Mulheres negras ocupam apenas 3% de cargos em programas de pós-graduações no país

3 de dezembro de 2021 às 19h43

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Mulheres negras estão em apenas 3% dos postos de docência em universidades brasileiras - Foto de Christina Morillo no Pexels

A Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep), em parceria com o State Innovation Center, realizou nesta sexta-feira (03) o 5º encontro virtual do projeto Mulheres na Ciência, o qual tem o objetivo de fomentar a divulgação de pesquisas e incentivar a presença de mulheres, de todas as raças, no campo científico

Nesta edição, o evento contou com a participação de 5 pesquisadoras negras que atuam em diferentes institutos de ciência brasileiros, sendo duas delas atuantes em Minas Gerais. Elas representam uma minoria não só em direitos, mas em números, já que apenas 3% das mulheres negras são doutoras e professoras de programas de pós-graduação no Brasil, conforme informações da organização do evento, com base no Censo do Ensino Superior de 2019, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). 

A desigualdade está presente não só na quantidade de mulheres que ocupam os cargos docentes e de liderança científica nas universidades ou no acesso às tecnologias mais avançadas de saúde. 

Desde 2012 (início da série da pesquisa), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela, no levantamento “Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira: 2021”, que há uma desigualdade estrutural no país quando o assunto é rendimento mensal de pessoas ocupadas segundo distinções de sexo e raça.

De acordo com a Síntese, em 2020, a população de cor/raça branca ganhava cerca de 73,3% mais do que a população negra. Vale ressaltar, ainda, que homens ganhavam 28,1% a mais que as mulheres. 

Para a presidente da Associação Nacional de Citotecnologia e pesquisadora da Seção Integrada de Tecnologia em Citopatologia da Divisão de Patologia do Instituto Nacional do Câncer (Inca), Simone Maia Evaristo, eventos como o realizado hoje, de divulgação, e o resgate da história de pessoas que ocuparam cargos na ciência e que foram disruptivas em seus tempos é que podem mudar esse cenário. 

“Movimentos de visibilidade e exemplos de pesquisadoras é que incentivam outras pessoas e fazem com que elas enxerguem que também podem estar aqui. Eu mesma não me enxergava enquanto pesquisadora, eu precisei que alguém me chamasse para eu entender isso”, afirmou. 

Importância dos investimentos

A pesquisadora mineira, bióloga e chefe do Serviço de Biologia Celular da Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento da Fundação Ezequiel Dias (Funed), Luciana Maria Silva Lopes, afirma que “faltam verbas para mapear o status epidemiológico de doenças oncológicas na população negra”, o que poderia revelar avanços e tratamentos específicos para a população, observando fatores étnicos e socioeconômicos. 

Ainda conforme lembrou Lopes, a maior parte da população negra do País é pobre e depende de recursos do Sistema Único de Saúde (Sus) para o tratamento de doenças. “As pessoas às vezes querem criticar o Sus, mas nós devemos fazer críticas que fortaleçam o Sistema. O acesso é mais difícil, a fila é maior porque ele atende mais pessoas que os planos de saúde. Ele precisa ser fortalecido para termos mais acesso a tecnologias”, defendeu ela. 

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