A pandemia do novo coronavírus (Covid-19) afetou diretamente a Mutari, fabricante de cosméticos (linha profissional e home care), sediada em Belo Horizonte, que teve redução de cerca de 90% nos negócios no último mês.
Como forma de se reinventar e tentar amenizar as perdas em função das medidas de distanciamento social e a paralisação de atividades consumidoras dos produtos da marca, a empresa começou a fabricar álcool 70%.
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De acordo com o presidente da Mutari, Olindo Batistelli, a própria estrutura da fábrica está sendo utilizada para a produção do bactericida, que será comercializado e também doado pela empresa nos formatos gel e líquido.
“Começamos fazendo para uso próprio e de familiares e, aos poucos, as demandas foram chegando. No último mês, produzimos cerca de 4 mil litros diariamente”, comentou.
Embora o volume não seja suficiente para suprir as perdas dos pedidos de cosméticos e produtos capilares, conforme o empresário, dará para amenizar os impactos referentes à crise instaurada pelo coronavírus no País.
Na avaliação de Batistelli, o ano não está totalmente perdido sob o ponto de vista econômico, no entanto, os impactos serão fortes e inevitáveis. Ele não arriscou projeções de crescimento ou decréscimo para os negócios da empresa no encerramento de 2020, mas disse que o segundo semestre será desafiador.
“Começamos o ano muito bem. Tivemos os melhores janeiro e fevereiro da história da empresa. Mas a chegada da pandemia interrompeu a curva de crescimento. É difícil dizer se conseguiremos recuperar nos próximos meses, porque o cenário é bastante incerto”, avaliou.
No início de 2020, o presidente da empresa apostava em um incremento de 2,5% no faturamento da Mutari neste exercício, no pior dos cenários. Em 2019, a empresa já tinha registrado avanço de 2% sobre o ano anterior.
“Diante das melhores condições econômicas e dos esforços internos, se crescermos o previsto na pior das hipóteses, já teremos um faturamento 2,5% maior. No cenário mediano esperamos um crescimento de 5% e no otimista de 10% sempre sobre o ano anterior”, disse, em janeiro último.
Sobre o quadro de funcionários, que hoje soma 110 pessoas, o empresário disse que está mantido, com metade trabalhando em home office, com carga horária reduzida, e a outra metade atuando normalmente.
Além da venda para empresas e distribuidoras, a Mutari também está fazendo doações de álcool 70%. Em uma parceria com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais (IFMG), por exemplo, foram produzidos 4 mil litros de álcool 70% líquido para serem distribuídos entre os hospitais da rede Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Para o processo, a Mutari entrou com a produção e a responsabilidade técnica. Já o IFMG com os insumos necessários para a produção e com a distribuição do material, em galões de 5 litros. De acordo com uma das responsáveis pelo projeto, Flávia Siqueira, o álcool líquido tem a mesma função do álcool em gel, no que diz respeito à proteção ao Covid-19.
A empresa também doou meia tonelada de álcool em gel para a Casa da Acolhida Padre Eustáquio (Cape), em uma parceria com a dupla sertaneja César Menotti e Fabiano, que realizou um show ao vivo na internet, na noite de quinta-feira (16).