O ano eleitoral e as incertezas da economia devem pressionar ainda mais o dólar em 2022. É o que preveem especialistas em câmbio e investimentos.
“A gente espera muita oscilação no ano que vem, por causa da eleição, que deve ser polarizada, e das questões econômicas, como inflação em alta e desemprego”, diz o gestor de câmbio da corretora Terra Investimentos, Vanei Nagem.
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O dólar começou 2021 valendo R$ 5,20 e a pesquisa Focus, divulgada no dia 27 de dezembro, aponta que ele deve terminar o ano a R$ 5,63, uma variação de +8,26%, e chegue a R$ 5,60 em 2022. O analista Pedro Galdi, da Corretora Mirae Investimentos, afirma que “essas projeções da Focus são iniciais, já que o dólar pode disparar com as eleições e outros fatores, como o pacote de estímulos e aumento de juros nos Estados Unidos”.
Vanei Nagem acredita que o dólar deve fechar 2021 na casa dos R$ 5,70. Ele relata que o efeito Covid-19, somado às questões envolvendo a economia e a política interna brasileira, pressionou o mercado de câmbio. O gestor da corretora afirma que a falta de iniciativa do governo federal foi determinante para a baixa captação de moeda estrangeira no Brasil. “Os juros ficaram em baixa por muito tempo, o que fez com que esse investimento acabasse indo para outros emergentes, como a Rússia, e até mesmo países da África. Os juros subiram no fim do ano, mas demora um tempo para o mercado se recuperar”.
O economista e presidente do Conselho Empresarial de Economia da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), Guilherme Leão, destaca que o real foi uma das moedas que mais sofreram desvalorização ao longo de 2021, em relação ao dólar. E ele prevê mais altas da moeda norte-americana em 2022. “Quanto mais incertezas em relação às questões fiscais, precatórios, maior será o movimento de investidores repatriando o capital, ou seja, saindo do País. Quanto ao ano eleitoral, o mercado tem dúvidas sobre o que virá no pós-eleições”.
Pressão inflacionária
O economista explica que o dólar em alta pode pressionar ainda mais a inflação. “O resultado é que os produtos ficam mais caros no mercado interno. Grande parte dos preços sofre interferência por causa do câmbio. Desde o pãozinho de sal, que leva trigo, que é importado, até a indústria automotiva, a agricultura e outras’’, diz Guilherme Leão.
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De acordo com os especialistas, as perspectivas indicam que as principais economias vão subir as taxas de juros no ano que vem. No caso do Brasil, o Banco Central também deverá continuar adotando essa política, mas nem mesmo a expectativa de novas elevações da taxa Selic, em 2022, deve acalmar o mercado de câmbio. “Subir juros não significa atrair capital estrangeiro. Neste fim de ano, houve elevação dos juros, mas o dólar continuou subindo. O País está passando uma impressão de que há um descontrole da economia e isso causa preocupação nos investidores”, afirma Vanei Nagem.