Moro descarta interferência em apuração

Davos – O governo federal não vai intervir na investigação sobre transações financeiras atípicas envolvendo o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e ex-assessores dele na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, afirmou ontem o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro.
Moro disse, em entrevista no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, que a investigação que envolve o filho do presidente Jair Bolsonaro está em fase preliminar e vem sendo conduzida normalmente pelos promotores do Rio de Janeiro.
“Essa é uma investigação preliminar, não há nada conclusivo sobre isso e no momento o caso está nas mãos dos promotores estaduais. Então, eles estão fazendo seu trabalho de maneira normal”, explicou o ministro.
“O governo nunca vai interferir no trabalho dos investigadores ou no trabalho com promotores”, acrescentou o ministro, na entrevista concedida em inglês.
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Flávio Bolsonaro, que é deputado estadual e assumirá o mandato de senador em fevereiro, afirma não ter cometido qualquer irregularidade.
Segundo reportagens, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou 48 depósitos de R$ 2 mil entre junho e julho de 2017 e um pagamento de pouco mais de R$ 1 milhão de um título bancário da Caixa Econômica Federal na conta de Flávio Bolsonaro.
Além disso, um ex-assessor de Flávio, o motorista Fabrício Queiroz, também é investigado por movimentações atípicas identificadas pelo Coaf no valor de até R$ 7 milhões em três anos.
Moro também defendeu, na entrevista à Reuters, o decreto sobre posse de armas recém-editado pelo governo, dizendo que a medida “não muda muito” a legislação anterior, uma vez que diz respeito apenas à posse de armas e não ao porte. O ministro reiterou que não há planos em sua pasta no momento de propor qualquer nova mudança no controle de armas.
Defesa do filho – O presidente Jair Bolsonaro afirmou, em entrevista à TV Record, que as denúncias contra seu filho Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) são uma tentativa de atingi-lo e fez uma defesa enfática do senador eleito, que está sob investigação por suspeita de movimentação atípica detectada pelo Coaf.
“Acredito nele, a pressão enorme em cima dele é para tentar me atingir”, disse Bolsonaro na entrevista realizada na noite da última quarta-feira em Davos, na Suíça, por ocasião do Fórum Econômico Mundial.
“Ele tem explicado tudo que acontece com ele nessas acusações infundadas que têm sido feitas. Ele teve sim seu sigilo quebrado, fizeram uma arbitrariedade para cima dele nessa questão… Não é justo atingir um garoto, fazer o que estão fazendo com ele, para tentar me atingir”, acrescentou Bolsonaro, que concluiu com mensagem ao filho dizendo que “tudo será esclarecido com toda a certeza”.
Flávio Bolsonaro, que é deputado estadual e assumirá o mandato de senador em fevereiro, é alvo de investigação na esfera cível da Justiça do Rio de Janeiro devido a movimentações financeiras atípicas. Ele nega ter cometido qualquer irregularidade.
Na última terça-feira foi revelado também que Flávio empregou em seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro a mãe e a mulher de um ex-policial acusado de liderar uma organização criminosa com atuação de milícia.
Além disso, um ex-assessor de Flávio, Fabrício Queiroz, também é investigado por movimentações atípicas identificadas pelo Coaf.
Antes de defender o filho na entrevista à Record, Bolsonaro havia afirmado, em entrevista à Bloomberg também em Davos, que “se por acaso ele (Flávio) errou, e isso for provado, eu lamento como pai, mas ele terá que pagar o preço por essas ações”. (Reuters)
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