Mudanças no Mercado Central foram necessárias ao longo do tempo

26 de julho de 2022 às 0h28

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Resiliência levou o Mercado Central a atravessar gerações e consolidar sua história | Crédito: Charles Silva Duarte/Arquivo DC

O Mercado Central passou e ainda passa por diversas adaptações. A primeira grande mudança foi em relação à vocação comercial. Segundo o presidente do Mercado, Ricardo Vasconcelos, o empreendimento funcionou 100% como feira de hortifrúti até o final da década de 1970, quando os sacolões ganharam os bairros. Os feirantes tiveram de fazer uma adaptação que foi essencial para transformar a feira no ponto turístico e cultural que é hoje: passaram a vender de tudo.

“O advento dos sacolões nos bairros foi um verdadeiro baque. O comércio caiu muito e os custos ficaram altos. Era preciso encontrar uma alternativa para se manter e ter relevância. A saída foi vender outras coisas”, relatou Vasconcelos. 

“A primeira loja que passou a vender utilidades domésticas em geral, acredito que foi a Uirapuru, no início dos anos 80. A partir daí, todo mundo passou a buscar um diferencial. De lá pra cá, o mercado virou referência em praticamente tudo, passando pela gastronomia, artigos religiosos, artesanato. Enfim, aqui se encontra de tudo”.

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Acessibilidade

Outras adaptações contribuíram para que o Mercado Central fosse de fato um lugar para todos e todas. “Foi preciso melhorar a acessibilidade. Muitas pessoas com deficiência (PCDs) queriam frequentar o mercado, mas tinham dificuldade, como os cadeirantes, por exemplo. Algumas iniciativas nesse sentido vieram antes da obrigatoriedade, por iniciativa própria, e outras, depois. E não são apenas adaptações físicas, como rampas e elevadores e vagas de estacionamento exclusivas para PCDs e idosos. Toda nossa equipe de colaboradores é preparada para abordar, ajudar e incluir todos que querem ter acesso ao espaço”, frisou.

Uma recente adaptação, conforme Vasconcelos, foi a colocação do símbolo mundial do autismo no estacionamento e vários pontos do mercado, com a pergunta “Você sabe o que significa isso?”. “Queremos provocar o debate também para que o mercado seja um local agradável para pessoas neurodiversas. O mercado é, antes de tudo, inclusivo. Aqui todas as pessoas, de todos os tipos, se encontram pelo corredor sem qualquer problema. Todos são iguais. E é assim que queremos ser pelos próximos 100 anos”, completou.

A questão dos animais

Outra grande transformação no centro de compras se deve às condições dos animais. “Antigamente, houve abate de animais para alimentação. Hoje não há mais isso. Houve uma evolução. As lojas que antes abatiam bichos passaram por transformações radicais e hoje comercializam pets e todo tipo de produto para o bem-estar animal. Foi uma mudança e uma conscientização coletiva”, destacou.

Mas essa conscientização, segundo Vasconcelos, não aconteceu do dia para noite. Ela veio por imposição da legislação, da vigilância sanitária, por denúncias de organizações de defesa dos animais e também por atitudes voluntárias dos próprios comerciantes.

“Houve uma mudança cultural. Todos que trabalham no corredor dos animais são pessoas que amam bichos acima de tudo. Então, o bem-estar dos animais no mercado é primordial. Toda loja tem seu veterinário responsável. O animal não vive ali. Ele está ali em um período transitório, mas precisa ser muito bem tratado, ter sua saúde física e mental cuidada enquanto estiver no mercado”, garantiu.

Covid-19

A última grande adaptação que marcou a história do Mercado Central se deve à pandemia de Covid-19. Foram meses de fechamento em 2020, o que culminou com o fim de muitos negócios.

“Chegamos a ter mais de 40 lojas para alugar. Os lojistas tiveram de adaptar formas de comercialização. Quando liberaram a entrada limitada de clientes, improvisamos tendas nas entradas por conta das filas. Hoje, o comércio e a entrada de clientes já estão totalmente liberados, mas guardando todos os cuidados. Há apenas uma loja para alugar. No entanto, a movimentação ainda não é a mesma. Se antes da pandemia passavam pelo mercado cerca de 50 mil pessoas por dia, hoje esse número está em 22 mil”, informou.

Para Vasconcelos, as diferentes formas de comercialização adotadas, como tele-entrega e vendas on-line foram importantes no período, mas jamais substituirão a tradição. “O que faz o Mercado Central ser o que é hoje é o corpo a corpo, o calor humano, o encontro de pessoas. Isso nada substitui”, concluiu.

Raio-X: Números atuais

– Lojas: 400

– Associados: 528

– Pessoas trabalhando: em torno de 2.500

– Funcionários do Mercado: 168

– Público antes da Covid: de 45 mil a 50 mil pessoas/dia

– Público atual: 22 mil pessoas/dia

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