Pequenos negócios fecham mais em MG

18 de junho de 2021 às 0h26

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Estudo também apontou que 45% dos entrevistados atribuíram à pandemia de Covid-19 a causa para o fim das atividades de seus empreendimentos | Crédito: Mara Bianchetti

A pandemia, o aumento do desemprego e a falta de capacitação de microempreendedores individuais (MEIs), microempresários e donos de pequenas empresas fizeram de Minas Gerais o estado brasileiro em que foi registrado maior mortalidade de pequenos negócios no País.  A constatação foi feita por pesquisa divulgada ontem pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

De acordo com Bárbara Castro, da Unidade de Inteligência Empresarial do Sebrae Minas, comparando-se os números dos pequenos negócios em todo o País abertos  no período entre 2015 e 2019, constatou-se que, em 2020, o maior número de empresas estabelecidas naquele intervalo que foram fechadas localizava-se em Minas Gerais.

“Pegamos dados da base da Receita Federal das empresas que tinham cinco anos completos de vida. Ligamos para as que foram abertas em 2015, em 2016, em 2017, 2018 e 2019. Constatamos que pelo menos 30% delas foram fechadas em 2020”. O  fenômeno, no entanto, não foi uma exclusividade mineira.

De acordo com Bárbara, o mesmo fenômeno foi observado no Distrito Federal e Rio Grande do Sul, que tiveram 29% das empresas abertas entre 2015 e 2019 fechadas, e Santa Catarina fechou 28% dos pequenos negócios abertos nesse período.

Feita esta constatação, a pesquisa prosseguiu. Segundo Bárbara, foram entrevistados 3000 MEIs, microempresários e pequenos empresários que tiveram seus negócios fechados em todo o País. Observou-se então que a maior parte das empresas fechadas foram as  MEIs  (29%), seguidas pelas microempresas (21,6%) e as empresas de pequeno porte (7%).

Ouça a avaliação de Bárbara Castro, da Unidade de Inteligência Empresarial do Sebrae Minas,

Pandemia – A pesquisa, segundo Bárbara, também revelou que 45% dos entrevistados atribuíram o fracasso do negócio à pandemia.  Pelo menos 17% admitiram não ter despendido tempo para estudar o mercado em que pretendia investir antes de abrir o empreendimento.

“Uma boa parte que também reconheceu não adotar nenhuma prática de boa gestão e capacitação. Não controlavam fluxo de caixa, não se capacitaram, não inovaram, não conheciam o mercado em que atuavam”, afirmou.

Neste cenário, dados da Receita Federal divulgados pelo Sebrae quando levado em conta a somatória de empresas do tipo MEI e dos Micro e Pequenos Empresários (MPEs) em  Minas, no ano passado, foram fechados 116.149 negócios, perdendo apenas para São Paulo, que fechou 271.736.

Comércio é setor mais impactado com fechamentos em Minas

O setor comercial foi o mais afetado. Pelo menos 30% das empresas fechadas em Minas tinham o comércio como ramo de negócios. “Os índices de confiança mostraram que, após o primeiro fechamento e reabertura, os comerciantes ficaram mais confiantes. Mas, após a segunda onda que os obrigou a fechar, muitos desanimaram, inclusive, nos shopping centers”, disse Bárbara Castro, da Unidade de Inteligência Empresarial do Sebrae Minas.

De acordo com Bárbara Castro, entre janeiro e o último dia 16 de junho de 2021, foram fechados 41.555 negócios de pequeno porte em Minas. Mas, neste mesmo período, mais de 53 mil empresas foram abertas no Estado. “As empresas fecham e outras são abertas no lugar. Isso explica a procura de aluguéis e vendas de imóveis comerciais no hipercentro e em bairros, por exemplo”, explicou.

Para a especialista, a vitalidade dos negócios depende de algumas variáveis. “É preciso ter este olhar atento para o que está acontecendo no seu ambiente de negócios. Tente se capacitar a gerir seu empreendimento, invista em inovação de produtos e serviços. Tudo isso ajuda a manter a saúde de seu negócio”, afirmou.

Outras razões – Mas para pequenos empresários que fecharam seu negócio, outros motivos também pesaram. Sócia de uma pizzaria em um shopping de Lagoa Santa, Kênia Maciel Aguiar Melo, 46 anos, disse ter ficado muito desgastada com os constantes fechamentos e reaberturas das empresas.

Como seu marido conseguiu um bom emprego, eles acharam melhor passar o ponto. “Não tínhamos final de semana, trabalh=ávamos muito e não estava compensando. Hoje, voltei à minha profissão, sou fisioterapeuta e estou dando poucas aulas de Pilates como autônoma”.

Já a jornalista Raquel Santiago, que trabalhava na assessoria de imprensa de um hospital e mantinha sua empresa de comunicação em meio horário, acabou por fechar sua MEI este ano quando conseguiu um emprego melhor. “Abri minha MEI em maio do ano passado e fechei este ano. Meu marido é professor, teve suas aulas diminuídas e achamos melhor agir dessa maneira”, afirmou.

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