palavras positivas representam apenas 10,5%, enquanto as negativas somam 61,4% e as neutras 28,1%.

Ainda existem outros abismos entre perfis extremos. O estudo aponta que homens brancos da classe AB1 são os que mais costumam descrever sua situação financeira como estável, enquanto as mulheres pretas e pardas da classe DE usam termos que remetem ao desespero quando questionadas sobre dinheiro. Essas mesmas mulheres relataram demorar mais tempo para comprar o que desejam quando se comparam a conhecidos. Além disso, 74,3% delas afirmam sentir que outros ganham mais facilmente coisas que, para elas, exigem muito esforço.

Em geral, a pesquisa mostra que as pessoas pretas e pardas não se sentem pertencentes às instituições tradicionais, muitas vezes se sentindo julgadas ou inadequadas. De acordo com a pesquisa do will Bank, no cenário atual, homens da classe AB1 utilizam, em média, 5,8 produtos financeiros, enquanto mulheres pretas e pardas da classe DE contam com apenas 1,8 produtos. Apenas 2% desse grupo fazem investimentos, em comparação com 49% dos homens de classe mais alta. O cartão de crédito pode servir como porta de entrada, sendo acessado por 26,3% das mulheres pretas e pardas da classe DE. Mas apenas 9,1% delas já solicitaram empréstimos a um banco, em comparação com 24,1% da parcela mais privilegiada, os homens brancos da classe AB1.

A sambista Adriana Araújo se apresentará na Praça de Serviços da UFMG às 17h da quinta-feira (23) na programação em comemoração ao Dia da Consciência Negra | Crédito: Nonato Fotografia

Celebrações e debates no Dia da Consciência Negra em BH

As comemorações do Dia da Consciência Negra contam com uma programação especial na capital mineira. A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) promove, nesta segunda-feira, a partir das 9h, na Praça Sete de Setembro, o evento “Consciência em Foco”. Durante todo o dia serão ofertadas orientações sobre quesito raça cor, jurídicas com advogados da Comissão da Verdade da Escravidão, da Ordem dos Advogados do Brasil Seção Minas Gerais (OAB/MG), além de apresentação cultural do grupo Vivência da Dança Thirey Ilê Odara.

A ação faz parte da campanha Novembro Preto: BH Sem Racismo e a programação conta ainda com debates, formações e atividades culturais que buscam reconhecer a importância da promoção da igualdade racial e vão acontecer durante todo o mês. 

Também nesta segunda-feira, a Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) realiza rodas de conversas, mesas redondas e apresentações culturais que abordam o tema da promoção da igualdade étnico-racial. Com atividades gratuitas e abertas ao público, o evento acontece na sede da CMBH e faz parte do Programa Câmara Cultural, que tem o objetivo de contribuir para a preservação da memória e do patrimônio cultural belo-horizontino em suas diferentes manifestações. Confira a programação completa

Como tema Ancestralidade e coletividade: Aquilombar para permanecer, a sexta edição do Novembro Negro na UFMG também está no calendário de comemorações do Dia da Consciência Negra na capital mineira e vai promover, até o fim do mês, 67 atividades propostas pela própria comunidade universitária. Nesta segunda-feira, 20 (Dia da Consciência Negra), tem início a semana de maior mobilização institucional, com mesas, palestras e ações culturais no campus Pampulha e no Espaço do Conhecimento.

Icone whatsapp

O Diário do Comércio está no WhatsApp.
Clique aqui e receba os principais conteúdos!

Tags:
Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

Siga-nos nas redes sociais

Comentários

    Receba novidades no seu e-mail

    Ao preencher e enviar o formulário, você concorda com a nossa Política de Privacidade e Termos de Uso.

    Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

    Siga-nos nas redes sociais

    Fique por dentro!
    Cadastre-se e receba os nossos principais conteúdos por e-mail