Lições da catástrofe do Feijão
30 de janeiro de 2019 às 0h01
Carlos Eduardo Orsini*
A barragem da Mineração do Feijão, pertencente à Vale, sofreu uma catástrofe, oferecendo uma serie de lições a serem usadas como elementos orientadores para futuros projetos de mineração.
As perdas humanas relacionadas com a destruição de famílias são irreparáveis, e justamente nesse aspecto que todos nós, técnicos e defensores da mineração, devemos nos concentrar quando avaliamos e desenhamos os projetos.
A região de Brumadinho na qual se situa a Mineração do Feijão é nossa conhecida há mais de 50 anos. Na MBR, imaginávamos trabalhar de forma sustentável aquelas riquíssimas reservas de minério de ferro.
Pois bem, hoje, numa oportunidade de poder participar com a equipe da GEOID de um levantamento aéreo desse desastre, sobrevoando por mais de duas horas a região, o nosso pensamento se volta no sentido de conscientizar o setor mineral mineiro e brasileiro para alguns cuidados necessários na condução de empreendimentos.
O acidente com a barragem do Fundão, da Samarco, com perdas humanas e vultosas feridas ambientais, também nos pôde ensinar a respeito das medidas mitigadoras a fim de evitar novos acidentes.
“É muito difícil construir, exige conhecimento, experiência, planejamento, tempo e até mesmo devoção, mas a destruição é facílima e muito rápida!”
Neste contexto de dificuldade, é necessário criar um paradigma que valorize o setor mineral em Minas Gerais e no Brasil, estabelecendo correções, procedimentos técnicos e inovadores que venham a modelar futuros projetos, tais como:
Investir na engenharia, na tecnologia, na experiência e no profissionalismo em troca de amadorismos de baixos custos, evitando “jeitinhos e gambiarras” que muitas vezes se vê atualmente;
Cuidar com carinho e competência da manutenção de estruturas produtivas e facilidades acessórias num empreendimento de mineração – nesse caso, o importante não é o fim, o produto final que confere o “core business” de uma empresa conceituada como a Vale, mas sim, elementos importantíssimos e de risco, como uma “barragem de rejeito”;
Estudar e buscar tecnologias alternativas para processos de tratamento de rejeitos, evitando reservatórios extremamente volumosos com riscos correntes – deve-se adotar processos de reaproveitamento desses rejeitos com o reúso da água gerada;
Aplicar sistemas de monitoramento da qualidade ambiental e de segurança através dos órgãos de fiscalização do poder público.
Diante disso, estas lições possibilitam conscientizar, mudar o comportamento e adotar atitudes necessárias para a evolução do setor mineral de Minas Gerais, com uma mineração inovadora, tecnológica e ambientalmente sustentável, honrando assim a identidade de “Minas” Gerais!
- Engenheiro de Minas e Metalurgista e Pós-Graduado em Avaliações e Perícias de Engenharia – Diretor da YKS-CEO