Bolsonaro articula com partidos, mas não aumenta base aliada

5 de abril de 2019 às 0h05

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ACM Neto e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, se reuniram com Bolsonaro e Onyx - Créditos: Marcos Corrêa/ABr

Brasília – Depois de reuniões com presidentes de partidos, ontem, o presidente Jair Bolsonaro conseguiu diminuir a tensão, mas não conseguiu dos líderes partidários a promessa de apoio incondicional à proposta de reforma da Previdência e nem aumentar a base de apoio do governo.

Ao deixar o encontro com Bolsonaro, os presidentes defenderam a reforma, mas apontaram pontos que desejam ver alterados – em especial as já conhecidas questões das alterações no Benefício de Prestação Continuada e na aposentadoria rural – mas não rechaçaram a ideia de fechar questão sobre a proposta.

“PSDB tem uma postura de independência em relação ao governo, não há nenhum tipo de troca, não participaremos do governo, não aceitamos cargos no governo”, disse o presidente do PSDB, Geraldo Alckmin, ao sair do encontro no Palácio do Planalto.

O ex-governador de São Paulo disse ainda que o partido irá defender a reforma, mas não irá fechar questão. Votará pela proposta desde que alguns ajustes sejam feitos. Além do BPC e da aposentadoria rural, Alckmin afirmou que o PSDB não dará seu voto para aprovar nenhum benefício que fique abaixo do salário mínimo.

“O PSDB tem compromisso com a reforma, mas dentro desses parâmetros”, afirmou.

Segundo presidente partidário a ser recebido por Bolsonaro, Gilberto Kassab, do PSD, também disse que o partido não fechará questão, em respeito à posição pessoal de seus parlamentares e à tradição da sigla, mas apoiará o texto porque a reforma faz parte do programa do PSD.

“O partido tem uma posição muito clara com a sua independência em relação ao governo, essa posição continuará”, disse Kassab.

O líder do partido no Senado, Otto Alencar (BA), explicou que o PSD também espera mudanças em relação ao BPC, aposentadoria rural e em relação à outra questão, a capitalização, ponto-chave da reforma para a equipe econômica liderada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.

“A capitalização tem que ser um piso, e não pode ter capitalização sem contribuição patronal, não tem como”, defendeu o senador.

O DEM, que hoje já tem três ministros no governo – Casa Civil, Saúde e Agricultura, mesmo sem uma adesão formal, foi o que chegou mais perto de admitir que poderá fazer parte da base, posição defendida pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado, que participou de um almoço com Bolsonaro e o presidente do partido, ACM Neto.

“Ser base, formalmente ou não, é algo que pode acontecer, com absoluta naturalidade, no momento que houver uma deliberação da Executiva do partido. Mas eu entendo que a preocupação maior tanto do Democratas como do presidente Jair Bolsonaro não está na formalidade, em dizer ‘é base ou não é base’, e sim em garantir que esse diálogo possa ser produtivo e facilite o andamento da agenda de reformas”, afirmou Neto.

Os presidentes foram unânimes em dizer que Bolsonaro não fez convites formais de adesão. As conversas se concentraram mais sobre o apoio à reforma da Previdência, mas portas foram abertas, disseram os líderes partidários.

A líder do governo no Congresso, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), afirma que não é um problema nesse momento nos partidos não fazerem parte da base do governo, mas sim o compromisso com a reforma da Previdência.

“Temos mais tempo para fechamento da base em outras questões. Nesse momento temos que fazer duas contas: uma que é a aprovação da nova Previdência, e aí vale qualquer partido, inclusive da oposição. E outra conta é a formação de uma base para aprovação de outras questões”, disse a líder do governo. (Reuters)

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