Economia

Unesco avalia que recuperação do Museu Nacional levará anos

Unesco avalia que recuperação do Museu Nacional levará anos
REUTERS/Ricardo Moraes

Brasília – A missão oficial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) que veio ao Brasil em missão de emergência para auxiliar na recuperação do Museu Nacional visitará outros seis museus no Rio de Janeiro nesta semana para avaliar a situação de risco em que se encontram seus acervos.

O objetivo é elaborar recomendações ao governo federal e às instituições responsáveis por eles para que sejam evitadas tragédias e degradação ou perda de objetos e documentos. A missão visitará o Arquivo Nacional e a Biblioteca Nacional. Os outros quatro museus ainda serão selecionados. “Outra parte da nossa missão inclui a investigação rápida de outros museus no Rio para averiguar riscos e, eventualmente, lançar um projeto mais inclusivo e prevenir situações como esta”, afirmou a chefe da Missão de Emergência da Unesco para o Museu Nacional, Cristina Menegazzi.

“A ideia é aplicar a metodologia de análise de riscos que vimos aplicando no setor do patrimônio cultural e nos permite avaliar de forma abrangente os riscos que afligem o patrimônio cultural”, completou o consultor do Centro Internacional de Estudos para a Conservação e Restauro de Bens Culturais, José Luiz Pedersoli Júnior. Ele e Menegazzi chefiam a missão de emergência no Brasil, composta ainda por dois especialistas alemães em recuperação de objetos em situações como a do Museu Nacional.

Eles apresentaram à imprensa, ontem, o andamento dos trabalhos que estão sendo desenvolvidos em parceria com entidades do governo federal, como o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), e com a Universidade Federal do Rio de Janeiro, responsável pelo Museu Nacional. A missão, financiada por um fundo da Unesco, chegou ao Brasil em 13 de setembro e permanecerá no País por dez dias.

Ajuda internacional – De acordo com Menegazzi, a prioridade da missão internacional é recuperar objetos que estão sob os escombros e restaurar o edifício, que tem valor histórico. A Unesco também coordenará a ajuda internacional oferecida por países e organizações de todo o mundo. Menegazzi afirmou que a recuperação do museu deverá levar anos, principalmente pela complexidade oriunda do incêndio. Outra dificuldade é conseguir separar o que é escombro do que tem valor histórico e científico. “Será um trabalho praticamente de arqueologia”, definiu Pedersoli. A expectativa é de que o público terá a chance de ver novamente parte do acervo destruído daqui a alguns anos.

Segundo a diretora da Unesco no Brasil, Marlova Jovchelovitch Noleto, o Museu Nacional tem backup atualizado em fevereiro de todo o acervo, o que permitirá que, mesmo o que não possa ser recuperado, seja reproduzido com novas tecnologias. Noleto afirmou ainda que o trabalho da organização internacional não integra a equipe oficial do governo que traçará o plano executivo para a reconstrução. Ela também destacou que os recursos empreendidos para isso virão do governo federal e de doações públicas e privadas. Não há, ainda, estimativa de quanto a reconstrução do museu custará.

Os integrantes da missão da Unesco visitaram o Museu Nacional na semana passada e fizeram recomendações para ações prioritárias como a cobertura do prédio para evitar que o sol e a chuva prejudiquem o que está sob os escombros. Eles voltariam ao Rio ainda ontem para continuar os trabalhos.

O reitor da UFRJ, Roberto Leher, defendeu ontem que a Unesco participe da elaboração do projeto de reconstrução do Museu Nacional. “Vamos manter o diálogo com a Unesco, porque queremos que ela participe da elaboração do projeto executivo da construção do novo museu”, disse Leher.

Cobertura – Leher afirmou também que a empresa responsável pela cobertura da área dos escombros do Museu Nacional já foi escolhida e está finalizando a entrega de documentos que comprovam sua capacidade. Segundo o reitor, a instalação das estruturas que viabilizarão a cobertura do edifício devem começar hoje. Em seguida, a universidade iniciará, com auxílio de guindastes, a instalação de um telhado metálico com cerca de 5 mil metros quadrados.

Além da Unesco, a operação será acompanhada por engenheiros e especialistas de diversas áreas da UFRJ e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O Ministério da Educação informou que vai liberar R$ 10 milhões para ação emergencial na segurança do prédio do Museu Nacional do Rio. (AE/ABr)

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