O déficit da balança comercial da indústria têxtil mineira chegou a US$ 112 milhões nos primeiros 11 meses de 2020. O valor representa 3,5% do saldo brasileiro, que ficou negativo em US$ 3,173 bilhões. Ao todo, o Estado exportou US$ 37,7 milhões e importou US$ 150,6 milhões neste ano até novembro.
Embora a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) não tenha disponibilizado os números de faturamento, no ano passado, a indústria têxtil do Estado respondeu por 13% do resultado do setor em âmbito nacional, chegando a R$ 24,1 bilhões. No País, o valor foi de R$ 185,7 bilhões em 2019.
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Para 2020, as expectativas não são as mais otimistas. Em coletiva de imprensa, o presidente da Abit, Fernando Pimentel, destacou que o setor vem apresentando recuperação desde julho, em ritmo acima do esperado, mas que vem estável em termos de produção desde setembro. E, por isso, encerrará o ano no negativo.
A produção do setor deverá ser de 1,87 milhão de toneladas, queda de 8,8% sobre o exercício anterior, quando a produção foi de 2,05 milhões. Em valor, o setor deverá movimentar R$ 50,1 bilhões, baixa de 5,8% na mesma base de comparação.
Apenas de janeiro a outubro, a produção no País caiu 11,4% sobre a mesma época de 2019. No acumulado de 12 meses, a queda é de 9%.
“O setor de vestuário é o terceiro maior consumo das famílias em termos de bens. Quando adicionamos outras atividades como roupas, cama e mesa, calçados, automóveis e outros, atingimos o segundo lugar. O setor vai para além da moda e integra uma infinidade de segmentos, como construção, automotivo e geotêxtil, sem falar na área de higiene e saúde, começando pelo algodão. Estamos falando de um megamercado que poderia ser ainda maior, se o País como um todo tivesse crescido”, explicou.
2021 – Para o ano que vem, as estimativas são mais otimistas. Conforme o dirigente, é esperada alta de 8,3% em volume de produção em 2021, o que significa 2,03 milhões de toneladas. Caso os números se confirmem, o setor poderá recuperar toda a perda de faturamento causada pela pandemia em 2020.
O presidente, alertou, porém, sobre o risco trazido pelos novos casos de contaminação de Covid-19 e a possibilidade de fechamento das atividades econômicas novamente.
“Quando projetamos os números não estávamos ainda considerando que a propagação maior viria e geraria um novo quadro no varejo, preocupação que voltou a fazer parte do cenário. Vínhamos em um certo controle e, de repente, tudo mudou no Brasil e no mundo. Ainda não sabemos o que isso vai gerar, mas tudo indica que entramos em uma segunda fase de restrições de mobilidade e isso pode afetar a economia”, ponderou.
De toda maneira, ele lembrou que o setor têxtil brasileiro é um dos poucos no mundo com produção em todos os elos da cadeia, contando com fornecedores, insumos, universidades, centros de pesquisas, etc.