Flagrantes da hora política

9 de agosto de 2018

“No curto espaço de tempo reservado à propaganda eleitoral, os ilustres candidatos vão ter que explicar a que vêm.” (Domingos Justino Pinto, educador) Com a abertura da temporada das entrevistas e debates com os candidatos à Presidência, os eleitores estão tendo oportunidade de conhecer mais de perto as ideias e propostas dos que disputarão nas urnas sua preferência e simpatia. Pelo que já deu pra perceber até agora, Ciro Gomes, do PDT, vem levando nítida vantagem, com relação aos oponentes, em matéria de conhecimento de causa, vivência pública, capacidade para expor planos e projetos e em expender argumentos a respeito de questões relevantes, de ordem administrativa e política, trazidas à mesa de debates pelos entrevistadores. Verifico também que esta mesma impressão ganha corpo até entre pessoas que criticam o ex-governador do Ceará, por vezes com veemência, pelas atitudes temperamentais ao mesmo imputadas amiúde. Não me surpreenderá nadica de nada qualquer relato acerca de eventual crescimento dos índices do candidato nas pesquisas vindouras. Está certo. Pesquisa é uma coisa, eleição é outra coisa. Cabe, aliás, relembrar que, em mais de uma ocasião, os resultados numa e noutra situação, como se diz no popular, acabaram não conjuminando… Mas mesmo com a salvaguarda de que elas exprimam tendências momentâneas, suscetíveis, por conseguinte, às chuvas e trovoadas de possíveis alterações, as consultas prévias aos eleitores sobre em quem pretendem votar não podem deixar de ser consideradas um tipo de manifestação da vontade popular que reclama de observadores qualificados análises e interpretações cuidadosas. A preferência manifesta, há meses num crescente, pelos nomes de Lula a Presidência e de Dilma para o Senado em Minas Gerais, com números bem superiores aos contendores, merece por certo aprofundada reflexão. Qual o verdadeiro significado disso tudo? De outra parte, a circunstância de a candidatura Jair Bolsonaro despontar, nas mesmíssimas pesquisas, neste preciso momento, mesmo que os índices ostentados não sejam muito significativos, à frente dos outros contendores na hipótese da ausência na pugna eletiva do ex-presidente, é um outro indicador a pedir análise circunstanciada. Ninguém em sã consciência deseja, obviamente, nesta quadra da vida nacional, que a instabilidade política, social e econômica se agrave. Esse papo de “quanto pior, melhor” afronta o bom senso, alveja a cidadania. Consulta apenas conveniências deletérias detectadas nas lateralidades ideológicas incendiárias. Eleições à vista, o que toca a todos nós é aguardar, com serenidade e esperança, a possibilidade que a democracia alentadoramente nos proporciona de poder buscar, pelo voto consciente, legítima e inteligentemente, a almejada correção dos desacertos acumulados em nossa trajetória como Nação vocacionada a desempenhar papel de grandeza no cenário internacional. Tudo isso devidamente considerado, é bom, entretanto, não perder de mira o que se segue. Se a impopularidade dos detentores do poder político é de molde a afetar a capacidade administrativa, como de certo modo ficou positivado no episódio do impedimento de Dilma Rousseff, a Nação encontra razões de sobra para externar preocupações na hora presente. Todas as avaliações sobre a atuação do governo Michel Temer, procedidas pelos institutos de pesquisas, envolvendo manifestações sobre o grau de confiança nele depositado pelos diversos segmentos comunitários, acusam ausência flagrante de empatia e existência de avolumada dose de desconfiança no sentimento popular. Mesmo contando com relativa boa vontade da mídia, satisfatório apoio parlamentar – sabe-se lá à custa de que ordem de compromissos! – e de razoável ajuda das lideranças representativas das classes produtoras, os dirigentes do poder central amargam as vicissitudes de um descrédito popular nunca, dantes, jamais registrado em nossa crônica republicana. Isso aí! O eleitor consciente está calvo de saber que a correção de rumos ardentemente almejada pela sociedade nas eleições que se avizinham passa, obrigatoriamente, pela escolha de candidatos que saibam projetar o autêntico sentimento nacional. Cidadãos de ilibada reputação, dotados de capacidade de liderança, inteligência, cultura, engenho criativo, sensibilidade social, visão empreendedorista. Além disso, claro está, providos de espírito aberto, sólida formação democrática, avessos a preconceitos de raça, de gênero, de credo, prontos para confrontar posturas malévolas nascidas do obscurantismo cultural, da fanatice e radicalismos. * Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

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