Engie planeja projeto termelétrico após aquisição
São Paulo – A aquisição da empresa de gasodutos TAG junto à Petrobras, em um negócio de US$ 8,6 bilhões, é uma aposta da francesa Engie no desenvolvimento do mercado de gás do Brasil, que deverá passar por abertura semelhante a movimento visto no passado no setor elétrico local, disse o CEO da Engie no Brasil, Mauricio Bahr.
Em teleconferência com acionistas ontem sobre o negócio feito em parceria com um fundo canadense CDPQ, executivos da Engie também afirmaram que a empresa buscará viabilizar, ainda em 2019, um projeto termelétrico a gás natural no Brasil, por meio de um leilão do governo federal previsto para setembro.
“Nossa visão é que o setor de gás está vivendo hoje algo parecido com o que a gente viveu na energia elétrica lá atrás, que se abriu para o investidor privado a entrada. E a gente está vislumbrando outra ocorrência, que é o pré-sal começando a ser explorado, e esse gás precisa ser escoado”, explicou Bahr.
O governo prevê apresentar, em breve, em programa para reformar o setor de gás natural no Brasil, uma medida que também visa a reduzir os custos de energia no País. O esforço exigirá que os governos estaduais trabalhem para acabar com os monopólios das distribuidoras estatais regionais de gás, permitindo novos agentes privados no segmento.
O executivo da elétrica acrescentou que o movimento da companhia parte de uma meta da Engie de ampliar seus negócios em infraestrutura de transporte de energia, o que passa por gasodutos e linhas de transmissão, segmento em que sua subsidiária no Brasil já começou a investir.
“O objetivo é justamente diversificar a atividade na área de infraestrutura em termos de geografia. Hoje o grupo está muito concentrado em atividades reguladas de infraestrutura na Europa, e o objetivo é diversificar mais esses ativos, para dar um equilíbrio nesse portfólio”, afirmou Bahr.
A TAG opera 4,5 mil quilômetros em gasodutos no Brasil, enquanto a Engie já possui mais de 32 mil km de gasodutos na Europa, México, Chile, Argentina e Turquia.
A aquisição da TAG deverá ser concluída até maio, disseram os executivos. O negócio, anunciado na sexta-feira (5), foi fechado por meio de um consórcio entre a subsidiária francesa da Engie, a unidade local Engie Brasil Energia e o fundo de pensão canadense CDPQ.
Térmica – O gerente de Relações com Investidores da Engie Brasil Energia, Rafael Bósio, afirmou que a empresa pretende inscrever um projeto de termelétrica a gás no leilão de energia A-6 que será realizado pelo governo em setembro, no qual serão contratadas usinas de geração para entrada em operação a partir de 2025.
“Geração térmica a gás natural é um dos focos. A gente acredita que consegue participar do próximo leilão. Esse é nosso plano. Se a gente vai ser competitivo ou não, precisamos aguardar”, afirmou.
Executivos da Engie Brasil Energia disseram, em fevereiro, que a companhia tem um projeto de usina térmica (Termo Norte Catarinense) a Gás Natural Liquefeito (GNL) já com licença para uma capacidade de até 600 megawatts. A companhia, no entanto, tem buscado licença para dobrar essa potência para 1,2 gigawatt.
A Engie, líder privada em geração no Brasil, ainda não possui ativos térmicos a gás no País. A subsidiária local da companhia opera principalmente hidrelétricas e busca vender ativos térmicos a carvão, em meio a um movimento global do grupo francês de focar em ativos renováveis e gás, considerado um combustível de transição energética. (Reuters)
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