PIB de Minas Gerais fica abaixo da média nacional no trimestre

11 de junho de 2021 às 0h26

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O PIB da indústria mineira encerrou o primeiro trimestre com retração de 0,4% | Crédito: Carlos Avelin

A Fundação João Pinheiro divulgou, nesta quinta-feira (10), os resultados do Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais referentes ao 1º trimestre de 2021, que apresentou queda de 0,2% na comparação ao último período no ano passado. Houve crescimento na agropecuária (0,8%) e nos serviços (0,2%), mas um recuo na indústria (-0,4%). O resultado do Estado destoa do observado no Brasil, que teve crescimento de 1,2%, mesmo diante de uma segunda onda do coronavírus.

Um dos principais fatores dessa diferença foi o desempenho desfavorável da atividade de energia e saneamento. Diferente de trimestres anteriores, em que o consumo empresarial de energia elétrica recuou em função das paralisações temporárias das atividades econômicas, a queda do nível de atividade em Minas Gerais foi principalmente provocada pela redução na geração de eletricidade.

Dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) assinalam uma redução do volume útil dos principais reservatórios hidroelétricos mineiros, ocasionada pela estiagem que, ao longo de 2020, culminou na queda no volume de energia gerada neste ano, sobretudo nas usinas de Emborcação, Furnas e, principalmente, Itumbiara. O volume total de energia gerada, de janeiro a março, ficou 38,2% abaixo do quarto trimestre do ano passado e 24,5% menor do que o medido no primeiro trimestre de 2020.

Como causa, o volume de Valor Adicionado Bruto (VAB), a riqueza criada pelo segmento de energia e saneamento em Minas Gerais recuou 6,4%, comparada no período de outubro a dezembro/2020 e 8,2% ao primeiro trimestre de 2020. No Brasil, o segmento expandiu-se 0,9% e 2,1%, respectivamente, na mesma ótica de comparação.

Outra atividade que contribuiu para a redução do PIB mineiro foi a indústria de transformação. Comparando o primeiro semestre de 2021 com o quarto trimestre de 2020, houve uma redução nacional de 0,5%, enquanto em Minas Gerais foi mais acentuada, com redução de 1,7% em igual período.  

Apesar dos números, a indústria extrativa mineral foi a atividade que apresentou o maior crescimento no VBC, com 7,4%, quando comparada ao último trimestre de 2020, resultado da evolução positiva dos preços das commodities, principalmente o minério de ferro. A construção civil foi outra atividade em que o desempenho mineiro (3,1%) foi superior ao nacional (2,1%). Embora os indicadores do mercado de trabalho formal devam ser analisados com ressalvas, em razão da forma como os registros administrativos vêm sendo contabilizados, eles demonstram um aumento no pessoal ocupado formal no estado nessa atividade.

Entre as atividades que contribuíram para gerar Valor Adicionado, a agropecuária registrou crescimento de 5,4% em relação a igual período do ano anterior. O resultado positivo pode ser explicado pelo desempenho da safra de soja (sobretudo para a economia nacional, em que o grão é o principal produto da pauta agrícola), feijão e batata.

Médio prazo

O coordenador de Contas Regionais da Fundação João Pinheiro, professor Raimundo Souza, prevê um crescimento de 4% a 5% no PIB mineiro deste ano, porque a produção em 2020 foi muito ruim por conta do primeiro semestre, que teve queda acentuada. “Por isso, verificamos com muita clareza o peso do auxílio emergencial concedido ao governo. Injetou ‘diretamente na veia’ da economia do país uma demanda imediatamente respondida por vários setores como supermercados, produção de alimentos e construção civil, que puxaram a recuperação econômica do segundo semestre de 2020 para cá”, salientou.

Souza não considera preocupante a queda de 0,2% no PIB mineiro, diante de um cenário econômico externo extremamente benéfico e que traz recomposição das finanças públicas da União, estados e municípios. “Este resultado indica que não temos fontes dinâmicas de crescimento”, alerta.

Neste ano, ao contrário da supersafra de 2020, já está prevista uma queda nas safras de café e de cana de açúcar e, também, na produção de minério, pois a Vale já anunciou a paralisação do Complexo da Alegria para rever a segurança das barragens. Por outro lado, houve grande valorização de commodities no mercado internacional, de modo que não se espera grandes mudanças no cenário econômico de Minas e do País. “Se andarmos de lado até o final do ano, não será um resultado ruim. O que pode alterar o cenário, como aconteceu no ano passado, é o auxílio emergencial e o incremento a outros projetos de distribuição de renda. O dinheiro precisa circular”, concluiu.

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