Simone Tebet critica interferência de Onyx na disputa pelo Senado

23 de janeiro de 2019 às 0h01

Brasília – A líder do MDB e uma das candidatas à presidência do Senado, Simone Tebet (MS), alertou ontem que uma interferência do DEM e do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, na disputa pelo comando da Casa pode atrapalhar a votação da reforma da Previdência, principal prioridade do governo do presidente Jair Bolsonaro.

Segundo a senadora, que confirmou sua intenção de disputar o posto na última segunda-feira, essa interferência pode comprometer o apoio da maior bancada da Casa, a do MDB, logo de cara. Por ter o maior número de senadores, o MDB tem, pela tradição, o direito de indicar um nome para a presidência, mas o DEM tem nutrido, relata a senadora, a intenção de ocupar o posto com o senador Davi Alcolumbre (AP).

“Acho que eles estão equivocados e estão prejudicando o governo, porque eles são governo. Eles estão colocando a presidência do Senado como um fim em si mesmo, estão esquecendo a governabilidade”, disse a líder a jornalistas.

“Não pode esquecer que temos uma reforma da Previdência para votar. Não se vota uma reforma da Previdência já de pronto não tendo a maior bancada apoiando”, alertou, calculando que a proposta deva tramitar num prazo entre dois a três meses no Senado.

Questionada sobre se haveria “dedo” de Onyx na eleição para o comando do Senado, Tebet respondeu: “Acredito que sim, não tem como não ter”.

Inicialmente, os recados emitidos pelo DEM indicavam que o nome de Renan Calheiros (MDB-AL), que tem se movimentado nos bastidores desde o ano passado para ser candidato, não contaria com a simpatia do governo Bolsonaro. Depois, relata a senadora, o DEM sinalizou que iria concorrer ao comando do Senado mesmo que o MDB optasse por outro candidato dentro de sua bancada, uma das razões que a levaram a antecipar o anúncio de sua intenção de entrar na disputa.

“Acho que aí tem ruído da Casa Civil, uma interferência no Senado e isso foi uma das razões que eu entendi que tinha que colocar a minha candidatura para ver se o governo tinha –não preferência (por uma candidatura do DEM) -, mas estaria preterindo o partido (MDB)”, afirmou.

Procurada, a assessoria de imprensa da Casa Civil não respondeu imediatamente a pedidos de comentários sobre as declarações de Simone Tebet.

A senadora aproveitou para lembrar que ainda não conversou com Renan, principal concorrente dentro da bancada emedebista, mas já conseguiu se comunicar com o presidente do partido, senador Romero Jucá (MDB-RR), e boa parte de integrantes da bancada – oito senadores dentre os 12 já foram procurados.

Nota do MDB – Mais cedo o MDB afirmou em nota sobre o anúncio de Simone Tebet que “em nenhum momento, esta candidatura divide” a sigla. Os senadores do partido devem se reunir entre os dias 29 e 31 deste mês para definir a candidatura à presidência do Senado.

A líder, que inicialmente não considerava essa hipótese, não descartou que possa apresentar uma candidatura avulsa à presidência do Senado. 

A parlamentar, que vinha desenvolvendo uma movimentação mais discreta, num primeiro momento contava com mais apoio fora de sua bancada. Mas nos últimos dias relata ter recebido pedidos de emedebistas, preocupados com a possibilidade de uma derrota de Renan, e assumiu publicamente suas pretensões.

Ciente da resistência ao seu nome entre aliados do governo, Renan tem ensaiado uma aproximação com a nova gestão e prometido apoio à reforma da Previdência.

Simone Tebet, por sua vez, se disse favorável a uma reforma do sistema previdenciário, independentemente de quem seja o próximo presidente do Senado, ou da posição que o MDB adote em relação ao governo após a disputa.

A senadora esquivou-se de comentar se, caso se eleja presidente do Senado, determinaria a abertura de umas CPI na Casa para investigar as movimentações financeiras do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente, na linha do que tem sido defendido por parte da oposição.

Simone Tebet disse que é contra a possibilidade de Alcolumbre presidir a sessão do Senado para a escolha do novo presidente da Casa, caso ele também seja candidato ao cargo. Ela comparou essa situação à de um magistrado que julga um caso pessoal. “Isso vicia o processo”, criticou. (Reuters)

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