Consumo das famílias deve recuar 5,39% este ano

15 de agosto de 2020 às 0h19

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Expectativa é de que em 2020 sejam movimentados cerca de R$ 4,465 trilhões na economia | Crédito: Luciana Montes

O desastre na economia causado pela pandemia do Covid-19 foi sentido por todos os setores e fica ainda mais claro quando observamos o consumo das famílias. Segundo o estudo IPC Maps 2020 – especializado há mais de 25 anos no cálculo de índices de potencial de consumo nacional, com base em dados oficiais -, o consumo das famílias brasileiras ficará comprometido ao longo de 2020, se igualando aos patamares de 2010 e 2012, descartando a inflação e levando em conta apenas os acréscimos ano a ano.

A projeção é uma movimentação de cerca de R$ 4,465 trilhões na economia — uma queda de 5,39% em relação a 2019 — a uma taxa também negativa do PIB de 5,89%.

De acordo com o sócio da IPC Marketing Editora e responsável pela pesquisa, Marcos Pazzini, Minas Gerais segue os resultados brasileiros e se manteve em segundo lugar, atrás apenas de São Paulo. Como um todo, o Estado apresentou aumento na participação do consumo nacional – passando de 10,17% para 10,24% -, porém teve queda em relação ao total do ano passado, caindo de R$ 476,8 bilhões para R$ 457,4 bilhões.

“Esse é um crescimento pequeno, mas que vai significar mais R$ 3 bilhões no bolso da população mineira. Isso não significa que tenha mais dinheiro circulando, mas significa que esse valor deixou outros estados e passou para Minas Gerais dentro de um cenário de perda geral”, explica Pazzini.

Das dez cidades mais bem avaliadas, as oito primeiras mantiveram suas posições no ranking estadual de 2019 para 2020. São elas: Belo Horizonte, Uberlândia, no Triângulo; Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH); Juiz de Fora, na Zona da Mata; Betim, na RMBH; Uberaba, no Triângulo; Montes Claros, no Norte de Minas; Ipatinga, no Vale do Aço. Ribeirão das Neves, na RMBH, e Sete Lagoas, na região Central, melhoraram duas posições, passando de 11ª para 9ª e de 12ª para 10ª posição, respectivamente.

Já o posicionamento nacional de todas elas variou, a começar pela própria Capital que perdeu uma posição, caindo do terceiro para o quarto lugar, trocando de lugar com Brasília (DF). Uberlândia caiu duas posições, passando do 26º lugar para o 28º. Contagem, também sofreu o mesmo revés, saindo de 32º para 34º; Juiz de Fora, melhorou de 41º para 36º; Betim, saiu de 55º para 57º; Uberaba melhorou de 72º para 66º; Montes Claros passou de 85º para 78º; Ipatinga, de 107º para 92º; Ribeirão das Neves, de 126º para 109º; e Sete Lagoas, com o maior avanço, de 141º para 115º.

“Belo Horizonte segue uma tendência nacional de diminuição de importância relativa das capitais. Há anos acompanhamos a interiorização da economia e isso não é, necessariamente, ruim. Se o interior se fortalece e gera empregos e qualidade de vida, isso faz com que a pressão sobre as grandes cidades diminua, resultando em uma melhoria na vida para todos”, pontua o sócio da IPC Marketing Editora.

Esta edição do IPC Maps destaca, ainda, a redução na quantidade de domicílios das classes A e B1, o que elevará o número de residências nos demais estratos sociais. Essa migração das primeiras classes impactará positivamente o consumo da classe B2, com uma vantagem de 6,8% sobre os valores de 2019. As outras classes, por sua vez, terão queda nominal do potencial de consumo de 2,94% em relação a 2019.

‘Isso mostra que a crise não poupou ninguém e que estamos vivendo uma mobilidade negativa. Se, no passado, tivemos um aumento das classes B e C porque pessoas estavam melhorando de patamar, dessa vez essas classes estão crescendo porque muita gente não está conseguindo se manter nos níveis mais altos. Esse é um problema, inclusive, para a geração de empregos, pois são os níveis mais altos que geram mais oportunidades de trabalho”, avalia.

Hábitos de consumo – A pesquisa mostra onde os consumidores gastam sua renda. Dessa forma, os itens básicos aparecem com grande vantagem sobre os demais, conforme a seguir: 25,6% dos desembolsos destinam-se à habitação (incluindo aluguéis, impostos, luz, água e gás); 18,1% outras despesas (serviços em geral, reformas, seguros etc); 14,1% vão para alimentação (no domicílio e fora); 13,1% a transportes e veículo próprio; 6,6% são medicamentos e saúde; 3,7% materiais de construção; 3,4% educação; 3,4% vestuário e calçados; 3,3% recreação, cultura e viagens; 3,3% em higiene pessoal; 1,5% eletroeletrônicos; 1,5% móveis e artigos do lar; 1,1% bebidas; 0,5% para artigos de limpeza; 0,4% fumo; e finalmente, 0,2% referem-se a joias, bijuterias e armarinhos.

Futuro – Apesar de 2020 ser um ano realmente atípico e o estudo revelar uma série de quebras na série histórica, os dados apontam para um 2021 de recuperação econômica. Entre as grandes diferenças históricas, desde o lançamento da primeira pesquisa, em 1995, está, além do retrocesso do patamar de consumo, a queda no número de empresas instaladas no Brasil de 13%, totalizando hoje 20.399.727 unidades.

Deste montante, mais da metade (10,6 milhões) têm atividades relacionadas a Serviços; seguida pelos setores Comércio, com 5,7 milhões; Indústrias, 3,3 milhões e, por último, Agribusiness, com 703 mil estabelecimentos.

“A queda estimada para este ano é de 6%, e para o ano que vem devemos ter um crescimento de 3%. Isso já caracteriza um cenário positivo e que já permite certo otimismo. Esse número vai acontecer até de forma vegetativa, pelas próprias necessidades de um país do tamanho do nosso e da nossa economia. A preocupação é que seja o início de um crescimento mais sustentado. Temos que ter um movimento pesado para aumentar a credibilidade do Brasil se quisermos atrair investimentos. Até aqui o esforço é ainda para não deixar ir embora quem investe aqui. Nesse sentido, ainda temos muitos motivos de preocupação”, completa Pazzini.

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