Câmbio é flutuante e coronavírus vai afetar economia do Brasil, diz Campos Neto

13 de fevereiro de 2020 às 17h00

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Crédito: REUTERS/Adriano Machado

São Paulo – O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, reiterou nessa quarta-feira (12), em entrevista à GloboNews, que a desvalorização da taxa de câmbio tem ocorrido sem piora em medidas de risco e que o importante para o BC é como esse movimento influencia as expectativas de inflação, segundo ele ancoradas.

As declarações de Campos Neto sinalizam que a autoridade monetária não vê disfuncionalidades na atual sequência de altas do dólar para sucessivas máximas recordes nominais, o que aponta uma não urgência de intervenção no mercado cambial.

O presidente do BC começou a entrevista dizendo que o “câmbio é flutuante”, afirmação repetida pelo menos outras três vezes. “O câmbio é flutuante. Então faz parte de uma política que o BC vem adotando que chamamos de política de separação. Você usa os juros para a política monetária, o câmbio é flutuante, e as ações macroprudenciais são para estabilidade financeira”, afirmou.

Questionado se comentários do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre câmbio poderiam afetar as cotações do dólar na sessão desta quinta (13), Campos Neto se esquivou e respondeu: “O câmbio é flutuante”.

Na quarta, Guedes voltou a defender um patamar de dólar mais alto do que no passado, o que segundo ele seria bom para a indústria, e chegou a criticar que anos atrás até empregada doméstica estava viajando para a Disney.

Os comentários do ministro foram feitos depois de o dólar à vista ter fechado numa nova máxima histórica nominal e acima de R$ 4,35 reais na venda.

Num contexto em que o real perde valor sem aumentos em medidas de risco ou queda acentuada no mercado de ações, Campos Neto rechaçou leituras de bolha na renda variável e disse que o preço está em 15 ou 16 vezes o lucro, enquanto no México essa relação é de 21.

“Não dá para dizer que a bolsa no Brasil hoje esteja muito cara. Não acho que existe algum tipo de bolha em algum mercado, mas estamos monitorando.”

Coronavírus e divergência no Copom

Campos Neto repetiu que o crescimento da economia deve ser gradual, mas ponderou ser preciso avaliar em que medida o coronavírus vai afetar a atividade no Brasil.

“A gente precisa esperar para ter algum efeito no Brasil. Certamente algum efeito terá”, disse, acrescentando que os impactos do vírus são de toda forma baixistas para a atividade, mas dúbios para a inflação, que poderia subir em caso de forte aversão a risco.

Ele afirmou que a economia deverá ser incentivada pelo setor privado, com diminuição e posterior estabilização do investimento público. O BC projeta aumento de 2,2% no PIB brasileiro em 2020, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de dezembro de 2019.

O chefe da autoridade monetária foi questionado quanto a uma aparente divergência dentro do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC sobre o nível de ociosidade da economia, conforme debate trazido pela ata do Copom divulgada nesta semana.

“Não teve duas bandas no Copom. As votações foram unânimes. O que a gente tentou fazer e eu tenho tentado fazer cada vez mais é ser mais transparente sobre o debate que ocorreu no Copom”, disse. “É impossível ter um debate no Copom onde todos os membros acham as mesmas coisas sobre os mesmos fatores.”

Campos Neto defendeu ainda as sinalizações que acompanharam as decisões de política monetária. “Teve uma cadência bastante lógica. Usamos a linguagem de cautela, diminuiu o ritmo para (corte de) 0,25 (ponto percentual) e depois teve uma parada. Então foi muito compatível com o que vínhamos dizendo nos comunicados.”

(Reuters)

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