Apesar de esforços, panificação em MG projeta queda de 5% para 2020

16 de outubro de 2020 às 0h20

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Crédito: Alisson J. Silva/Arquivo DC

Todos os esforços que as padarias têm feito para recuperar as vendas perdidas com os reflexos da pandemia da Covid-19 devem resultar em encerrar 2020 com cerca de 5% de queda. A estimativa é do presidente do Sindicato e Associação Mineira da Indústria da Panificação (Amipão), Vinícius Dantas.

No melhor dos cenários, o setor permanecerá no zero a zero – sem retração, mas também sem crescimento. Nesta sexta-feira (16), Dia Mundial do Pão, os negócios do segmento têm muito o que comemorar, mas também se veem em meio a alguns obstáculos.

São vários os motivos que tornam o cenário desafiador. Além do receio que diversas pessoas ainda têm de sair de casa, do fechamento de empresas próximas a padarias, sobretudo as localizadas nas áreas centrais, diminuindo o movimento, há também a alta dos preços e falta de determinadas mercadorias. Alguns estabelecimentos chegaram a registrar, na fase mais crítica da pandemia, recuo de 70% nas vendas. As demissões em todo segmento foram de algo próximo aos 15%.

Agora, mais intensamente nos dois últimos meses, com um retorno maior ao consumo como uma das razões, a elevação dos valores de alguns produtos aumentou o custo de produção a um patamar em torno de 10% a 12%.

“Os aumentos têm sido exorbitantes, como os do óleo de soja e o do óleo de algodão, usado nas frituras. Uma coisa vai puxando a outra. O trigo voltou novamente a subir e, consequentemente, estamos com dificuldades de manter os preços”, relata Dantas que, lembra, ainda, que os preços da carne, muito usada na linha de salgados, também aumentaram.

No entanto, a maior parte dos estabelecimentos, destaca o presidente da Amipão, ainda não realizou reajustes. A exceção vai para padarias menores, que já praticavam valores muito baixos e precisaram mexer neles.

Além dos aumentos dos custos, a alta do dólar, junto à redução da produtividade em algumas indústrias no período em que as medidas de isolamento social foram mais intensas, segundo Dantas, têm sido uns dos maiores responsáveis também pela falta de mercadorias.

O presidente da Amipão destaca que já há companhias de bebidas com dificuldades de comprar embalagens. A falta de leite em pó, acrescenta, tem trazido dificuldades para algumas empresas de sorvete. “Com o dólar mais alto, muitos estão exportando prioritariamente, pois estão recebendo em dólar”, ressalta.

Retomada – Diante de todo esse quadro, a estimativa é de que, em média, as padarias tenham recuperado somente 20% do que perderam até agora. Em parte, porque muitas pessoas têm frequentado mais esses locais, uma vez que diversos profissionais retornaram ao trabalho presencial.

Além disso, conta Dantas, os estabelecimentos têm se movimentado em várias frentes para recuperarem os números. As ações vão desde a criação de uma gestão mais eficiente até o fomento do delivery. “A panificação, com muito sacrifício, não deixou faltar o pão na mesa do brasileiro e ajudou a manter a sociedade abastecida e alimentada”, destaca o presidente da Amipão.

Minas quer aumentar produção de trigo

A Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) defende a ampliação da produção nacional de trigo para a redução da dependência externa e da redução do preço.

“Precisamos reduzir a vulnerabilidade e a dependência externa de um produto tão estratégico quanto o trigo, que está na mesa de todos os brasileiros. Isso não ocorre da noite para o dia, mas, com o apoio do Ministério da Agricultura, vai haver uma tendência de ampliação das áreas plantadas nos próximos anos”, afirma o presidente da entidade, Rubens Barbosa.

Em Minas Gerais, o governo está incentivando o aumento do plantio de trigo. Atualmente, o Estado é responsável por 3% da produção nacional, atrás de Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo.

“O trigo tem algumas características do Sul, e nós aqui, a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) junto com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), temos trabalhado muito na introdução do trigo no cerrado. Em 2005, produzimos 64 mil toneladas, hoje são 205 mil. É pouco ainda, mas já é um ganho de três vezes em relação a 15 anos atrás”, afirma o subsecretário de Política e Economia Agropecuária do Estado, João Ricardo Albanez.

Segundo ele, a região do Alto Paranaíba é a maior produtora de trigo em Minas Gerais. (Abitrigo)

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