Novo presidente promete explicar caixa-preta
9 de julho de 2019 às 0h04
Rio de Janeiro – O novo presidente do BNDES, Gustavo Montezano, pretende acelerar a venda de participações do banco em empresas, devolver recursos ao Tesouro Nacional, além de explicar a chamada caixa-preta, segundo apresentação interna feita pelo executivo à qual a Reuters teve acesso.
Na apresentação, Montezano declarou que vai trabalhar no banco para a devolução de até R$ 126 bilhões ao Tesouro.
O banco de fomento já aprovou a devolução de R$ 30 bilhões ao Tesouro Nacional. Na última década, o Tesouro irrigou o BNDES com cerca de R$ 500 bilhões, que eram repassados em empréstimos subsidiados. Mas, recentemente, o banco vem devolvendo parte desses recursos ao governo.
“Ele falou em devolver R$ 126 bilhões. Tem que fazer para chegar a isso. Mas, como o desembolso está baixo, acho que é possível”, disse uma fonte em condição de sigilo.
Montezano deve tomar posse nos próximos dias, substituindo Joaquim Levy, que deixou o cargo após ter sido criticado em público pelo presidente Jair Bolsonaro.
Outra meta de Montezano mostrada no documento é acelerar a venda de participações detidas pelo BNDES por meio de seu braço BNDESPar em empresas como Petrobras e Vale.
“O presidente disse que a ideia é transformar o BNDES em uma agência especializada ou banco de serviços do governo, em complemento ao mercado, e que a lucratividade não será mais uma meta”, afirmou uma segunda fonte familiarizada com o assunto.
Montezano também definiu como objetivo, em até oito semanas, “explicar a caixa preta”, expressão usada pelo governo Bolsonaro para financiamentos dados pelo banco a empresas brasileiras que prestaram serviços, em sua maioria de engenharia, a países do exterior. Segundo Bolsonaro, os financiamentos tiveram viés ideológico e causaram prejuízos ao País.
Consultado sobre a apresentação feita por Montezano, o BNDES não se manifestou de imediato. (Reuters)