Anglo American confia na fase 3

8 de agosto de 2018 às 0h00

Entre atrasos, problemas com licenciamento e revisões de orçamento, o Sistema Minas-Rio, da Anglo American, com ativo minerário localizado entre Conceição do Mato Dentro e Alvorada de Minas (Médio Espinhaço), custou 133,3% a mais que o orçamento inicial previsto para colocar o projeto em operação. A companhia investiu US$ 8,4 bilhões para iniciar as atividades do Minas-Rio, diante de uma projeção original de US$ 3,6 bilhões. Ainda assim, a empresa e especialistas consultados pela reportagem acreditam que o projeto é rentável porque entrega minério de qualidade e com baixo índice de contaminantes, o que garante prêmios na venda do insumo. “(O Minas-Rio) É um projeto de longo prazo, um negócio competitivo, com um produto de alta qualidade e grande demanda no mercado internacional. A qualidade do minério, com teor de ferro de 67% a 68% e baixo índice de sílica e outros contaminantes, é tão boa que recebemos um prêmio pelo produto”, afirmou o diretor de Assuntos Corporativos da Anglo American, Ivan Simões. O sistema Minas-Rio foi adquirido pela Anglo da MMX Mineração e Metálicos, que chegou a fazer parte do império de empresas do empresário Eike Batista, em duas etapas. A primeira foi em 2007, quando a companhia desembolsou US$ 1,1 bilhão por 49% do projeto, que compreendia, na época, apenas a mina e a planta de beneficiamento. Depois, em agosto de 2008, a Anglo comprou por US$ 5,5 bilhões o restante do empreendimento, 49% do Porto de Açu, em São João da Barra (RJ), e 70% de um ativo minerário no Amapá. Além das minas e do terminal portuário, o empreendimento conta com um mineroduto de 529 quilômetros de extensão. Se o valor total da negociação (US$ 6,6 bilhões) for adicionado aos US$ 8,4 bilhões que o projeto demandou para entrar em operação, o gasto no empreendimento chega a US$ 15 bilhões, investimento muito mais alto que o previsto quando a Anglo começou a apostar no projeto. “De fato, o custo do projeto ficou bem acima do esperado, mas o sistema de produção e, principalmente, o transporte feito por mineroduto, é muito eficiente. Além disso, o minério extraído tem teor relativamente elevado. Se olharmos sob esta ótica, o projeto é rentável sim”, disse uma outra fonte de mercado, que preferiu não se identificar. “Não é um projeto simples, é complexo. Um projeto com esse grau de complexidade sempre tem ajustes porque aparecem coisas que não estavam previstas. Ter custado mais e demorado mais que o previsto não é uma característica única do Minas-Rio. O grupo está comprometido com o projeto e em nenhum momento houve dúvidas”, argumentou o diretor da Anglo. Parte importante do investimento acima do planejado aconteceu porque a construção do empreendimento enfrentou uma série de problemas, a maior parte ligada ao acesso às terras e ao licenciamento ambiental, dividido entre Estado, no caso das estruturas da mina, entre Conceição do Mato Dentro e Alvorada de Minas, e União, no caso do mineroduto, que passa por dois estados (Minas e Rio de Janeiro). Com isso, o startup do sistema, projetado para 2012, só aconteceu dois anos depois, em 2014, e, mesmo assim, o Minas-Rio ainda passa por obras para alcançar a capacidade projetada originalmente de 26,5 milhões de toneladas de minério de ferro por ano. O atraso do Minas-Rio, segundo fontes que preferiram sigilo, teria sido um dos motivos, à época, para que a então chief executive officer (CEO) da Anglo, Cynthia Carroll, cedesse à pressão dos acionistas e deixasse o cargo. Leia também: Samarco projeta para 2019 todas as licenças para retomada Fase atual – De lá para cá, o Minas-Rio chegou a uma produção da ordem de 17 milhões de toneladas de minério de ferro no ano passado. No entanto, as operações estão paralisadas desde 29 de março, após o segundo vazamento no mineroduto, em Santo Antônio do Grama, na Zona da Mata. O primeiro vazamento ocorreu em 12 de março. Atualmente, a companhia realiza o trabalho de inspeção em toda a extensão do duto. A paralisação das atividades, segundo o diretor da Anglo, também fez a mineradora renegociar contratos, individualmente, com os clientes. Ao mesmo tempo, a Anglo está tocando as obras da fase 3 do projeto, que permitirão à produção do ativo alcançar as 26,5 milhões de toneladas anuais do insumo. As licenças prévia (LP) e de instalação (LI) para esta etapa foram concedidas pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), no final de janeiro. A empresa estima que tanto o trabalho no duto quanto a concessão da licença de operação (LO) para a fase 3 devem acontecer em datas próximas, no começo de 2019. “Quando iniciarmos a fase 3, teremos pelo menos mais 15 anos pela frente”, destacou o diretor da Anglo.

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