Empreendedorismo Feminino
Mulheres têm menos apoio para abrir ou gerir pequenas empresas
Empreendedoras dedicam menos horas às suas empresas pois utilizam praticamente o dobro de tempo do que os homens nos cuidados com familiares e afazeres domésticos
21 de novembro de 2023

A jornada do empreendedorismo no Brasil ainda é uma realidade desigual para homens e mulheres. Segundo a pesquisa “Empreendedorismo Feminino” realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o suporte recebido por parte da rede de apoio para mulheres que planejam começar uma pequena empresa ou já empreendem não é o mesmo dedicado aos homens empreendedores. A pesquisa aponta ainda que as mulheres dedicam praticamente o dobro de tempo do que os homens para cuidar da família e das funções de casa e, portanto, têm menos horas para a gestão dos negócios.
Segundo o levantamento, no momento em que decidem abrir um negócio, o suporte do cônjuge é mais frequente para os empreendedores do gênero masculino do que entre as mulheres, sendo que 68% deles afirmaram terem sido ajudados, enquanto somente 61% delas dizem ter recebido esse apoio. Entre os amigos, 57% dos homens são apoiados e 54% das mulheres recebem suporte. Os pais apoiam 52% dos empreendedores e 49% das empreendedoras. Já os clientes e fornecedores dão apoio para 68% dos homens enquanto 67% das mulheres recebem suporte.
Ao decidirem empreender, as mulheres têm maior apoio por parte de “outros parentes”, aqueles que não os cônjuges ou pais, com 45%, enquanto 35% apoiam os homens. Grupos de amigos no WhatsApp dão apoio para 34% das empreendedoras e 32% dos empreendedores e os filhos são responsáveis por apoiar 29% das mulheres e 26% dos homens. Os dados mostram ainda que 12% dos empreendedores recebem maior apoio por parte das prefeituras, enquanto as gestões municipais apoiam apenas 8% das mulheres empreendedoras.
A diretora de administração e finanças do Sebrae Nacional, Margarete Coelho, avalia que os dados mostram que a cultura machista ainda privilegia os homens na atividade empreendedora, assim como em outros segmentos da economia e da sociedade. “A pesquisa comprova a importância de desenvolvermos políticas públicas que permitam às donas de negócios condições iguais para competir no mercado. Quando uma mulher é dona do seu dinheiro, ela é dona também da sua vida, das suas escolhas. Isso impacta diferentes aspectos da economia e da vida da população, inclusive na redução da violência doméstica”, afirma.
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Desigualdade no empreendedorismo para as mulheres
Equilibrar os pratinhos e conciliar as atividades de casa com o empreendedorismo também é um desafio maior para as mulheres quando comparado com os homens. A pesquisa do Sebrae contabilizou a quantidade de horas destinadas a mais pelas mulheres nos cuidados com pessoas da família e nos afazeres domésticos. As empreendedoras dedicam 3,1 horas aos cuidados familiares e consomem 2,9 horas do dia nos afazeres domésticos, enquanto os homens gastam 1,6h e 1,5h, respectivamente, com essas atividades.
Esse mesmo cuidado com a família influenciou mais diretamente as mulheres na decisão de abrir o próprio negócio. Entre as empreendedoras, 68% disseram que cuidar dos filhos “influenciou muito”, enquanto, entre os homens, esse índice chegou a 56%. Em relação à sobrecarga com a jornada dupla, 76% das mulheres se sentiram mais sobrecarregadas e 61% já tiveram que deixar de fazer algo para si ou para a empresa para cuidar dos filhos, de idosos ou parentes. No outro extremo, esses resultados foram de 55% para os homens que se sentiram sobrecarregados e 48% para os que afirmaram ter de sacrificar algo em favor dos filhos ou parentes.
“Essa dupla jornada das mulheres funciona como mais um obstáculo que torna ainda mais complexa a trajetória das empreendedoras à frente de uma empresa. Se todos na casa se beneficiam com os filhos bem cuidados, com o jantar quentinho, com a casa limpa, será que é justo que este peso recaia somente sobre as costas das mulheres, de maneira a sobrecarregá-las?”, questiona a diretora Margarete Coelho.
Prêmio Sebrae Mulher de Negócios
Como forma de estimular o empreendedorismo feminino e reconhecer experiências de sucesso, o Sebrae promove o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios (PSMN). A edição de 2023 já tem 15 finalistas que vão concorrer na etapa nacional, divididas em três categorias: “Pequenos negócios”, “Produtora rural” e “Microempreendedora Individual (MEI)”. No total, mais de 4 mil mulheres se inscreveram, representando 37% a mais do que no ano anterior. A cerimônia de entrega da premiação nacional está marcada para 5 de dezembro. Desde 2004, ano da primeira edição do prêmio, mais de 100 mil mulheres se inscreveram e mais de 200 foram premiadas.

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