[EDITORIAL] O caminho mais curto

30 de janeiro de 2019 às 0h01

O café está em alta e é boa notícia para Minas Gerais, maior produtor no País, que por sua vez é o maior produtor no mundo. Feitas as contas e avaliados os prognósticos, produtores acreditam que a participação brasileira chegará neste ano a 32%, para uma demanda que no ano passado ficou em 162,5 milhões de sacas de 60 quilos e poderá chegar a 170 milhões de sacas no próximo ano. Estas avaliações são do Conselho de Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) e mais conservadoras que as avaliações da Organização Internacional do Café (OIC), que imagina o planeta consumindo 222 milhões de sacas no ano de 2030.

Em termos de demanda, o mercado mundial está aquecido, mas como a oferta também cresceu, o resultado foi uma queda de preços médios de 14% no ano passado e desse balanço resultou incremento de 3% na receita. Para este ano o quadro deve ser melhor, inclusive porque o País dispõe de um bom volume de estoques, entre um e dois milhões de sacas, garantindo oferta ascendente mesmo que a produção interna seja um pouco menor, como se imagina. Para o País, sujeito a regras nada favoráveis do mercado de commodities, este é, mais que um problema, um risco permanente.

Crescem os volumes vendidos, mas a lógica do mercado nesses casos é diferente, sempre desfavorável a quem vende o produto em seu estado bruto, sem qualquer processamento. Entre o café em grão e o transformado em cápsulas, os preços se multiplicam exponencialmente, sugerindo de maneira bastante óbvia o que fazer e o que deixar de fazer.

E algo especialmente caro – literalmente – a Minas Gerais, que se fosse um país seria o maior produtor mundial de café e, portanto, supostamente o maior interessado nessas possibilidades. Pensando grande, como deve ser, o mais disposto a retirar da Alemanha o título de maior processador mundial de café, embora ali não seja plantada uma única muda da árvore que fornece o grão. O que não pode fazer sentido é continuar aceitando que os volumes vendidos cresçam, sem que esta diferença tenha reflexos nos preços. Processar e agregar valor é a chave, é a grande transformação que deveria ser tomada como objetivo primeiro de Minas Gerais, e não exclusivamente no caso do café. Carnes, leite e outros frutos do agronegócio, cujo desempenho no Estado é ascendente, mas poderia ser muito melhor, desde que a partir desses insumos fossem criadas condições para a recuperação de parque industrial mineiro. Faz algum sentido, por exemplo, que alguns desses produtos sejam processados no Rio de Janeiro ou Goiás, do outro lado de nossas divisas?

Fica o conselho, enfático, ao governador Zema para que busque respostas para a pergunta colocada e, nesse caminho, não deixe de lado também as riquezas minerais de nosso Estado.

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