Economia

Escalada do dólar frente ao real pode ter chegado ao fim

Escalada do dólar frente ao real pode ter chegado ao fim
Volatilidade alta, entretanto, tem colocado economistas cautelosos em relação as próprias previsões - Crédito: Ricardo Moraes / Reuters

Brasília – A disparada do dólar ante o real e o peso argentino provavelmente já chegou ao fim, mostrou pesquisa da Reuters, na quinta-feira (6), mas a volatilidade intensa está deixando estrategistas e economistas cada vez mais cautelosos sobre as próprias previsões.

O dólar deve recuar 8,7%, a R$ 3,79, em 12 meses, se comparado com o atual patamar ao redor de R$ 4,15, de acordo com a mediana de 30 estimativas coletadas entre 31 de agosto e 4 de setembro.

Seria uma taxa um pouco mais alta do que o resultado de R$ 3,60 apurado na pesquisa do mês passado, revisão surpreendentemente pequena após a moeda marcar sua maior alta mensal em três anos, no mês passado. O dólar saltou 8,46% em agosto.

Mas esse dado provavelmente não representa adequadamente o quanto os especialistas estão correndo para atualizar suas estimativas. O desvio padrão, uma medida de dispersão, atingiu o maior nível desde maio de 2016, época do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, superando um pico atingido em junho.

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Três casas que participam regularmente das pesquisas de câmbio da Reuters pediram para não serem incluídas desta vez, seja porque estavam revisando suas projeções ou simplesmente porque não quiseram se comprometer publicamente.

Não é surpreendente, considerando que o dólar superou as projeções para o fim de agosto de todos os economistas que participaram de pesquisas da Reuters desde o ano passado. Mesmo o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, que ficou mais próximo de acertar o câmbio atual na pesquisa de três meses atrás, minimizou seu feito. “Em grande parte, foi sorte”, disse ele.

Agostini previu que o dólar ficará a R$ 4 por um bom tempo, mas reconheceu que isso é mais um chute do que uma estimativa precisa. “Os fatores que estão afetando o câmbio não vão desaparecer até as eleições e, mesmo depois, muito vai depender do pacote fiscal que será entregue ao Congresso e do que será aprovado. Eu mantive minha previsão a R$ 4, mas não descarto R$ 4,20, nem R$ 3,50”.

A afirmação ilustra como as eleições acabaram com qualquer pretexto de projeções objetivas, no momento em que problemas locais turbinam o impacto da aversão ao risco em toda a América Latina.

A maioria dos estrategistas que decidiram mesmo assim participar da pesquisa fizeram algum tipo de média ponderada com vários cenários eleitorais. Mas apenas dois de 30 previram o dólar mais alto do que o patamar atual em 12 meses, sugerindo um consenso de que, em alguma medida, há austeridade no horizonte.

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Peso argentino – Em contraste, as projeções para o peso se espalharam por todo o lado, variando de 28,92 a 42 pesos por dólar comparado à cotação atual de cerca de 39 pesos.
Nenhum dos especialistas que participou da pesquisa do mês anterior revisou a previsão para baixo, embora a mediana de 10 estimativas sugira que o dólar deve cair 12,2%, a 34,135 pesos em 12 meses. A mediana do levantamento anterior era de 31 pesos.

A eleição no Brasil serve de marco e gatilho para a volatilidade, que tende a diminuir quando passar. Já a fraqueza do peso diz respeito à ansiedade generalizada em relação às perspectivas econômicas da Argentina, que não tem data para acabar.

“O banco central tem cada vez menos margem para surpreender e, com crescentes riscos políticos e a confiança abalada dos participantes do mercado, há muita volatilidade no cardápio”, escreveram estrategistas do banco Goldman Sachs. (Reuters)

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