Indústria de bolsas em Minas terá de recorrer à criatividade para recuperar as vendas
10 de julho de 2021 às 0h24
Considerada um acessório fundamental para mulheres de todas as faixas etárias, as bolsas tiveram forte queda nas vendas em 2020. Com o isolamento social e a adoção de práticas como o home office e o estudo remoto, os empresários do setor terão que recorrer à criatividade para conseguir crescer 5% no segundo semestre de 2021.
A avaliação é de Celso Luiz Afonso da Silva, presidente do Sindicato Intermunicipal das Indústrias de Bolsas e Cintos de Minas Gerais (Sindibolsas-MG). Embora acredite que a reabertura do comércio e a autorização de eventos com até 600 pessoas em Belo Horizonte vá fomentar o setor, ele não está muito otimista.
“Com a reabertura do comércio e dos eventos, acreditamos que podemos crescer 5% em relação ao ano de 2019. Se crescermos o mesmo que o Produto Interno Bruto (PIB), já será muito bom. Ano passado foi um ano em que acumulamos muitas perdas”, afirmou.
Dono da grife “Cellso Afonso”, que está há 30 anos no mercado, o presidente do Sindibolsas-MG diz que os empresários que já atuavam com o e-commerce ou que se adaptaram rapidamente aos negócios virtuais conseguiram manter-se estáveis ou até crescer. “Mas muitos não conseguiram isso”, informou.
Outro fator que pode impulsionar as vendas é a agilização do processo de imunização da população mineira. “Com o avanço dessa situação, voltaremos à normalidade mais cedo. Acreditamos que depois de tanto tempo fechados em casa, as pessoas invistam em si mesmas”, afirmou.
O retorno da promoção das feiras de acessórios, consideradas eventos propulsores de vendas, é visto como outro fator que pode auxiliar o aumento das vendas. “Ao facilitar o contato com os fornecedores e os comerciantes, surgem novos modelos que acabam por se tornar objeto de desejo dos consumidores”, disse.
Criatividade e sustentabilidade
Apesar do otimismo ancorado pela reabertura do comércio e da autorização da realização de eventos, de acordo com o presidente do Sindibolsas-MG, Celso Luiz Afonso da Silva, o aumento dos insumos para a produção de bolsas e a alta do dólar podem prejudicar o crescimento do setor. “Essas situações abrem o mercado para o consumo de acessórios asiáticos de qualidade inferior”, explicou.
Outro problema foi o aumento do preço de algumas matérias-primas e a dificuldade em se encontrar materiais como o papelão e os utilizados na embalagem de bolsas e cintos.
Conforme Silva, para expandir as vendas para o verão, os empresários do segmento de fabricação de bolsas devem investir em linguagens mais autorais, usando materiais de qualidade, que sejam sustentáveis, agregando assim valor ao acessório como forma de tentar não repassar o aumento para os consumidores.
“Não podemos repassar integralmente os preços. Então, mantendo a qualidade, podemos substituir alguns materiais usando mais as palhas e fibras naturais, lona, algodão, seda, que são, inclusive, mais adequados ao verão”, afirmou.
Ainda conforme Silva, os consumidores, principalmente os mais novos, antes de comprar querem informações sobre a forma como determinado acessório foi produzido e sobre o compromisso dos fabricantes com a defesa do meio-ambiente.
“O couro, por exemplo, ao contrário do que alguns pensam, é sustentável. Ele é um material oriundo da indústria da alimentação .As tecnologias de tratamento e tingimento dessa matéria-prima hoje são não poluentes. São exigidas certificações para se trabalhar com este material”, informou.
Pele de Pirarucu
Dona da Equipage, a empresária Mariana Mourão também está apostando na utilização de materiais sustentáveis. Ela disse que as bolsas feitas com pele de Pirarucu, um grande peixe amazonense, têm feito bastante sucesso entre as consumidoras.
“A pele deste peixe está associada à sustentabilidade, ajudando a gerar renda em várias comunidades. Além disso, a forma de tingimento é especial. As bolsas feitas com este material absorvem mais as cores, são diferentes”, afirmou.
Para Mariana, muitos consumidores, ao diminuir as viagens internacionais, descobriram a qualidade dos produtos nacionais. “Nossos acessórios estão em condição de igualdade com os importados”, disse.
Mas para a empresária, é preciso ter cautela. Ela lembra que apesar da agilização da vacinação, a Covid-19 é uma doença nova.” Famosos como Ana Maria Braga, que já se vacinaram duas vezes, contraíram novamente essa doença. Acredito que o setor irá crescer conforme o andamento da epidemia. Se conseguirmos isso, 2022 será um sucesso”, afirmou.