Furnas busca parceiro para leilão de transmissão

29 de outubro de 2019 às 0h05

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Crédito: Luiz coelho

São Paulo – A estatal Furnas, subsidiária da Eletrobras, está em busca de eventuais parceiros para disputar um leilão do governo federal em dezembro que oferecerá concessões para a construção de novos projetos de transmissão de energia, segundo informações publicadas no site da companhia ontem.

O apetite, se concretizado, marcaria o retorno de Furnas às licitações após seis anos. A companhia arrematou o último projeto em leilões de transmissão em dezembro de 2013 e, desde então, chegou até a ser vetada em algumas concorrências pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) devido ao atraso excessivo em empreendimentos no setor.

A ausência ainda aconteceu em meio a dificuldades financeiras do grupo Eletrobras como um todo. Depois de uma acelerada expansão dos investimentos e de participações agressivas nos certames do governo até o final de 2014, Furnas e outras subsidiárias da estatal, como Chesf, Eletrosul e Eletronorte, ficaram fora das licitações nos últimos anos.

Agora, Furnas apontou que busca “empresas investidoras, instituições financeiras ou FIPs (fundos de investimento em participações) interessadas em constituir parceria, em forma de consórcio ou SPE (sociedade de propósito específico) para participar do leilão de transmissão”.

Possíveis interessados terão até as 18h do dia 30 de outubro para se cadastrar, segundo comunicado publicado no site da elétrica. Procurada, Furnas não comentou de imediato sobre o interesse no leilão.

Reestruturação – O movimento da elétrica em busca de parceiros para a licitação de dezembro acontece em meio a uma melhoria recente nos resultados da Eletrobras, que passa por amplo processo de reestruturação desde meados de 2016, com a posse do ex-CEO da CPFL Energia, Wilson Ferreira Jr, como presidente-executivo da companhia.

Após ter vendido empresas deficitárias de distribuição no Norte e Nordeste e realizado planos de demissão, a Eletrobras registrou lucro líquido de R$ 6,9 bilhões nos primeiros seis meses de 2019, após lucro histórico de R$ 13,3 bilhões no ano completo de 2018, o melhor resultado em 20 anos.

A Eletrobras chegou a somar prejuízos de mais de R$ 30 bilhões entre 2012 e 2015, na sequência de um pacote de medidas do governo da então presidente Dilma Rousseff para baixar as contas de luz, que teve como resultado forte corte nas receitas da companhia.

O próximo leilão de projetos de transmissão, agendado para 19 de dezembro pela Aneel, oferecerá 12 lotes de empreendimentos, que deverão demandar cerca de R$ 4,1 bilhões em aportes nos próximos anos.

Os projetos envolverão obras nos estados do Acre, Alagoas, Bahia, Ceará, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo. (Reuters)

Dezembro pode ter cobrança adicional

São Paulo – Um atraso no início do período de chuvas na região das hidrelétricas do Brasil pode levar as contas de luz a continuarem com cobranças adicionais em dezembro, geradas pelo acionamento das chamadas bandeiras tarifárias, disseram especialistas à Reuters ontem.

Os lagos das usinas hídricas, principal fonte de energia no País, costumam receber mais precipitações entre novembro e abril, mas uma hidrologia bastante desfavorável em outubro tem gerado expectativas negativas para a reta final do ano.

As chuvas até o momento neste mês representaram apenas 59% da média de longo prazo para o Sudeste, onde se concentram os maiores reservatórios, mostraram dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) ontem.

“Está bem atrasado o início do ‘período úmido’. Em outubro, geralmente, já é um mês em que chuvas começam a acontecer, e não verificamos isso. Está fechando como terceiro pior outubro da história, atrás só de 1954 e 1955, que fazem parte do chamado ‘período crítico’ no histórico desde 1931”, disse o presidente da Bolt Energias, Gustavo Ayala.

O cenário poderá levar à manutenção de cobranças extras nas tarifas elétricas em dezembro, mês que, no ano passado, teve bandeira verde, patamar que não gera custos adicionais.

Para novembro, o mecanismo tarifário ficará no patamar vermelho nível 1, que gera custo extra de R$ 4,169 para cada 100 quilowatts-hora consumidos, ante bandeira amarela em outubro deste ano e em novembro de 2018.

“Acreditamos que haverá uma recuperação, mas será bem tardia. A bandeira tarifária pode ficar em dezembro entre o patamar vermelho nível 1 e amarela, vai ficar no limiar. Vai depender um pouco de como vai ser o comportamento (das chuvas) na segunda quinzena de novembro”, disse o diretor comercial da Energética Comercializadora, Laudenir Pegorini.

Cenário – O recente clima seco tem feito com que os reservatórios hidrelétricos no Sudeste percam entre 0,3 e 0,4 ponto percentual em armazenamento por dia, um ritmo bastante significativo, disse o diretor de Gestão de Energia da Esfera Energia, Luiz Fernando Lorey.

“Outubro é sempre uma incógnita, por ser transição de período. Mas agora já se configura um outubro bem ruim e para novembro ainda não há sinais claros de que vai ‘molhar’, de que vai ter chuva, pelo menos nos próximos 15 dias está bem ruim”, afirmou.

Com o tempo bastante seco, as primeiras chuvas significativas que caírem na região das hidrelétricas deverão primeiro tornar o solo mais úmido, com o enchimento dos reservatórios demorando um pouco mais, disse a gerente de Estudos e Pesquisa da empresa de inteligência em energia MegaWhat, Juliana Chade.

“Os reservatórios devem começar a se elevar a partir de fevereiro, mais para fevereiro e março”, afirmou.

Ela ressaltou, no entanto, que a situação não gera riscos de oferta de energia, apesar do possível rebatimento em custos por meio das bandeiras tarifárias.

“Em anos anteriores, já tivemos afluências ainda menores e não houve esse risco, então acredito que não tenha nenhum risco de abastecimento”, acrescentou.

Ainda assim, os reservatórios hidrelétricos do Sudeste poderiam fechar dezembro com cerca de 20,6% da capacidade se não houver mudanças no atual cenário para as chuvas, segundo projeções da CCEE, o que superaria os 22,5% tocados em 2017, considerado pior ano do histórico em termos de armazenamento. (Reuters)

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