Hedge pode ser adotado para o diesel

11 de setembro de 2018 às 0h01

São Paulo – A Petrobras deve estudar a possibilidade de utilizar operações de hedge para evitar um excesso de volatilidade nos reajustes do diesel, após o encerramento de uma política de subsídios ao combustível no Brasil que deve vigorar até o fim do ano, disse a jornalistas ontem o presidente da petroleira, Ivan Monteiro.

A fala vem após a estatal ter anunciado na semana passada a aprovação pela diretoria da opção de adotar um mecanismo de hedge para a gasolina.

Com a iniciativa, toda vez que a empresa antevir uma volatilidade no mercado, poderá congelar por até 15 dias o preço do combustível na refinaria e comprar futuros de gasolina nos EUA com base nos volumes diários comercializados para não incorrer em perdas financeiras.

Leia também:
Dívida líquida deve ir a US$ 69 bi

“A gente vai olhar principalmente o que está acontecendo em relação a essa experiência na gasolina e eventualmente poderia aplicar no diesel também… agora ainda é muito preliminar… é algo que a gente pode vir a fazer também para o diesel, mas até o momento sem nenhum tipo de decisão interna na companhia”, disse Monteiro, durante coletiva de imprensa em São Paulo.

O programa de subsídio ao diesel foi lançado após uma histórica greve de caminhoneiros em maio, contra os altos preços do combustível. A paralisação causou sérios danos à economia brasileira e também teve como consequência a renúncia de Pedro Parente da presidência da Petrobras.

Durante toda a sua gestão, Parente sempre defendeu a independência de a Petrobras estabelecer preços, sem interferências governamentais, e que os ajustes deveriam ocorrer quase que diariamente, para que a empresa pudesse garantir rentabilidade e evitar perdas de mercado.

Monteiro negou que o programa tenha sido discutido com economistas de candidatos à Presidência com os quais representantes da empresa têm se encontrado para apresentar resultados e planos da petroleira estatal.

Até o momento, não há informação de que a Petrobras já tenha sido autorizada pela reguladora ANP a receber os subsídios que podem ter somado até R$ 0,30 por litro.
A conversa com os jornalistas ontem ocorreu após a diretoria da companhia ter realizado um encontro com analistas de mercado em São Paulo para apresentar resultados da empresa.

Na ocasião, os executivos previram que a dívida líquida da estatal deverá alcançar US$ 69 bilhões no fim deste ano, ante US$ 85 bilhões em 2017, à medida que o programa de gestão de endividamento dá resultados.

Futuro – Monteiro admitiu aos jornalistas que os preços do petróleo Brent acima dos US$ 70 auxiliaram na trajetória de redução da dívida da companhia, uma vez que as estimativas do plano de negócios da empresa previam os valores em cerca de US$ 53 neste ano. O executivo ainda se mostrou otimista com o comportamento futuro dos preços.

“De um modo geral, a gente vê muita consistência, todos os relatórios de todos os previsores apontam que isso deve continuar para o ano de 2019 e eventualmente até para o próprio ano de 2020”, falou Monteiro aos jornalistas.

A respeito do bilionário plano de desinvestimentos, Monteiro reiterou que ainda não há decisão sobre a possibilidade de venda da participação da Petrobras na Braskem. Do ponto de vista estratégico, a empresa vem estudando internamente qual deveria ser a presença da Petrobras na petroquímica.

A Petrobras quer estar preparada para uma possível decisão do grupo LyondellBasell de comprar a participação da Odebrecht na Braskem. As negociações vêm ocorrendo há meses.

“A partir do momento em que a gente for notificado (do fim das negociações) tem um prazo de até 60 dias para fazer análise interna; evidentemente, a gente não está aguardando ser notificado”, afirmou.

“Essa discussão ia ser colocada em prática ou ia ser externada um pouco mais adiante, na revisão do planejamento para 2019-2023, e a gente antecipou justamente porque a gente acha que pode haver um evento importante, que é o que fazer, qual vai ser a decisão da Petrobras em relação aos termos do acordo da LyondellBasell com a Odebrecht”, afirmou. (Reuters)

Tags:
Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

Siga-nos nas redes sociais

Comentários

    Receba novidades no seu e-mail

    Ao preencher e enviar o formulário, você concorda com a nossa Política de Privacidade e Termos de Uso.

    Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

    Siga-nos nas redes sociais

    Fique por dentro!
    Cadastre-se e receba os nossos principais conteúdos por e-mail