Rodrigo Maia defende pacificação entre os poderes, em abertura de sessão

27 de maio de 2020 às 0h09

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Crédito: REUTERS/Adriano Machado

Brasília – O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), fez um pronunciamento ontem em que convida a uma “pacificação dos espíritos”, defende a harmonia entre os Poderes e a preservação da democracia.

O discurso do presidente da Câmara ocorreu na abertura da primeira sessão da Casa após um intenso e turbulento fim de semana.

“Faço desse momento um convite à pacificação dos espíritos. Vigilantes, e desarmados de preconceitos de qualquer ordem, temos que trabalhar pelo Brasil”, disse o presidente, ao iniciar a sessão de ontem.

“A construção e a preservação da democracia exigem esforços diários, vigilância intensa e transparência”, defendeu.

Ainda na sexta-feira (22), foi divulgado vídeo de reunião ministerial em que governadores, prefeitos e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) são alvos de falas agressivas e algumas vezes chulas de integrantes do governo. Pouco antes, no mesmo dia, nota do ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, trazia tom de ameaça sobre eventual apreensão de celular do presidente da República resultar em consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional.

O presidente Jair Bolsonaro seguiu o tom e, na noite da sexta, alertou que não entregaria o aparelho telefônico, caso fosse pedido pelo Supremo. O vídeo, a nota, e possível requisição do celular de Bolsonaro tem como pano de fundo o processo do STF que apura se o presidente tentou interferir politicamente na Polícia Federal.

Soma-se a isso a decisão, de veículos de circulação nacional na última segunda-feira (25), de deixar a cobertura in loco do Palácio da Alvorada, por preocupações com a segurança dos jornalistas diante de crescente agressividade de simpatizantes do governo.

Maia acrescentou que decidiu fazer o pronunciamento porque “o momento se impôs” e que as palavras proferidas “nasceram do coletivo” da Casa.

“Impuseram-se em razão da necessidade do diálogo respeitoso entre os Poderes, princípio basilar da democracia”, acrescentou.

O deputado disse ainda que “a quarentena, o isolamento social, não são os culpados por derrubar a economia” e que “quem derruba a economia é o vírus”, argumentando que “o distanciamento momentâneo entre as pessoas salva vidas”.

O presidente da Câmara pontuou que o Parlamento respeita e cumpre decisões judiciais, mesmo quando não concorda com elas. “É isso o que determina a Carta Constitucional, e todos juramos respeitá-la”, disse Maia sobre repeitar a Justiça.

O deputado disse ainda manter boa relação com a imprensa, por considerar “importantíssimo” o papel da imprensa livre e de seus profissionais para a consolidação da democracia.

Paz – Ao comentar que mantém o diálogo institucional com o Executivo, Maia lembrou que a construção do texto que permitiu a renda emergencial de R$ 600 aos mais vulneráveis contou com a participação do governo. Citou também videoconferência da semana passada em que Bolsonaro reuniu-se com os governadores, após um período de trocas de rusgas públicas entre o presidente e alguns dos chefes dos Executivos estaduais.

O presidente da Câmara argumentou que nunca desistiu de construir “pontes” e de destruir “muros”, mesmo quando criticado.

“Devo dizer ainda, por dever de justiça, que tenho tido, por parte dos senhores e senhoras ministros, grande reciprocidade. Há duas semanas estive com o excelentíssimo senhor presidente da República, e para ser fiel à verdade, devo dizer que fui recebido com elegância e cordialidade, como mandam os ritos.”

Maia ponderou, ainda, que tem procurado manter a prudência. Por ocupar a Presidência da Câmara, cabe a Maia a decisão de dar andamento ou barrar eventual pedido de impeachment contra o presidente da República –há mais de 30 deles protocolados.

“Nos momentos mais críticos, nesses últimos anos, tenho procurado ser prudente e observar irrestritamente as normas constitucionais. Prudência não pode ser confundida com medo ou com hesitação”, disse Maia, no pronunciamento de ontem. “A coragem, muitas vezes, está em saber construir a paz.” (Reuters)

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