[EDITORIAL] Solução que não resolve

22 de janeiro de 2019 às 0h01

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O Estado brasileiro virou abrigo e sustento de uma burocracia que cresceu desmedidamente, gerando um encargo que, verifica-se agora, não pode mais ser sustentado, numa situação que se repete na União, estados e municípios. Com a folha, de ativos e inativos, representando, depois do serviço da dívida, o maior dos encargos, reencontrar o equilíbrio demanda em primeiro lugar conhecer muito bem as causas do problema. Ou as causas do fenômeno que permitiram que políticos e burocratas se apropriassem do Estado brasileiro, numa inversão descabida em que cidadãos passam a servir ao Estado e não o contrário.

Tudo isso nos ocorre a propósito dos movimentos das novas administrações, visando colocar as contas em ordem, em sintonia com o elementar principio de que gastos não podem superar receitas por muito tempo e esse eventual desequilíbrio não deve ser sustentado com crédito.

No caso presente, já parece claro que as novas autoridades encontrarão pela frente muitas dificuldades, já que não faltam padrinhos para defender afilhados que participam desse processo de apropriação, num processo contínuo de transferência de renda que assumiu proporções absolutamente escandalosas.

Não podendo, ou não se atrevendo a ferir interesses e acomodações que têm resistido ao tempo, volta a ser repetida a mesma arenga que, no governo FHC, foi utilizada para promover privatizações para assim levantar recursos que cobririam os buracos existentes e ao mesmo tempo acabar com os cabides de empregos. Parecia fácil e até simples, muita coisa foi vendida, numa lista que inclui da antiga Vale do Rio Doce aos sistemas públicos de telefonia e comunicações, tudo a preço de liquidação – algo que até hoje está por ser esclarecido – e nem de longe foi possível tapar os buracos.

O mesmo discurso, ou a mesma estratégia, volta a ser repetida agora. Aqui mesmo em Minas fala-se novamente em privatizar a Cemig, que nos últimos anos perdeu tamanho e valor, com a esperança de que a operação, junto com outras como a da Copasa, baste para recompor o caixa ou, pelo menos, eliminar as aflições mais imediatas. Ledo engano, nem uma coisa nem outra e experiências anteriores bastam para demonstrar a fragilidade do modelo. Com padrões de eficiência e gestão adequada, que aliás estão relacionadas com suas melhores tradições, empresas como a Cemig poderiam cumprir um papel fundamental na recuperação de Minas Gerais.

Se erros foram cometidos, que sejam corrigidos prontamente, sem que apenas seja posta em prática a falsa ideia de que basta retirar o sofá da sala. Quem se der ao trabalho de lembrar como e porque a Cemig foi criada entenderá que a herança de JK continua sendo importante.

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