Renan Calheiros: “Muitas vidas poderiam ter sido salvas”

29 de maio de 2021 às 0h15

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Crédito: REUTERS/Adriano Machado

Brasília – O relator da CPI da Covid do Senado, Renan Calheiros (MDB-AL), disse ter “clareza absoluta” que muitas vidas poderiam ter sido salvas se o governo tivesse adotado um comportamento público com decisões lógicas e a favor da ciência.

“Como antecipação, eu diria que nós já temos clareza absoluta, 100% de convicção que muitas vidas poderiam ter sido salvas se o governo tivesse adotado um comportamento público com decisões lógicas em favor da ciência”, afirmou ele, em entrevista coletiva.

“Se isso tivesse acontecido, teríamos muitas famílias que teriam continuado intactas”, emendou.

O relator da CPI considerou também que vidas poderiam ter sido salvas se o governo tivesse adotado uma postura democrática e transparente, mas preferiu dificultar a relação com outros Poderes.

O senador repetiu o que disse em entrevista à Reuters na semana passada, de que o presidente Jair Bolsonaro defendeu a imunidade de rebanho, mas nunca trabalhou pela vacinação.

Renan disse que, até o momento, não há uma vertente da investigação parlamentar que tenha frustrado as expectativas e que tudo tem caminhado “além da expectativa”. Ele adiantou que não deve apresentar um relatório preliminar das apurações.

Audiência – Na terça-feira (1º), a CPI da Pandemia será com a médica Nise Yamaguchi. Oncologista e imunologista, além de diretora do Instituto Avanços em Medicina, de São Paulo, ela defende o chamado “tratamento precoce” para a Covid-19. O depoimento da médica atende a pedido do senador Eduardo Girão (Podemos-CE).

No requerimento, o parlamentar lembra que, em depoimento à CPI, o diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, disse que, numa reunião com o governo federal, a pesquisadora defendeu alterar a bula da cloroquina. Sua intenção, segundo Barra Torres, seria definir o medicamento como eficaz contra o coronavírus. Barra Torres deixou clara sua recusa ao procedimento.

“Yamaguchi é conhecida por defender a hidroxicloroquina e a cloroquina no tratamento de pacientes infectados com o Sars-Cov-2 (vírus causador da pandemia). E foi convidada pelo presidente Jair Bolsonaro a integrar o comitê de crise ainda na gestão do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta”, cita Girão em seu requerimento.

O depoimento da médica também atende a pedido do senador Marcos Rogério (DEM-RO). Para ele, a audiência “será de importância singular para que [a pesquisadora] exponha sua atuação e conhecimentos, com o objetivo único de restabelecer a verdade, oferecendo informações transparentes e esclarecedoras. Tem muito a colaborar”, finaliza o senador no requerimento.

Ouvido pela CPI em 11 de maio, Barra Torres explicou que a alteração da indicação da cloroquina seria impossível, pois só quem pode modificar uma bula de um medicamento registrado é a agência reguladora do país de origem, desde que solicitado pelo detentor do registro.

Na quinta-feira (27), o relator da CPI, senador Renan Calheiro (MDB-AL), afirmou que a comissão investiga a existência de uma consultoria informal ao governo a favor de métodos considerados ineficazes de enfrentamento à pandemia.

“Não estamos apenas discutindo a eficácia da cloroquina ou do ‘tratamento precoce’. Queremos investigar se essas coisas foram priorizadas em detrimento da vacinação dos brasileiros. E isso poderia ter salvado muitas vidas”, definiu, opinando que o governo não comprou vacinas suficientes por não acreditar em sua eficácia.

A CPI também ouvirá críticos da cloroquina, como a microbiologista e pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP), Natalia Pasternak, e o doutor em virologia Átila Iamarino. (Agência Senado/Reuters)

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