EDITORIAL | A escalada alarmante

24 de maio de 2019 às 0h02

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Segundo bloco, crescimento econômico global pode ser seriamente afetado com divergências entre as maiores economias - Foto: Henry Nichols

A Grã-Bretanha parece sem rumo, literalmente dá sinais de que não sabe o que fazer, uma vez tomada a decisão de abandonar a Comunidade, processo adiado, mas, hoje, sem possibilidade de retorno, por maiores e mais negativas que possam ser as consequências da decisão, de um lado e de outro. E, pior, independentemente de acordo ou não entre as partes.

Nessa questão, que tem também evidentes e ainda incertas implicações globais, um dos aspectos que mais chama atenção diz respeito às evidências, quase certeza, de que houve intervenção e manipulação no plebiscito que culminou com o chamado Brexit. Na mesma forma, na sequência e com importância certamente muitíssimo maior, as eleições nos Estados Unidos, cujos resultados teriam sido muito mais fruto de manipulação de informações, principalmente via redes sociais, que propriamente da escolha livre e democrática dos eleitores daquele país.

Pesquisas realizadas pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, ajudam a compreender melhor o que se passa, oferece algumas indicações interessantes sobre como o avanço da comunicação eletrônica, a partir da informática que possibilitou o surgimento da internet e da telefonia celular, tem mudado o planeta, em alguns aspectos de forma negativa, a ponto de colocar em questão conceitos estabelecidos de democracia, de participação política e da própria liberdade individual.

Nesses estudos o Brasil também aparece, com 14% dos entrevistados reconhecendo terem compartilhado fake news nas eleições do ano passado, enquanto 53% dizem confiar em notícias enviadas por familiares e 43% em mensagens de amigos, repartidas pelas redes sociais. Também no Brasil, à semelhança do que se passou no Reino Unido e nos Estados Unidos, é dado como certo que o resultado das eleições do ano passado foi influenciado pela manipulação de informações. Em outros países, como França e Alemanha, existem sinais que apontam para a mesma direção.

Um processo na realidade mais amplo, assumido e escancarado, presente à exaustão também em questões bem atuais como as discussões em torno da reforma da Previdência e, mais recentemente, do contingenciamento e corte de recursos na área da educação. A verdade é o que menos importa, valendo muito mais as convicções e interesses de cada grupo e seus esforços para abater, a um só tempo, os adversários e a discussão civilizada, democrática, mais própria da verdadeira política e da própria democracia.

Como já foi dito nesse espaço, uma tecnologia que poderia educar, aproximar e agregar, removendo barreiras de todas as naturezas, está sendo utilizada para fazer exatamente o contrário, separando, dividindo e deseducando a níveis que começam a ser alarmantes.

É preciso reagir fortemente e esse processo, a partir do reconhecimento de que a internet e seus diversos instrumentos de comunicação, absolutamente, não podem se transformar em terra de ninguém ou, pior ainda, apropriados pelo mal.

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