EDITORIAL | Fôlego e bom senso

26 de maio de 2020 às 0h15

img
Crédito: REUTERS/Adriano Machado

A equipe da Secretaria da Fazenda, e por extensão o conjunto da administração pública no Estado, trabalha com a perspectiva de um déficit que no corrente exercício deveria ficar entre R$ 8 bilhões e R$ 10 bilhões.

Para Minas Gerais, convém dizer, situação próxima da insolvência e, agora, exponencialmente agravada por conta da paralisação da economia, já perto de completar dois meses. Caíram a produção industrial e agrícola, além do setor de serviços, multiplicando perdas que, claro, afetam também a arrecadação. Tudo isso e mais as despesas no sistema de saúde implicam que as contas em 2020 poderão fechar com um déficit próximo a R$ 20 bilhões.

Uma situação limite e sem que se possa esperar que eventuais aportes de recursos federais, além de postergação de dívidas e outras providências possam garantir, por exemplo, que o pagamento da folha salarial e a fornecedores possam voltar à normalidade num cenário pelo menos previsível.

No mundo real as perspectivas são opostas, até porque não há como prever com alguma margem de precisão os desdobramentos da crise que, hoje, é global, com repercussões indesejadas – pela maioria supõe-se – também no plano político.

É nesse ambiente que ganha importância decisiva a reunião realizada na semana que passou entre o governador Romeu Zema e os presidentes da Assembleia Legislativa e do Tribunal de Justiça.

Em rápida síntese, o governador fez ver que não tem como carregar esse peso sozinho, destacando principalmente que os cortes de gastos, inclusive com funcionários e com as vantagens comuns aos escalões mais altos, têm que ser compartilhados. Em linguagem mais direta, ou todos colaboram ou todos perdem e o governador, que dispensou seu próprio salário desde o início do mandato, sem dúvida estava a vontade para colocar a questão nesses termos.

Tanto estava que a demagoga tentativa de lhe impor ameaça de impeachment caso atrase repasses devidos aos demais poderes sequer foi discutida, abrindo espaço para um alinhamento mais próximo do que se deve esperar dos três interlocutores.

Cumprida essa etapa é preciso pôr mãos à obra, no entendimento responsável de que chegamos todos a uma situação limite e não existe mais possibilidade de manter distorções que, como já foi dito, na prática equivalem ao sequestro dos recursos públicos, com avanços no correr do tempo que ultrapassaram em muito os limites do bom senso ou da responsabilidade.

Nas mudanças que estão no horizonte, que muitos chamam de “o novo normal”, obrigatoriamente incluem o setor público e apagam muito daquilo que no passado era o normal.

Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

Siga-nos nas redes sociais

Comentários

    Receba novidades no seu e-mail

    Ao preencher e enviar o formulário, você concorda com a nossa Política de Privacidade e Termos de Uso.

    Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

    Siga-nos nas redes sociais

    Fique por dentro!
    Cadastre-se e receba os nossos principais conteúdos por e-mail