Nucleares preveem ter autonomia em 2026

26 de julho de 2018 às 0h00

Rio de Janeiro – O planejamento estratégico da Indústrias Nucleares do Brasil (INB) para os próximos dez anos, desenvolvido em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV), prevê que a estatal terá autonomia financeira em 2026, quando não mais dependerá de recursos do Tesouro Nacional para sua operacionalidade. A informação foi dada ontem pelo presidente da INB, Reinaldo Gonzaga, durante palestra no primeiro dia do IX Seminário Internacional de Energia Nuclear. Gonzaga informou que, atualmente, a INB opera com uma dependência financeira do governo federal em torno de 34% a 35% do seu orçamento anual, recursos necessários para o pagamento da folha salarial, obrigações sociais e encargos. O faturamento anual da estatal gira em torno de R$ 600 milhões a R$ 700 milhões. O presidente da INB disse que o planejamento foi elaborado para equilibrar despesas e receitas. E, para chegar a essa equação, defendeu a necessidade de se colocar em operação, o mais rapidamente possível, a Unidade de Concentração de Urânio de Caetité, na Bahia, que está sem produzir há cerca de cinco anos. “Uma das premissas para se alcançar esse objetivo é exatamente parar de comprar urânio lá fora, e isso implica em ter que pôr a mina [de Caetité] novamente em operação, uma vez que ela está parada desde 2014. Quando a unidade estiver em operação, o que deverá acontecer até o fim deste ano, nós deixaremos de comprar urânio fora do País e, consequentemente, obteremos um melhor equilíbrio financeiro, além de gerar um excedente que pode levar o País a vir a exportar urânio”, avaliou. Gonzaga falou que a estatal trabalha no sentido de avançar com o programa desenvolvido com a Marinha do Brasil para enriquecimento de urânio. O programa, segundo ele, foi concebido para avançar em duas fases. “Nesta primeira fase, já em curso, nós estamos ainda na sexta etapa, mas, até o final de agosto, estaremos inaugurando a sétima etapa das 10 previstas”. Atualmente, o País compra no exterior todo o urânio consumido nas usinas de Angra I e II e também os componentes metálicos para a montagem do combustível, cujos custos são em euro. “Quando passarmos a nacionalizar esses componentes, a fazê-los aqui no Brasil, nós estaremos reduzindo ainda mais os custos de operação e isso também vai gerar mais equilíbrio financeiro”. A INB também diminuirá custos com a redução da sua folha de pagamento. “Aprovamos um programa de desligamento voluntário. Hoje, a nossa folha de pagamento está na faixa de R$ 310 milhões, com a implantação do PDV, nós estaremos retirando cerca de R$ 100 milhões dessa folha”. Mina de Caetité – Entre as muitas unidades da INB, a Unidade de Concentrado de Urânio de Caetité é destaque. Situada no município de Caetité (BA), inoperante desde 2014. Nela eram realizadas as duas primeiras etapas do ciclo do combustível nuclear: a mineração e o beneficiamento do minério, que resulta no produto chamado concentrado de urânio ou yellowcake. A unidade ocupa uma área de 1.700 hectares, localizada em uma província mineral com reservas que chegam a 110 mil toneladas de urânio e onde estão identificados mais de 38 depósitos do minério. Nos 16 anos em que esteve em operação, a INB Caetité produziu 3.750 toneladas de concentrado de urânio a partir da exploração a céu aberto de uma dessas jazidas – a mina Cachoeira. A avaliação do executivo é que, retomando gradativamente a atividade, a unidade deverá começar produzindo cerca de 70 toneladas de urânio, de uma capacidade de produção de 400 toneladas, “que deverá ser atingida já no ano que vem”.

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