Transparência na gestão deve ser o foco

16 de fevereiro de 2022 às 0h27

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Crédito: Freepik

O que mudou no mercado de trabalho em função da pandemia? Uma coisa é certa: os desafios decorrentes destes dois anos de convivência com a Covid-19 ainda não chegaram ao fim. Isso é o que mostram os resultados da 4ª edição do Relatório de Tendências de Gestão de Pessoas em 2022, elaborado pelo Great Place To Work, consultoria global que apoia organizações a obter melhores resultados por meio de uma cultura de confiança, alto desempenho e inovação. A pesquisa foi feita com mais de 2600 respondentes, dentre os quais líderes e gestores de RH de todo o Brasil.

Foram muitas as mudanças neste período: surgiram novas tecnologias; novos formatos de trabalho estão sendo testados e aprovados pelas organizações e seus colaboradores; as pessoas foram obrigadas a repensar suas carreiras e trajetórias profissionais e o consumidor passou a valorizar ainda mais práticas empresariais voltadas à sustentabilidade e à inovação.

Segundo o CEO da GPTW, Ruy Shiozawa, a pandemia deixou quatro importantes legados para a Gestão de Pessoas: a qualificação das lideranças, que assume o protagonismo nas prioridades das empresas; redesenho das organizações, com a adesão de novos formatos ou jornadas de trabalhos, que provocaram mudanças na concessão de benefícios aos funcionários; foco na saúde mental, não somente em ambientes corporativos, mas como um todo; e a valorização da comunicação interna das organizações.

Transformações -Se em 2021 as empresas foram obrigadas a definir formatos para além da pandemia, tendo em vista um cenário de maior estabilidade, retomada das atividades e intensa digitalização decorrente das transformações no mercado de trabalho e na sociedade, o ano de 2022 vem sendo encarado como uma possibilidade de respiro. “Mesmo diante do aparecimento de novas variantes do vírus e outros eventos negativos, já podemos falar de uma situação menos incerta com relação ao mercado e sobre as tendências que devem moldar as relações daqui para a frente”, acredita Ruy Shiozawa. E, mesmo em um período tão desafiador e cheio de incertezas, o otimismo prevalece na maioria das empresas (80%), assim como nos anos anteriores (76% em 2020; 79% em 2021)”, complementa.

Entre as prioridades em gestão para 2022 está o desenvolvimento/capacitação de lideranças: a transformação digital, que era uma das principais preocupações das empresas, ocupando de 1º a 4º lugar nos estudos anteriores, passou para a 9ª posição em 2022, com somente 16,5% das respostas. Já o desenvolvimento/capacitação de lideranças com preparo técnico e emocional foi apontado por 42,6% das respostas como o principal foco para garantir a construção de ambientes de trabalho emocionalmente saudáveis e para o alcance de resultados estratégicos.

Também em 2022 as organizações deverão investir fortemente na capacitação de líderes: 94,3% das pessoas responderam que suas empresas pretendem investir nesta preparação, sendo que 59,9% delas indicaram que essas ações devem acontecer no formato híbrido. Entre as características mais valorizadas nas lideranças aparecem “resiliência”, “alinhamento com a estratégia” e “empatia e gestão humanizada’’.

Quando questionadas sobre o principal empecilho para a inovação nas empresas, a maioria das pessoas (37,1%) respondeu “mentalidade da liderança”, assim como no ano anterior, quando 32% das pessoas apontaram o mesmo obstáculo. Ou seja, pelo que tudo indica, ainda há uma discrepância entre a liderança necessária para 2022 e a liderança existente.

Além disso, 49,2% das pessoas apontam a comunicação interna como um dos principais temas a serem trabalhados em 2022. A adoção dos formatos híbrido, remoto e flexível continua sendo um grande desafio para as empresas, que precisam encontrar as tecnologias adequadas para manter o fluxo de informações e encontrar os processos ideais para que todas as pessoas da equipe se sintam igualmente contempladas na troca de informações organizacionais. Dessa forma podem garantir o alinhamento, o senso de pertencimento e a manutenção da cultura organizacional entre todos.

Já 97,2% pessoas que responderam à pesquisa afirmaram que consideram a saúde mental um ponto relevante para a gestão de pessoas na empresa. Apesar dos avanços no tema causados pela pandemia, muitas mudanças ainda são necessárias para que as empresas se tornem, de fato, ambientes emocionalmente saudáveis. Um exemplo disso é que, em pesquisa realizada em 2021 em parceria do GPTW, Youleader, Jungle e Youclub, 64% das pessoas informaram que as empresas em que trabalham não oferecem benefícios de saúde mental para colaboradores

Sobre diversidade e inclusão, embora a maioria afirme que esta é uma pauta estratégica na sua organização, somente 12,2% responde que a empresa em que atuam tem maturidade no tema e contribui, de fato, para uma equidade de gênero, racial, geracional, do público LGBTQI+Q e outras minorias. Como exemplo, apesar de 93% das empresas premiadas como Melhores Empresas para Trabalhar no Brasil em 2021 pelo GPTW contar com alguém responsável por combater a discriminação e promover a diversidade, o menor avanço do tema está no geracional: apenas 3% a 4 % da força de trabalho está no 55 + e 12% entre 45 a 55 anos.

A falta de profissionais qualificados também merece destaque. Apesar de 59,5% dos respondentes afirmarem que em 2022 as empresas pretendem aumentar o número de pessoas, 68,3% informaram que as organizações sentem dificuldade para preencher as vagas abertas e 84,7% apontam a falta de profissionais com qualificação para preencher as vagas em aberto. Elas também mencionam: falta de comprometimento dos candidatos nos processos seletivos, demora no processo de recrutamento e seleção, indecisão ou definição por parte da gestão e dificuldade para definir o perfil ideal do/a candidato/a.

Mesmo sendo uma questão que ainda gera muitas dúvidas, a definição das políticas de trabalho não será a prioridade número 1 das empresas em 2022. Muitas ainda não definiram uma nova política de trabalho, entretanto, entre as 1.104 que já decidiram, 66,2% adotaram o modelo híbrido.

“Podemos dizer que o ano passado foi de reestruturação para a maioria das empresas, que precisaram entender como poderiam se adaptar aos novos cenários e adequar seus processos para cuidar do mais importante: as pessoas. O desafio agora é manter todos os colaboradores focados na missão e nos valores de cada empresa em ambientes diversos, com múltiplos pontos de contato e, muitas vezes, tendo que recorrer à comunicação assíncrona. O mundo corporativo está se empenhando em responder essas questões, após experimentações desafiadoras, mas transformadoras e essenciais para o futuro do trabalho”, conclui Ruy Shiozawa.

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