Gerir guerra geracional é grande desafio

É a primeira vez na história do mundo corporativo que se tem quatro gerações trabalhando juntas nas empresas

11 de maio de 2022 às 0h28

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A convivência de diferentes gerações será uma pauta cada vez mais presente e inevitável dentro do mundo corporativo | Crédito: Divulgação

O conflito entre gerações no mundo empresarial rende uma perda de produtividade de 5 horas ou mais na semana, representando 12% do dia a dia de uma companhia. Foi o que revelou um estudo recente divulgado pela consultoria ASTD Workforce Development. Em um mundo cada vez mais evoluído, com a expectativa de vida crescendo vertiginosamente, o choque entre diferentes visões de pessoas de diferentes épocas nunca esteve tão presente no trabalho.

“Esse é o grande desafio do momento. É a primeira vez na história do mundo corporativo que temos quatro gerações trabalhando juntas. É o momento de as empresas criarem mecanismos que acabem essa guerra geracional, fazendo entender que nenhuma das vivências é melhor ou mais adequada do que a outra, são só diferentes. E, em um universo de tantas incertezas, a grande sacada é reconhecer o quanto são complementares”, explica Richard Uchoa, CEO da LEO Learning, empresa de soluções digitais para treinamento e desenvolvimento corporativo.

Ainda segundo o especialista, cada uma dessas gerações apresenta características bastante próprias e distintas, o que acaba ocasionando nesses conflitos. Os Baby Boomers, como são trabalhadores nascidos após a Segunda Guerra Mundial, entre 1946 e 1964, representam profissionais focados em resultados e estabilidade profissional e financeira.

A chamada geração X compreende os trabalhadores nascidos entre os anos 60 e 70, simbolizando um grupo reconhecidamente mais pragmático e disciplinado. Já os filhos desse grupo, integrantes da geração Y, viveram em um mundo de transformações mais rápidas e intensas, acarretando funcionários criativos, multitarefas e movidos por desafios. Nascidos no novo milênio, em um mundo já totalmente digitalizado e interligado, a geração Z atua geralmente com tendências imediatistas e individualistas.

Por conta de todas essas diferenciações bastante intrínsecas a esses grupos, as divergências acabam sendo quase que inevitáveis. Sai na frente quem consegue atuar bem nesse sentido e altera essa lógica. “Em cada parte do processo uma geração vai ter mais facilidade que a outra. Então, a questão não é evitar conflito, mas sim criar um ambiente colaborativo para que o conflito produtivo gere melhores respostas”, explica Uchoa.

Identificando a raiz

A convivência de diferentes gerações será uma pauta cada vez mais presente e inevitável dentro do mundo corporativo. Nesse contexto, vai se sair melhor as empresas que conseguirem lidar com esse processo. Para isso, o primeiro passo necessário é identificar os motivos desses conflitos.

Segundo Uchoa, praticamente todas as divergências partem das diferentes formas de ver o mundo atrelada a cada geração. Apesar de três temas acabarem gerando os principais debates, o real motivo acaba sendo a postura muitas vezes irredutível desses grupos.

“As gerações aprendem, trabalham e se comunicam de formas completamente diferentes entre si. Apesar dessas temáticas se apresentarem como um contexto para esses conflitos, o real motivo acaba sendo a falta de entendimento e de capacidade de colaboração entre as gerações, que geralmente assumem que só há uma resposta certa e não criam espaço para que as pessoas de outras gerações tenham voz e performem”, avalia o CEO da LEO Learning.

Como lidar

Após ter reconhecido as causas desses conflitos, está na hora de trabalhar na resolução deles. De acordo com Uchoa, o trabalho desenvolvido pelo setor de Recursos Humanos será essencial para o tratamento e definirá quais serão os rumos a serem tomados pela companhia para dar um valor positivo à diversidade geracional em sua equipe.

“Por se tratar da área que pensa em formas de estimular a cultura a favor da estratégia, é papel do RH ser um grande radar nesse conflito e pensar como estimular formas mais inclusivas tanto naquilo que é declarado (statements, rituais, treinamentos, modelos de governança) como também no que não é declarado, mas influencia a diversidade geracional (símbolos, normas e exemplos). O RH é um embaixador desse processo que precisará envolver a empresa inteira”, analisa o CEO da LEO Learning.

Encontrar esse equilíbrio para fazer com que os trabalhadores de diferentes vivências atuem de maneira coordenada e alinhada dentro da empresa garante uma importante diversidade de ideias para a companhia e, consequentemente, um trabalho mais diversificado e produtivo em todas as áreas.

“Estar aberto e se manter curioso para aprender torna qualquer profissional melhor ao longo do tempo. Buscar momentos para se comunicar, participar de iniciativas e ter momentos de convívio com outras gerações cria proximidade, eleva os níveis de empatia e minimiza esse estranhamento comum de vivências e repertórios tão diferentes. Muitas vezes, porém, é papel da empresa, sobretudo do RH, deixar estes pontos claros aos seus colaboradores, através de campanhas e iniciativas que criem conexões e abram canais de diálogos entre essas gerações”, conclui o especialista.

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