Chuvas devem aliviar custo da energia

Rio – A melhora do nível dos principais reservatórios de hidrelétricas do País promete aliviar os custos com a operação do sistema elétrico neste ano, mesmo que o conflito entre Rússia e Ucrânia possa elevar os preços de insumos usados na geração térmica, como gás natural e óleo diesel, disse o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Carlos Ciocchi.
O executivo indicou que a expectativa é de um alívio no bolso dos consumidores com a redução do despacho térmico e a extinção da bandeira tarifária “escassez hídrica”.
O ONS prevê que os lagos do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, onde estão principais reservatórios de hidrelétricas do País, encerrarão o mês de março próximos de 60% da capacidade, o melhor patamar desde 2016 e bem acima do que foi visto no ano passado, quando o País sofreu com uma hidrologia adversa e riscos de racionamento.
Apesar do cenário mais positivo, o setor elétrico brasileiro também está atento à guerra entre Rússia e Ucrânia, uma vez que o conflito pode afetar os custos de insumos para geração termelétrica, como óleo diesel e gás natural.
No ano passado, o gás natural liquefeito (GNL) já viveu um boom no mercado internacional, impactando os preços de atividades que usam o produto como matéria-prima.
“Na medida em que você (tem) um grande produtor de óleo e gás envolvido nisso (guerra), a demanda fica alterada e comprometida. E é inevitável o reflexo de preços aqui no Brasil, seja nos derivados, seja nos importadores de GNL”, disse Ciocchi.
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“É muito provável que isso venha a afetar os CVUs (custos de geração) das usinas de GNL e também de térmicas da Petrobras”, frisou.
A boa notícia, segundo ele, é que em 2022 o sistema elétrico brasileiro não deve precisar tanto das térmicas que operam com custos elevados.
Hoje, o ONS conta com o despacho de usinas com CVU num patamar “bastante razoável”, entre R$ 350 e R$ 400 por megawatt-hora (MWh).
“Mesmo as usinas boas e eficientes que a gente despacha em primeiro lugar podem sofrer um aumento de CVU significativo (em razão da guerra)”, ponderou.
O Brasil é um importador líquido de gás, e a expectativa do mercado é de que a demanda nacional pelo produto seguirá maior do que a oferta interna pelo menos até 2035 -mesmo considerando o aumento previsto com a produção do pré-sal.
Atualmente, a oferta brasileira de gás é de aproximadamente 100 milhões de metros cúbicos. Praticamente metade desse volume é produzido internamente. Outros 20 milhões vêm de importações da Bolívia, e mais 30 milhões, de compras de GNL.
“Imaginamos ainda assim que vai ser um ano muito melhor do ponto de vista de custo de operação do que foi no ano passado. Ou seja, melhor preço, melhor tarifa de energia, melhor para o consumidor”, comentou o diretor do ONS.
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