Vale da Eletrônica tem encomendas canceladas

15 de abril de 2020 às 0h16

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Crédito: Divulgação/Seds

Os efeitos negativos provocados pela pandemia do novo coronavírus afetaram as empresas do Vale da Eletrônica, localizado em Santa Rita do Sapucaí, no Sul do Estado. Além do desabastecimento de peças e componentes vindos da China para montagem de equipamentos eletrônicos, o mercado para os produtos está parado, o que tem provocado o cancelamento de pedidos e impedido a formalização de novos contratos.

O setor também cobra medidas mais efetivas dos governos para realmente auxiliarem os empresários a superar a crise e manter os empregos.

De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Vale da Eletrônica (Sindvel), Roberto de Souza Pinto, as medidas já anunciadas – principalmente em relação às linhas de crédito – podem provocar o maior endividamento dos empresários, que irão contrair dívidas sem uma perspectiva de quando ocorrerá a melhoria do mercado. A destinação de recursos financeiros aos empresários, sem custos, é uma sugestão para que as empresas se mantenham e não demitam.

“Hoje vivemos uma situação diferente. Os empresários, normalmente, conseguem se planejar para contratar um crédito, avaliando as perspectivas de mercado e as condições das empresas em quitar o valor. Porém, hoje, não sabemos quanto tempo será necessário para o controle da pandemia e para a retomada do mercado. É uma situação que impede o planejamento e faz com que as linhas de crédito lançadas pelos governos se tornem arriscadas para os empresários, que vão contrair dívidas em um cenário incerto. Se a crise for controlada em 60 dias, o financiamento é solução, mas se não resolver em 60 dias, o crédito aumentará o problema”, explicou.

Ainda segundo Souza Pinto, o governo deveria conceder recursos financeiros para os empresários. “A ajuda aos empresários é importante para que eles tenham condições de manter a empresa e os empregos, diminuindo a necessidade de auxílio emergencial para a população. Uma empresa do Vale da Eletrônica pode empregar de 20 a 400 pessoas. O governo tem que socorrer as famílias que precisam, o que tem sido feito com o auxílio de R$ 600, mas seria importante ajudar de imediato e com muita força os empresários, que geram os empregos”, disse.

Em relação aos impactos na produção, Souza Pinto explica que todas as empresas do arranjo produtivo foram afetadas de forma negativa, mas em níveis diferenciados. A produção em algumas foi suspensa e outras indústrias trabalham em ritmo bem mais lento.

Também há empresas que estão com as atividades comprometidas por falta de peças para a produção.

“No Vale da Eletrônica, a situação é a mesma dos demais setores. Tivemos demissões, concessão de férias para funcionários do grupo de risco, férias antecipadas, redução de jornada e diversos acordos, conforme a necessidade de cada empresa. A produção caiu, seguindo as condições do mercado. Muitas empresas têm o produto para entrega, mas não têm demanda. Com isso, muitas programações de produção foram adiadas. O mercado para os nossos produtos não está comprador, está parado, com isso, as indústrias pararam ou reduziram muito a produção”, explicou.

Matéria-prima em falta – Além dos desafios de mercado, muitas empresas também estão sem matéria-prima, o que impede a produção. “Várias empresas já não têm a matéria-prima que forma os kits para colocar em produção. Para se produzir uma placa eletrônica, por exemplo, são necessários dezenas ou centenas de componentes eletrônicos, dependendo da placa, se faltar um, não tem como montar”, disse.

Em relação à China, de onde vem grande parte da matéria-prima que abastece o Vale da Eletrônica, Souza explica que, em janeiro e fevereiro, o país asiático não forneceu nenhum insumo para as empresas da região. Desde março, começaram os primeiros sinais de retomada, mas a chegada de mercadoria ainda é pequena.

O fornecimento de peças deve ocorrer de forma gradual, conforme a recuperação do mercado nacional e das condições das empresas adquirirem os produtos.

“Na China, pelos nossos contatos, a produção já está normal. Foi iniciada em final de março e início de abril e está estabilizada. Em relação aos pedidos do setor, acredito que será um conjunto de ondas pequenas puxando uma onda grande, ou seja, o mercado voltando aos poucos com a demanda e as empresas também indo às compras aos poucos.

Nós acreditamos que, com 60 dias, a pandemia passará e, mais 30 dias, conseguiremos normalizar a produção”, explicou o presidente do Sindvel.

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