Vale prevê desembolsar R$7,8 bi com reparações por Brumadinho em 2023

No total, a empresa desembolsou aproximadamente R$37,2 bilhões com as reparações desde 2019 até o fim de 2022

18 de janeiro de 2023 às 11h04

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Dentre os projetos tocados pela companhia, o executivo destacou iniciativas voltadas ao fomento do turismo local, projetos de capacitação e apoio ao empreendedorismo, manuseio e contenção de rejeitos, dentre outros | Crédito: REUTERS/Washington Alves

Rio de Janeiro – A mineradora Vale planeja desembolsar em 2023 cerca de R$7,8 bilhões com reparações pelo rompimento de barragem de rejeitos de mineração na cidade mineira de Brumadinho, que completa quatro anos no fim deste mês, disse à Reuters o diretor de Reparação e Desenvolvimento Territorial, Marcelo Klein.

O colapso da estrutura despejou uma onda gigante de lama que deixou 270 mortos, grande parte de funcionários da própria companhia, além de atingir comunidades, florestas e rios da região. Três pessoas seguem desaparecidas, e o executivo frisou que a busca por elas é uma “prioridade máxima”.

Do montante total previsto para o ano, R$3,9 bilhões são referentes à provisão para acordo fechado com autoridades e R$1,9 bilhão em projetos próprios da Vale fora do acordo. Os R$2 bilhões restantes serão empenhados em ações como manejo de rejeitos, monitoramento de barragens, reformas e manutenções de infraestrutura, estudos e desenvolvimento de projetos entre outros, detalhou.

“A gente nitidamente percebe uma rampa de desaceleração do pagamento de indenizações, porque é natural com a passagem dos quatro anos, e uma aceleração dos projetos do programa do acordo de reparação”, afirmou Klein, em entrevista por meio de videoconferência.

No ano passado, os desembolsos por Brumadinho ficaram em cerca de R$10,2 bilhões.

Dentre os projetos tocados pela companhia, o executivo destacou iniciativas voltadas ao fomento do turismo local, projetos de capacitação e apoio ao empreendedorismo, manuseio e contenção de rejeitos, dentre outros.

Trabalhos em curso

No total, a empresa desembolsou aproximadamente R$37,2 bilhões com as reparações desde 2019 até o fim de 2022, incluindo montantes relativos a acordo assinado com autoridades, indenizações individuais, trabalhistas e cíveis, além dos projetos não previstos em acordo.

Os acordos de indenização celebrados com a Vale superaram R$3,15 bilhões e contemplam, até o momento, 13,5 mil pessoas, incluindo as impactadas pelo rompimento da barragem e aquelas afetadas pelas desocupações em outros territórios.

Pelo menos um familiar de cada empregado, próprio ou terceirizado, falecido no rompimento já fez acordo de indenização com a Vale.

O acordo de reparação fechado com o governo de Minas Gerais e instituições de Justiça em fevereiro de 2021 prevê o empenho de R$37,7 bilhões em diversas frentes, dos quais cerca de R$23,6 bilhões foram desembolsados pela empresa até agora, em valores corrigidos pela inflação, o equivalente a 58% de execução.

Tal acordo, que encerrou ações coletivas na Justiça, não inclui as indenizações individuais.

“As execuções estão acontecendo e a gente quer transformar isso em valor percebido para a comunidade”, disse Klein.

Cerca de 300 projetos estão em fase de desenvolvimento e outros 24, voltados para os municípios impactados, estão em andamento. Desses, nove são para Brumadinho e 15 para os outros 25 municípios da Bacia do Paraopeba. Entre eles, estão a estruturação de salas de emergência para reforçar os sistemas de saúde locais e a entrega de maquinários para a manutenção de estradas rurais.

“As famílias têm uma mágoa muito grande, um luto muito grande, mas a gente está sempre com eles, a gente tem um diálogo fluido, a gente não consegue concordar em tudo ou atender a todos os pedidos, mas o empenho em viabilizar o máximo possível é contínuo e permanente”, disse Klein.

O executivo destacou que o principal mecanismo de apoio é o Programa Referência da Família, que conta com uma equipe de profissionais para prestar assistência psicossocial, criada em 2019, e que atendeu mais de 3.300 pessoas até agora.

Em outra frente, o executivo reiterou que o desastre foi um “grande ponto de virada da história da companhia”, pela magnitude do evento. Levando a uma reformulação da gestão de barragens da empresa. Desde 2019, R$5,8 bilhões já foram investidos no programa de descaracterização de barragens construídas pelo método de alteamento a montante, o mesmo da barragem rompida.

“Brumadinho… foi nosso marco zero em relação a uma grande transformação cultural, para o ponto de vista de reforço da nossa cultura de prevenção… Um dos compromissos da reparação é garantia de não repetição”, completou.

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