Economia

País ultrapassa centro da meta oficial em 12 meses

País ultrapassa centro da meta oficial em 12 meses
Os preços da alimentação, principalmente fora de casa, contribuíram para pressionar o IPCA do Brasil em setembro - Foto: divulgação

Rio de Janeiro/São Paulo – Os preços de combustíveis e alimentos pressionaram em setembro, e a inflação no Brasil voltou a superar o centro da meta oficial em 12 meses pela primeira vez em um ano e meio, embora isso não deva pressionar o Banco Central (BC) a elevar a taxa básica de juros, diante do alto desemprego e da recuperação econômica lenta.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,48% em setembro, depois de variação negativa de 0,09% em agosto, segundo os dados divulgados, na sexta-feira (5), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Essa é a leitura mais alta para o mês de setembro desde 2015 (+0,54%) e ficou acima da expectativa em pesquisa da Reuters de avanço de 0,41%. Com isso, a inflação acumulada em 12 meses acelerou a 4,53%, de 4,19% até agosto e estimativa de 4,45%.

O resultado é o mais elevado desde os 4,57% registrados em março de 2017 e também superou o centro da meta de inflação – de 4,50%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos – pela primeira vez desde a mesma data.

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“No início do ano, ficar abaixo do centro da meta parecia claro. Agora estamos em um momento de incerteza e de eleição que pressiona os preços. Temos que ver os últimos três meses do ano”, disse à Reuters o economista do IBGE Fernando Gonçalves.

“Ao longo dos últimos meses, emergiram pressões como safra menor, greve de caminhoneiros, dólar mais alto e combustíveis mais caros. A alta está dentro da dinâmica esperada”, completou.

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Fatores de alta – Os principais impactos para o resultado de setembro do IPCA vieram dos grupos Alimentação e bebidas e Transportes, que representam cerca de 43% das despesas das famílias.

Ao subir 1,69%, Transportes apresentou a maior variação no mês, após queda de 1,22% em agosto, registrando a maior alta para um mês de setembro desde o início do Plano Real, em 1994.

O principal responsável por isso foram os combustíveis, que subiram 4,18% em setembro, após deflação de 1,86% em agosto. No mês, a gasolina subiu 3,94%, o etanol avançou 5,42% e óleo diesel teve alta de 6,91%.

Já os preços de Alimentação e bebidas passaram a avançar 0,10% em setembro, após dois meses de quedas. Enquanto a alimentação no domicílio ficou estável, a alimentação fora subiu 0,29%.

Banco Central – Apesar do avanço visto no mês passado no IPCA, o desemprego elevado diante de uma economia que encontra dificuldades para engatar vem contendo a demanda e refreando a inflação, mesmo diante da recente desvalorização do real.

O BC vem afirmando que o grau de repasse cambial ao aumento de preços tende a ser atenuado pela ancoragem das expectativas de inflação, atividade econômica fraca e ociosidade das empresas, e que só reagirá com alta dos juros caso veja piora no cenário para a inflação.

Em sua última reunião de política monetária, o BC manteve a taxa básica de juros em 6,5% ao ano. (Reuters)

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