Governo federal sinaliza que poderá buscar a inclusão do Brasil na Opep

31 de outubro de 2019 às 0h04

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Petróleo | Crédito: REUTERS/Nick Oxford

Riad – O presidente Jair Bolsonaro afirmou ontem em evento com investidores na Arábia Saudita que gostaria que o Brasil se tornasse membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

O movimento poderia acrescentar ao cartel um importante produtor de petróleo como há muito tempo não se via.

O comentário, que Bolsonaro ressaltou ser uma opinião pessoal, acontece no momento em que o Brasil se prepara para realizar na próxima semana o que autoridades têm definido como o maior leilão de petróleo do mundo.

A licitação, que envolve excedentes de áreas concedidas à estatal Petrobras sob um contrato conhecido como “cessão onerosa”, está agendada para 6 de novembro e terá cobrança de R$ 106,5 bilhões em bônus de assinatura.

No dia seguinte, 7 de novembro, haverá outro leilão, também envolvendo áreas no pré-sal, com bônus de R$ 7,85 bilhões.

“Pessoalmente, eu gostaria muito que o Brasil se tornasse membro da Opep”, disse Bolsonaro, em uma conferência de investimentos em Riad, por meio de um tradutor.

O presidente brasileiro disse que teria que consultar seus ministros de Economia e de Minas e Energia sobre o assunto.

Embora a estatal Petrobras seja dominante na produção de petróleo e gás do Brasil, a companhia atua em conjunto com várias multinacionais privadas do setor, o que poderia ser um empecilho para ideias relacionadas à Opep, que busca coordenar a oferta de petróleo por países produtores para sustentar preços.

Bolsonaro afirmou ainda que o Brasil tem reservas de petróleo maiores do que alguns membros da Opep e que, quando o país estiver entre os seis maiores produtores do mundo, isso ajudará a estabilizar o mercado global.

Delegados da Opep disseram que conversas com o Brasil estão em andamento, embora não exista ainda pedido formal para ingressar no grupo.

A Opep, que é liderada na prática pela Arábia Saudita e tem membros como Irã, Kuweit e Venezuela, está no momento implementando um pacto de cortes de produção em associação com outros produtores não associados, como a Rússia, em aliança conhecida como Opep+.

O Brasil flertou com o grupo de produtores em algumas ocasiões desde a descoberta de enormes reservas de petróleo em áreas de pré-sal, na década passada.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a afirmar em entrevistas que desejava ver o Brasil como membro da Opep, mas o movimento não se concretizou mesmo após um convite formal do Irã em 2008.

Mais recentemente, no governo de Michel Temer, o Brasil se descolou do discurso da Opep, ao defender uma rápida expansão da produção local em momento em que o cartel buscava aliados para conter a oferta global e sustentar os preços do petróleo.

Aumento da produção – A produção de petróleo tem crescido rapidamente no Brasil a partir de campos do pré-sal, subindo 220 mil barris por dia (bpd) em agosto, para um recorde de 3,1 milhões de bpd, segundo a Agência Internacional de Energia.

Isso tornaria o Brasil o terceiro maior produtor da Opep, depois da Arábia Saudita e do Iraque, bombeando o equivalente a mais de 10% da produção atual da Opep. O Irã, um importante membro do grupo, tem visto sua produção impactada por sanções norte-americanas.

O Brasil é um produtor maior do que vários outros que deixaram e se juntaram ao grupo nos últimos anos. A Nigéria, que permanece como membro desde 1971, bombeia quase 2 milhões de bpd e é o maior produtor a ter entrado mais recentemente no cartel.

O Equador planeja sair em 2020, enquanto o Catar saiu neste ano. A Guiné Equatorial entrou em 2017 e o Congo se tornou membro no ano passado. (Reuters)

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