Valor do frete subiu 40% no Estado para setor lácteo

28 de agosto de 2018 às 0h05

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Custos do frete sobem 45% na coleta de leite no campo, entre 50% e 150% na fase refrigerada e até 70% na distribuição/CRÉDITO: DIVULGAÇÃO

Desde que entrou em vigor, o tabelamento do frete vem causando diversos prejuízos ao setor produtivo e um dos mais afetados é a cadeia láctea. Conforme levantamento feito pela Associação Brasileira de Laticínios (Viva Lácteos), em algumas etapas do transporte do leite e derivados, o custo foi alavancado em até 150%. Em Minas Gerais, a situação também é desfavorável para o setor, que prevê queda nos investimentos, perda da competitividade e elevação dos preços para o consumidor. No setor lácteo, o aumento médio no valor do frete, no Estado, está em torno de 40%.

A Viva Lácteos ressalta que o transporte rodoviário de cargas é o principal meio de escoamento da produção de produtos lácteos, o que faz o custo das indústrias aumentar significativamente com o tabelamento de preços obrigatório. Por trabalhar com produtos perecíveis, a logística na indústria de laticínios tem características bem peculiares, por isso, diariamente, a produção percorre uma extensa malha viária em todo o País.

A estimativa da associação é de que o transporte dos produtos corresponda de 8% a 20% do custo final do leite e derivados, dependendo do tipo de produto industrializado (perecível ou não), das distâncias a serem percorridas em toda cadeia, das características regionais e do tipo de veículo.

Em função das peculiaridades, o setor tem registrados perdas significativas. Caso o tabelamento do frete seja mantido, essas perdas poderão afetar os investimentos e a competitividade, e contribuir para o aumento da inflação, uma vez que a cadeia leiteira não consegue absorver o aumento dos custos, que é repassado ao consumidor.

O levantamento da Viva Lácteos mostra que o impacto do tabelamento do frete no primeiro percurso do leite – feito em caminhão de dois eixos na coleta do leite nas propriedades rurais – teve um aumento que varia de 10% a 45%. No percurso secundário a elevação pode variar entre 50% e 150%. Nesse caso o aumento é mais significativo porque o caminhão sai vazio até o posto de refrigeração e volta com o leite refrigerado. Na parte de distribuição, o impacto vai de 40% a 70%, conforme os tipos de caminhão utilizados, sendo refrigerado ou não.

Considerando a média nacional, com o aumento em todas as etapas de transporte do leite e derivados, a estimativa é de que o impacto no custo total seja de uma elevação que varia de 2% a 6%.

Aumento da despesa chegará aos consumidores

De acordo com o diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Laticínios do Estado de Minas Gerais (Silemg), Celso Moreira, o impacto dos preços tabelados é significativo no Estado e algumas empresas tendem a investir em frota própria para reduzir os custos com o transporte, o que é prejudicial para as transportadoras.

“Em algumas situações, as indústrias têm registrado, em média, um aumento próximo a 40% no valor do frete. O que é muito alto. Esse aumento vai interferir seja no custo da aquisição do leite, seja no transporte dos produtos acabados e, claro, nos preços para o consumidor. O que entendemos e já ouvimos de empresas transportadoras é que quem elaborou a tabela tem pouco conhecimento e pouca prática em relação a custos de transporte. Dessa forma, a tabela ficou supervalorizada. Ela tem efeito mais político e eleitoreiro do que a intenção de reduzir o atrito entre o transportador e o contratante”, explicou Moreira.

Ainda segundo Moreira, o impacto negativo do tabelamento dos preços do frete e o consequente aumento dos custos será a perda de capacidade do setor em investir em expansão, em novas tecnologias e na modernização. Também haverá perda da competitividade e aumento dos preços para os consumidores. Por isso, o setor é contrário à manutenção do tabelamento.

“Nós somos contrários a todo tipo de intervenção na economia. O setor lácteo tem experiência nefasta em relação a tabelamento, uma vez que o preço do leite foi tabelado até o período do governo Collor. O que nós sabemos de fato no setor leiteiro, em relação a tabelamento, foi que as indústrias tiveram um atraso muito evidente em relação à evolução do setor. O tabelamento sempre foi desastroso. Na verdade, tudo que o governo tenta intervir acaba sendo. Nós entendemos que, ao impor uma tabela para o frete, vai acontecer a mesma coisa. Essa decisão do governo vai prejudicar a todos”.

O representante do Silemg ressalta que os custos de produção do setor lácteo já são impulsionados pela má conservação da malha viária e a falta de segurança nas rodovias, o que é obrigação do governo. Com o aumento do roubo de cargas, para entregas em algumas localidades, as indústrias estão com dificuldades em contratar o seguro para as cargas, seja pela elevação dos preços ou recusa das seguradoras.

“Abominamos a tabela do frete, que está supervalorizada. Convivemos com estradas ruins, o que aumenta os custos. A falta de segurança tem feito com que os seguros de carga cheguem a preços alarmantes. Além disso, algumas seguradoras e empresas estão adotando a contratação de escolta armada para distribuir os produtos. Estamos acumulando ônus devido à interferência e à má condução da gestão pública”, disse Moreira.

 

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