Cobiçado, leilão de sexta-feira traz apreensão

25 de setembro de 2018 às 0h01

Rio de Janeiro – A Exxon Mobil, a Shell e outras empresas vão participar na próxima sexta-feira de um leilão de cobiçadas áreas de petróleo e gás do pré-sal, antes de eleições que criam temores sobre barreiras para o investimento estrangeiro e até sobre a continuidade das licitações.

O leilão, no Rio de Janeiro, de quatro blocos nas bacias de Santos e Campos acontece apenas uma semana antes da eleição presidencial mais imprevisível em uma geração, que inclui candidatos que podem procurar diminuir o ritmo dos leilões de petróleo, revisar a legislação favorável ao mercado ou até mesmo reclamar campos de óleo já leiloados.

“Eles podem tentar revisar o processo todo de abertura (da indústria petrolífera) para as companhias internacionais de petróleo”, disse um executivo do setor de serviços petroleiros, que se recusou a ser identificado.

Atraídas pela geologia de classe mundial, pela diminuição de reservas em outros lugares e a alta dos preços da commodity, as companhias deixaram muito dinheiro no Brasil, o maior produtor da América Latina, para garantir participação na camada de pré-sal do País, onde bilhões de barris de petróleo estão presos sob uma camada grossa de sal no oceano.
A chinesa CNooc, a Chevron, a BP, a norueguesa Equinor e a francesa Total também estão todas registradas para participar no leilão.

O seu interesse foi incentivado por políticas favoráveis à indústria sob o presidente Michel Temer, incluindo o afrouxamento de regras que favoreciam fornecedores locais e a suspensão da obrigação de a Petrobras ser o único operador nos blocos de pré-sal.
Temores de um retrocesso dessas políticas devem encorajar grandes apostas na sexta-feira, de acordo com Edmar Almeida, professor do Departamento Energia na Universidade Federal do Rio de Janeiro. “Será um leilão muito disputado”, ele disse.

O candidato de direita, Jair Bolsonaro, que lidera as pesquisas, falou pouco sobre o setor petroleiro, apesar de, como deputado, ter uma vez votado contra diminuir o monopólio da Petrobras. Ele tem comentado ideias de privatizações e indicou que irá adotar uma abordagem favorável ao mercado, se for eleito.

Entretanto, as pesquisas de intenção de voto indicam que o provável segundo turno no dia 28 de outubro teria uma disputa apertada. Fernando Haddad, um acadêmico de esquerda que subiu para o segundo lugar nas pesquisas depois de ser apoiado pelo ex-presidente Lula, que está preso atualmente, tem uma visão muito mais nacionalista da indústria.

Prometendo “recuperar o pré-sal para servir ao futuro da população brasileira, não aos interesses das empresas internacionais”, de acordo com a sua plataforma, ele restauraria os requerimentos mais restritos para usar fornecedores locais.

É incerto se Haddad adotaria também a promessa de Lula de retomar o monopólio da Petrobras como única operadora de campos de pré-sal e diminuiria o ritmo dos leilões.
Ciro Gomes, ex-governador de esquerda que está em terceiro lugar, ameaçou congelar os leilões e expropriar os blocos que já foram vendidos.

Se Haddad ou Ciro ganhar, “nós podemos dar adeus aos leilões”, falou outro executivo do setor, que pediu para não ser nomeado. “Eles querem nacionalizar tudo de novo. Será o inferno”.

Blocos preferidos – As melhores ofertas desta semana devem ser pelos blocos de Titã e Saturno, na Bacia de Santos, que foram retirados pela Justiça de um leilão anterior em março, decepcionando a Exxon.

Tanto Pau Brasil, na Bacia de Santos, e o sudoeste do campo de Tartaruga Verde, na Bacia de Campos, não receberam ofertas em uma rodada no ano passado. Porém, dessa vez, a Petrobras exerceu seu direito de preferência na licitação do bloco de Tartaruga Verde, adjacente a uma área que a estatal já possui.

Sob as leis brasileiras, a Petrobras pode expressar interesse prévio em operar um bloco onde poderia operar com pelo menos 30% de participação. A estatal também pode fazer ofertas por outros blocos no dia do leilão em que não exerceu preferência.

As empresas competirão ofertando a maior quantidade de petróleo – subtraindo custos indiretos – ao governo, com os lances mínimos indo de 9,5% a 35%. (Reuters)

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