Ciência e tecnologia: o que precisamos aprender para inovar e crescer

21 de maio de 2019 às 0h04

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RINALDO DE CASTRO OLIVEIRA*

A necessidade da promoção do desenvolvimento científico e tecnológico no Brasil como meio para a construção de um país mais próspero é uma discussão antiga, onde a tempos se busca um caminho para a materialização desse objetivo essencial.

Por mais que se possa reconhecer alguns avanços importantes no campo da inovação tecnológica em áreas específicas do conhecimento, em especial os trabalhos técnico-científicos aplicados ao agronegócio, esse movimento tem se mostrado errático, e em alguns momentos retrocedentes, contrariando uma lógica mundial, reconhecida e praticada a séculos em outras partes do mundo.

Diante deste contexto, neste ensaio me proponho a refletir sobre esse tema amplo, procurando reconhecer na história as características marcantes do desenvolvimento científico-tecnológico em países que alcançaram sucesso nessa empreitada.

Quando estudamos este tema, é praticamente obrigatório recorrermos aos tempos da Revolução Industrial que se estendeu do século XVIII até meados do século XX, trazendo profundas mudanças sociais e econômicas, a partir do desenvolvimento da ciência e da tecnologia. Se observarmos o contexto que permitiu, por exemplo, o pioneirismo da Inglaterra nesse movimento, alguns pontos chave sobressaem. Existia à época um ambiente favorável, pautado no liberalismo e em um sistema político democrático, com a visão consolidada da propriedade e da iniciativa privada, e um sistema de patentes e de proteção de propriedade intelectual que já no século XVII era reconhecido. Além disso, existia uma mão de obra numerosa, com bons níveis de qualificação, e a infraestrutura de transporte e comunicação eram tidas como boas. É inegável que a influência política e econômica deste País, especialmente naquele momento histórico, também em muito contribuiu para o desenvolvimento tecnológico e para a supremacia no desenvolvimento industrial.

Outro fator relevante que se pode extrair da discussão, é que desde o início, os países que investiram no sentido da inovação entenderam rapidamente a existência de uma relação interativa e interdependente entre a ciência, a tecnologia e a economia. Ou seja, países que investem em ciência estarão sempre mais preparados para produzir tecnologia, e com isso gerar mais riquezas. Em países desenvolvidos, a muito tempo os professores, pesquisadores, cientistas são profissionais qualificados e reconhecidos, verdadeiros agentes promotores de tecnologia e inovação. Assim, países como a Inglaterra, França, Alemanha e EUA já nos séculos XVIII e XIX entenderam o papel das universidades, onde o investimento público-privado em educação já era visto como estratégico para produzir inovações com a capacidade de gerar benefícios para a sociedade. Vale ressaltar, que além da relevante contribuição dos centros acadêmicos, as organizações empresariais visionárias também tiveram uma função essencial nesse processo de desenvolvimento, mediante a alocação de recursos para a produção de tecnologias inovadoras, que as permitiram liderar seus mercados e a serem icônicas ainda hoje.

Por fim, mas não menos importante, um traço comum aos países que conseguiram atingir bons níveis de desenvolvimento científico-tecnológico é a visão estratégica de Estado, de longo alcance, e acima dos interesses políticos e pessoais. Talvez seja essa a linha mestre que direcione e puxe esse movimento no sentido da educação e da inovação. Momentos de revoluções tecnológicas, como a que estamos vivenciando nesse início de milênio, são oportunidades ímpares para romper com a lógica social e econômica vigente. São intervalos raros, marcados por eventos importantes que ocorrem com grande rapidez, onde novas oportunidades se abrem. Ainda há tempo de nos inserirmos como protagonista em algum campo do novo conhecimento que surge. Porém, algumas lições, aprendidas por outros a séculos atrás, precisarão ser encaradas de frente em nosso País. Não dá mais para deixar de fazer o nosso “para casa”.

*Sócio-diretor da DMEP

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